sábado, 6 de setembro de 2025

Mino Carta, Veríssimo e Jaguar: a resistência ao banal

Foto: Reprodução/ilustração

Artigo compartilhado do site RADAR SERGIPE, de 6 de setembro de 2025

Mino Carta, Veríssimo e Jaguar: a resistência ao banal
Por Luiz Eduardo Oliva *

Não há lugar comum mais óbvio que aquele que diz “uma perda irreparável” quando morre uma pessoa – principalmente as famosas. Óbvio porque todas as mortes são perdas irreparáveis. Mas o sentido por trás da máxima é alertar para as credenciais do morto que, pela contribuição ao seu tempo, deixa imensa lacuna. 

Nessa última quinzena, o país viu perder três grandes nomes ligados à cultura jornalística: o cartunista Jaguar, o refinado cronista Luís Fernando Veríssimo e o jornalista Mino Carta. Contemporâneos de época (nonagenários, por assim dizer - Veríssimo aos 88 anos) tinham em comum a luta permanente pela democracia, a coragem de enfrentar establishment, e o talento de nos fazer advertir e deleitarmos com as suas criações.

Veríssimo foi considerado talvez a melhor do seu tempo no gênero crônica. Unia o estilo elegante da escrita com a inventividade de personagens ricos, o humor ácido sem ser agressivo. Jaguar foi senão o maior cartunista brasileiro, certamente o mais longevo. Seu traço rápido, diálogos curtos e mordaz e o estilo incomparável. Criou o “Pasquim” que fazendo escola, foi o pai dos jornais alternativos e pautou com humor e a boa crítica, a cultura brasileira do final dos anos 60 até os anos 80. 

Mino Carta foi o mais profícuo editor brasileiro (embora nascido em Gênova, na Itália), responsável pela criação de três dentre as principais revistas no período já citado: Veja, IstoÉ e CartaCapital. Os textos de Mino eram permanente advertência, seja no combate ao arbítrio, seja no alertar sobre os perigos que rodeiam a democracia, como esses que vivemos atualmente.

Embora tempos conturbados, a geração dos três legou ao Brasil um punhado rico de homens e mulheres que através do talento e da divina vigilância contra a estupidez, nos faz lembrar Belchior quando disse: “nossos ídolos ainda são os mesmos...”. Mas, porque é cíclico, estão partindo, embora deixando-nos a herança de um legado que diz o quanto lutar – com o traço, a música e as palavras - é necessário.

A mediocridade teima em triunfar. Junto com ela o dissimular criminoso de quem quer viver compactuando com o arbítrio. O teatrólogo e poeta alemão Bertold Brecht cunhou uma frase lapidar: “Aquele que não conhece a verdade é estúpido e só. Mas aquele que a conhece e a renega é criminoso”.  Vive-se tempos em que em nome da verdade se propaga as maiores dissimulações.

Nomes como os de Jaguar, Luiz Fernando Veríssimo e Mino Carta já estão a fazer imensa falta e seriam, no simbolismo da frase que inicia esse artigo, “perdas irreparáveis” não fosse o imenso legado que nos deixam. Jaguar, Veríssimo e Mino, três guardiões da resistência ao banal, três luminares que lançaram luzes em tempos tão sombrios.

* O articulista Luiz Eduardo Oliva, é advogado, professor, poeta, e membro das Academias Sergipana de Letras Jurídicas e Riachãoense de Letras, Artes e Cultura.

Texto e imagem reproduzidos do site: radarse com br

sexta-feira, 5 de setembro de 2025

Jornalista Giovani Allievi morre em Aracaju

Foto: arquivo familiar

Publicado originalmente no site DESTAQUE NOTÍCIAS, em 5 de setembro de 2025

Jornalista Giovani Allievi morre em Aracaju

Giovani Allievi foi secretário de Comunicação da Prefeitura de Aracaju

O jornalista Giovani Alievi morreu em Aracaju nessa quinta-feira (04) à noite. O comunicador foi encontrado já sem vida no apartamento onde morava sozinho. A família acredita em mal subido, porém como ele já estava morto quando a filha chegou, o corpo foi levado para o Instituto Médico Legal para ser necropsiado e depois liberado. Ainda não foram definidos os locais do velório e da cremação.

Enrico Giovani Allievi tinha 75 anos e, entre outros veículos de comunicação, trabalhou como redator do Correio de Sergipe e na diretoria de imprensa da Assembleia Legislativa de Sergipe. Também foi secretário de Comunicação da Prefeitura de Aracaju na gestão do ex-prefeito Almeida Lima. A última atuação de Allievi como jornalista foi na assessoria de comunicação da empresa Sergás.

O ex-prefeito Almeida Lima lamentou a morte de Giovani Allievi, “amigo e jornalista que me prestou relevantes serviços, e ao povo de Aracaju como secretário de Comunicação, por ocasião em que fui prefeito. Aos seus familiares o meu testemunho de sua dignidade e a gratidão por ter bem servido a mim e ao povo de Aracaju”, escreveu o ex-gestor.

Texto e imagem reproduzidos do site: www destaquenoticias com br

quarta-feira, 3 de setembro de 2025

Memória & Poder > Entrevista Mino Carta (2002)

Mino Carta (1933 - 2025)

Publicação compartilhada do site da ABI, de 2 de setembro de 2025

Morre Mino Carta, o jornalista que desafiou o poder e transformou a imprensa brasileira

Da Carta Capital, com informações da Agência Brasil

O jornalista Mino Carta morreu nesta terça-feira 2, aos 91 anos. Há um ano, Mino lutava contra os problemas de saúde, em idas-e-vindas do hospital. Na última passagem, estava havia duas semanas na UTI do Sírio-Libanês, em São Paulo.

A trajetória de Mino Carta se confunde com a história do jornalismo contemporâneo do Brasil. Aos 27 anos, aceitou o convite de Victor Civita para dirigir uma nova revista da então nascente editora Abril, Quatro Rodas, mesmo sem saber dirigir nem diferenciar um Volkswagen de uma Mercedes, como se orgulhava em dizer. Descobriria ali o talento para criar e comandar algumas das publicações mais icônicas e influentes. Lançou as revistas Veja, em 1968, IstoÉ, em 1976 e CartaCapital, em 1994. Esteve à frente da equipe fundadora do Jornal da Tarde, em 1966, reconhecido pela modernidade na paginação e pela qualidade literária das reportagens que inspiraram gerações de jornalistas. Mesmo seu maior fracasso, o breve Jornal da República, de 1979, em parceria com o amigo e mentor Claudio Abramo e inspirado pelos ventos da abertura política, é um marco do jornalismo.

Durante toda a vida, a máquina Olivetti foi a sua maior companheira. Mino abominava as novas tecnologias e vaticinava: “Um dia, os computadores vão engolir as pessoas”. Em recente entrevista a Lira Neto, lamentou os efeitos da revolução tecnológica sobre o exercício da profissão: “Em lugar de praticar um jornalismo realmente ativo, na busca corajosa pela verdade, a imprensa está sendo engolida e escravizada pelas novas mídias”. Também estava desencantado em relação ao futuro do Brasil, graças à “permanência de um pensamento medieval representado pela Casa-Grande”. De maneira franca, admitiu ter perdido as esperanças. “Não há motivo para alimentá-la. De resto, meus mestres da filosofia, como [Baruch] Spinoza, recomendam: ‘Nem fé, nem medo’. É uma boa máxima. Fé em coisa nenhuma. Medo de nada”.

Nascido em Gênova, Mino Carta faz parte da terceira geração de jornalistas da família, tradição iniciada pelo avô materno Luigi Becherucci, diretor do jornal genovês Caffaro até perder o cargo em meio à perseguição fascista. Seu pai, Giannino, foi preso em abril de 1944 devido à ferrenha oposição ao regime de Benito Mussolini, mas conseguiu fugir dois meses depois, aproveitando-se de uma revolta entre os carcereiros. Logo após o término da Segunda Guerra, aceitou um convite para trabalhar no Brasil. Por intermédio do amigo Francisco Malgeri, conheceu o industrial italiano Francisco Matarazzo Júnior, que acabara de adquirir a maior parte das ações da Folha de São Paulo e o contratou para dirigir o jornal.

Ao chegar a São Paulo com a família, Giannino descobriu, no entanto, que o emprego não existia mais. Pela legislação nacional, Chiquinho, sucessor do pai no comando das Indústrias Matarazzo, estava proibido de assumir o controle de um veículo de comunicação brasileiro. Decidido a permanecer no Brasil por temer um novo conflito armado na Europa, Carta, também bom desenhista, virou-se com a produção de capas para os livros da editora Instituto Progresso Editorial (IPE), na qual Malgeri tinha participação societária.

A primeira experiência de Mino no jornalismo veio de maneira fortuita, quando mal completara 16 anos de idade. Em 1950, o pai recebeu de dois jornais italianos a encomenda de artigos sobre a Copa no Brasil. Ele aceitou, mas, como odiava futebol, perguntou ao filho se toparia escrever os textos em seu lugar. “Como pagavam bem, eu topei, pensando em mandar fazer um terno azul-marinho em um bom alfaiate, que eu tanto desejava para participar dignamente dos bailes de sábado. A partir daí, percebi que a felicidade não era tão cara e podia ser alcançada escrevendo”, rememorou em 2008, em uma entrevista ao portal da Associação Brasileira de Imprensa.

O gênio por trás das revistas

Depois de abandonar o curso de Direito no Largo São Francisco, Mino retornou em 1956, em companhia da família, à Itália, onde passou a trabalhar na Gazetta del Popolo, de Turim. Também atuou como correspondente dos brasileiros Diário de Notícias e Mundo Ilustrado. Pouco depois, seu pai regressaria ao Brasil para assumir a editoria internacional de O Estado de S. Paulo. Na sequência, seu irmão, Luigi, aceitaria um convite de Victor Civita para trabalhar na Abril e, em pouco tempo, assumiria um cargo de direção na editora. Por insistência de Luiz, Mino aceitou liderar a equipe responsável por tirar do papel, em 1960, a versão brasileira da revista Quattroruote, de estrondoso sucesso na Itália. Sob seu comando, despontaram nomes incontornáveis do jornalismo brasileiro, entre eles José Hamilton Ribeiro e Paulo Patarra, que mais tarde o acompanhariam na fundação de Veja.

Com fartos anúncios da indústria automobilística, em plena ascensão, a Quatro Rodas obteve rápido sucesso. A experiência despertou a atenção de Júlio Mesquita Neto, diretor do Estadão, que convidou Mino a assumir a edição de Esportes, fechada nas noites de domingo, com uma inovadora aparelhagem de telefoto, que permitia a transmissão de textos e e fotografias pelo telefone. Com uma linguagem leve, oposta ao estilo sisudo do diário da família Mesquita, o semanário esportivo também inovou na diagramação, com fotos grandes e bonitas, e serviu de laboratório para o lançamento do Jornal da Tarde, igualmente revolucionário.

Ao retornar à editora Abril para lançar Veja, Mino convocou vários dos profissionais que estiveram a seu lado no Jornal da Tarde, como Fernando Mitre, atual diretor da Band, e Nirlando Beirão, editor e colunista CartaCapital até sua morte, em 2020. O convite de Civita para criar uma news magazine de inspiração norte-americana veio em 1967. Diante do desafio de fazer jornalismo político em plena ditadura, Mino impôs uma condição para participar do projeto, como afirmou em numerosas ocasiões: “Só aceitaria o convite se os donos da Abril, uma vez definida a fórmula da publicação, se portassem como leitores a cada edição, passível de discussão, mas a posteriori, quer dizer, quando já nas bancas”. O acordo foi aceito pelos patrões e vigorou até a sua demissão, em 1976.

Fora de Veja, a convite do amigo Cláudio Abramo, então diretor de redação da Folha de S. Paulo, passou a assinar uma coluna na página 2 do jornal. A temporada no diário da família Frias durou pouco, porque, logo em seguida, foi convidado a criar IstoÉ, fundada pela Editora Três, sociedade entre Domingo Alzugaray, Fabrizio Fasano e seu irmão Luiz Carta. Inicialmente mensal, a revista passou a ter periodicidade semanal e foi a primeira a publicar, em 1978, uma grande entrevista com Luiz Inácio Lula da Silva, líder em ascensão do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo.

A aventura do Jornal da República, em sociedade com Domingos Alzugaray, foi breve. Apesar de reunir um estrelado time, entre eles o jornalista Ricardo Kotscho e o artista gráfico Hélio de Almeida, o diário padeceu com a falta de anúncios e sobreviveu apenas cinco meses. “Não tínhamos reforços para fazer aquilo. Jornal sai todo dia, é um sorvedouro de dinheiro. É impossível comparar com uma publicação semanal”, disse à ABI. “Domingo retirou-se da parada, algumas pessoas me ajudavam, entre elas o Raymundo Faoro, que era um pensador – fundamental para entender o Brasil, aliás –, não um jornalista. Éramos seis donos da operação, mas um bando de pobretões. Até aparecer um anjo, o Fernando Moreira Salles, filho do Walther, que se dispôs a tapar o buraco do jornal e ficar com a revista. Acabamos perdendo os dois”.

Moreira Salles comprou a IstoÉ em 1981. Mino voltaria a trabalhar com Alzugaray na revista Senhor, desta vez como empregado. Nos anos 1980, comandou o programa “Cartão Vermelho”, na TV Bandeirantes, e “Jogo de Carta”, na TV Record. Retornaria à direção da IstoÉ, recomprada por Alzugaray, em 1988 e comandaria a publicação até 1993, após o impeachment de Fernando Collor, só possível pelas reportagens incontestáveis publicadas pela semanal, a começar pelas revelações do motorista Eriberto França.

A resistência em tempos de ditadura

Os problemas com a ditadura não tardaram a aparecer na vida de Mino Carta. Na primeira edição de Veja, de 11 de setembro de 1968, os militares ficaram irritados com a capa, ilustrada com uma foice e um martelo. “A matéria, escrita por mim, tratava das tensões por trás da Cortina de Ferro, como se dizia à época. A Tchecoslováquia, que tentava se libertar da dominação soviética, tinha sido invadida por tropas russas. No entanto, os milicos, de uma burrice sublime, não perceberam, na imagem da capa, a crítica implícita à violência de Moscou”, explicou a Lira Neto, autor do livro Mino Carta: Sem Fé nem Medo, recém-publicado pelo Centro de Memória do IREE.

Ainda naquele ano, a temperatura subiu com outra capa, a favor da Igreja Católica politicamente engajada, e com a cobertura do congresso da União Nacional dos Estudantes em Ibiúna, que resultou na prisão de vários estudantes, entre eles o jovem líder da entdade estudantil, José Dirceu.

No ano seguinte, sob o peso do AI-5, Veja voltou a enfurecer os militares com uma capa que apresentou 150 casos de tortura nas masmorras da ditadura, descritos de forma sucinta, e três casos contados em profundidade, fruto da investigação de uma equipe de oito repórteres liderada por Raymundo Rodrigues Pereira. A revista acabou apreendida nas bancas, mas levou outros veículos a pautarem o tema.  Na edição seguinte, em uma tentativa de driblar a censura, a publicação repercutiu o discurso do coronel Otávio Costa, responsável pela propaganda do regime, de que o novo ditador escolhido pela Junta Militar, Emílio Médici, estaria disposto a abrandar a repressão. A capa ostentava o ambíguo título “O presidente não admite tortura” – o fato de não admitir, está claro, não significa que ela não exista.

A revista passou a sofrer constante assédio dos agentes da repressão, que vez por outra batiam à porta da redação para abduzir críticos do regime em suas viaturas C-14. “Fui interrogado duas vezes pelo delegado [Sérgio] Fleury, que me ameaçava: ‘Se eu quiser, fecho sua revista’. Eu dizia: ‘Minha não, dos Civita’”, rememorou.

Na mesma entrevista a Lira Neto, a última, Mino falou ainda sobre sua relação com uma fonte graduada do regime, o general Golbery do Couto e Silva, de quem se tornou próximo. “Ele era contra a censura à imprensa, enfaticamente contra. Sua verdadeira função no governo era conter Geisel, que não desejava o processo de abertura, ao contrário dele”.

Golbery não conseguiu, porém, intervir quando Armando Falcão, ministro da Justiça, intensificou a censura na redação e exigiu a demissão do jornalista e dramaturgo Plínio Marcos. Preocupado com a demora na liberação de um empréstimo de 50 milhões de dólares da Caixa Econômica Federal para ampliar a editora, Civita estava disposto a fazer esta e outras concessões aos militares.  Mino recusou-se e pediu demissão, renunciando à indenização trabalhista a que teria direito. Em tom de galhofa, o jornalista costumava dizer que Cristo foi traído por 30 moedas de prata, mas sua cabeça “aparentemente valia um pouco mais”.

Mino dizia ter sido obrigado a criar os seus próprios empregos desde a saída de Veja. CartaCapital, concebida por meia dúzia de companheiros de longa data em sua sala de estar, foi a última empreitada. Inicialmente mensal, sob o guarda-chuva da Carta Editorial, comandada pelo sobrinho Andrea, a revista se tornaria quinzenal em 1996 e semanal em 2001.

Com um ponto-de-vista diferente, em contraposição ao pensamento único dominante na mídia, a publicação acaba de completar 31 anos. Algumas reportagens se tornaram emblemáticas, entre elas os grampos do BNDES, as negociatas do banqueiro Daniel Dantas, o racionamento de energia no governo Fernando Henrique Cardoso e as denúncias, antes da Vaza Jato, dos crimes cometidos pelo juiz Sergio Moro e a força-tarefa de Curitiba supostamente em nome do combate à corrupção.

O escritor

Mino sempre abominou a ideia de uma biografia, ainda mais de uma autobiografia. Recusou todas as sugestões e apelos para gravar as próprias memórias. Boa parte de sua história de vida e reminiscências da infância estão registradas nos três romances que, de em certa medida, formam uma trilogia: Castelo de Âmbar, de 2000, A Sombra do Silêncio, de 2003, e A Vida de Mat, de 2016. O último é o mais memorialístico e tem como mote a maneira como o jornalista entendia a existência. “Tudo é eterno e nada é”, escreveu. “A questão é o tempo, como sabemos, invenção do homem. Sinto que tudo na vida ocorre no mesmo momento, como se nascêssemos mortos”. O Brasil, de 2013, condensa sua visão ferina e arguta da história do País. Crônicas da Mooca (com a benção de San Gennaro) foi escrito “sem maiores pretensões, ditadas, porém, pelo sentimento e ilustradas pela objetiva do velho companheiro de aventuras”, Hélio Campos Mello.

Lula

O presidente Lula disse que, com a morte de Mino Carta, o Brasil perdeu seu melhor jornalista. Lula deixou a capital federal especialmente para participar do velório de Mino, que ocorreu no Cemitério São Paulo, no bairro de Pinheiros, na capital paulista. 

“É importante que a juventude saiba, se tem uma coisa que o Mino Carta é, é que ele é inegavelmente o melhor jornalista brasileiro de todo o século 20 e do começo do século 21”, disse o presidente após comparecer ao velório.

“Eu fiz questão de vir aqui porque é a despedida de um grande companheiro. E você sabe que a gente não escolhe irmão. A gente não escolhe nem pai, nem mãe. Agora, companheiro, a gente escolhe. E o Mino Carta foi um cara escolhido para ser meu companheiro nesses últimos 50 anos”, acrescentou o presidente.

O presidente lembrou da atitude de Mino quando o estampou na capa da Revista IstoÉ em 1978 – a primeira vez que Lula foi manchete principal de um grande veículo de imprensa, com o título Lula e os Trabalhadores do Brasil.

“Foi  gentileza do Mino Carta ter a disposição, em um momento importante do recomeço da luta dos trabalhadores, em fazer uma capa na IstoÉ que me ajudou e me colocou no cenário brasileiro da imprensa”, disse.

Texto e imagem reproduzidos do site: www abi org br

Morre Mino Carta

Artigo compartilhado do site PORTAL DOS JORNALISTAS, de 2 de setembro de 2025

Morre Mino Carta, referência na fundação e direção de grandes marcas do Jornalismo
Por Fernando Soares 

Mino Carta, fundador e diretor de Redação da CartaCapital, morreu na madrugada desta terça-feira (2/9), aos 91 anos, em São Paulo. Segundo a publicação, ele lutava há um ano contra problemas de saúde e entre idas e vindas estava internado há duas semanas na UTI do Sírio Libanês.

Nascido no ano de 1933 em Gênova, na Itália, Demetrio Carta, como era seu nome de batismo, fazia parte da terceira geração de jornalistas da família, tradição iniciada pelo avô materno Luigi Becherucci, diretor do jornal genovês Caffaro até perder o cargo em meio à perseguição fascista.

Seu pai, Giannino Carta, foi preso em abril de 1944 devido à ferrenha oposição ao regime de Benito Mussolini, mas conseguiu fugir dois meses depois, aproveitando-se de uma revolta entre os carcereiros. Logo após o término da Segunda Guerra, aceitou um convite para trabalhar no Brasil.

Mino iniciou sua carreira no jornalismo com apenas 16 anos, quando o pai recebeu de dois jornais italianos a encomenda de artigos sobre a Copa do Mundo no Brasil. Ele aceitou, mas, como odiava futebol, perguntou ao filho se toparia escrever os textos em seu lugar.

Mas apesar da vocação familiar, e do início precoce na profissão, no ano seguinte Mino ingressou na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Após cursar os primeiros anos, ele abandonou o curso e retornou à Itália com sua família onde passou a trabalhar na Gazetta del Popolo, de Turim, e como correspondente dos brasileiros Diário de Notícias e Mundo Ilustrado.

Pouco depois, seu pai regressaria ao Brasil para assumir a editoria internacional de O Estado de S. Paulo. Na sequência, seu irmão, Luigi, aceitaria um convite de Victor Civita para trabalhar na Abril, abrindo caminho para que em 1960 Mino fosse convidado para lançar a versão brasileira da revista Quattroruote, estrondoso sucesso na Itália.

Mesmo sem saber dirigir nem diferenciar um Volkswagen de uma Mercedes, como se orgulhava em dizer, descobriria ali o talento para criar e comandar algumas das publicações mais icônicas e influentes do Brasil. Nos anos seguintes, esteve à frente da equipe fundadora do Jornal da Tarde, em 1966, e das Veja, em 1968, IstoÉ, em 1976 e de sua CartaCapital, em 1994.

Por seu trabalho de destaque, recebeu diversos prêmios relevantes ao longo de sua carreira no Jornalismo, entre eles quatro prêmios Esso, incluindo os de Jornalismo e de Contribuição à Imprensa, um Vladimir Herzog, e o Prêmio Personalidade da Comunicação 2003. O mais recente de todos, porém, veio em junho, quando ao lado de Caco Barcellos foi condecorado com o Troféu Audálio Dantas – Indignação, Coragem e Esperança. Por estes feitos, ele figura entre os 100 jornalistas mais premiados da história, de acordo com a última edição do Ranking +Premiados da Imprensa Brasileira.

Em 2003, Mino Carta foi um dos entrevistados da série Protagonistas da Imprensa Brasileira, produzida por este Jornalistas&Cia e que em 2018 ganhou uma versão em e-book.

“Em meio ao autoritarismo do regime militar, as publicações que dirigia denunciavam o abuso dos poderosos e traziam a voz daqueles que clamavam pela liberdade”, declarou o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que decretou luto oficial de três dias em todo o país.

* Com informações da CartaCapital.

Texto e imagem reproduzidos do site: www portaldosjornalistas com br

terça-feira, 2 de setembro de 2025

“Entre o fígado e a alma”. A enorme falta que Mino Carta fará

Mino Carta: não existe jornalista neutro (Crédito: Divulgação)

Artigo compartilhado so site MANGUE JORNALISMO, de 2 de setembro de 2025

“Entre o fígado e a alma”. A enorme falta que Mino Carta fará
Por Romero Venâncio*, especial para a Mangue Jornalismo

A seção PONTO DE VISTA é um espaço que a Mangue Jornalismo abre para que pessoas possam expressar perspectivas que estimulem o interesse e o debate público. O artigo deve dialogar com os princípios da Mangue, entretanto ele não precisa representar necessariamente o ponto de vista da organização.

Um raro jornalista que viveu no Brasil. Mas foi além: pintor, romancista, polemista dos bons.

No jornalismo, marcou gerações e influenciou na forma e no conteúdo do exercício de trabalhar com comunicação. Não se trata de elogio vazio. Mino Carta pagou caro por esta maneira de praticar jornalismo. Foi perseguido, odiado, processado e caluniado.

Tinha uma histórica posição antifascista e tomou esta condição como princípio em seu jornalismo, mesmo quando trabalhou em jornais e revistas dos “barões das comunicações”.

Atravessou toda uma ditadura e viveu/sobreviveu de um ofício complicado que é o jornalismo e como bem disse numa entrevista: “militou desde sempre na imprensa”.

Era um homem afinado com as esquerdas, mas nunca escondeu seus elogios a figuras da direita que eram inteligentes. Poucos, mas existem e desempenharam papel importante no jogo da direita.

Mino Carta envelheceu como todo mundo. Na sua profissão, tinha dificuldades até com a televisão. Sua revista entrou na era digital, ele muito pouco. Honestamente dizia que não tinha “competência” para acompanhar. Defendia que jornalista tinha posição, nunca era neutro e quando afirmava que era neutro, era porque já tinha posição (geralmente em favor da “casa grande”).

Duas coisas que aprendi com Mino Carta: escrita não é só conteúdo, mas “forma”, estilo. E o papel da escravidão na formação presente deste Brasil.

Sobre a primeira, digo que Mino Carta foi uma espécie de professor: não dizia apenas que a escrita é conteúdo e forma, praticava. Seus textos chegavam a chatear muita gente pela maneira como citava para tornar mais elegante e para persuadir com suas ideias. Às vezes buscava na língua portuguesa termos inusuais para afirmar coisas graves. Era para ironia, pois sabia que não precisava desse recurso num tipo tão prosaico de jornalismo. Mas o fazia pela elegância e pela ironia.

No seu texto, a beleza da escrita se alinhava dialeticamente com a ironia da velhacaria dos “grandes” deste país. Como trabalhou tanto com os patrões do jornalismo brasileiro, percebeu o comportamento deles. Mapeou os trejeitos deles. Percebeu o ódio aos mais pobres que as classes dominantes sempre alimentaram e espelham como um fungo no tecido social. Abrigou grandes contradições pessoais com este estilo e seu conteúdo. Ninguém lida impunemente com as classes dominantes sem ser marcado por elas. Recomendo uma rara entrevista no programa Roda Viva da TV Cultura em 2000.

A segunda coisa que Mino Carta foi imenso aprendizado foi a sua leitura da escravidão na formação social do Brasil. Não trazia nenhuma novidade. Podemos ler tudo que ele dizia em Clóvis Moura ou Florestan Fernandes. Mas dentro do jornalismo (às vezes tão apequenado e pobre em historiografia), isto era digno de nota.

Para Mino Carta, as classes dominantes brasileiras são racista por herança escravista e por ódio a toda sorte de pobres. No Brasil não basta dominar, tem que humilhar. O curioso é que o que ele aprendeu sobre a escravidão no Brasil não foi com Florestan Fernandes (acredito que tenha lido, por certo!). Aprendeu muito com Machado de Assis. Foi leitor/seguidor do nosso Machado maior. Nos seus escritos e leituras sobre e com Machado de Assis, deixou uma série de pistas que poderia ser estudado pelas gerações futuras.

Uma coisa é certa: Mino Carta fará uma enorme falta.

Mino nasceu em Gênova, na Itália, em 1933, e morreu hoje (02/09) em São Paulo.

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* Romero Venâncio é graduado em Teologia pelo Instituto de Teologia do Recife (ITER), em Filosofia pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), mestre em Sociologia pela mesma universidade e doutorado Interinstitucional em Filosofia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). É professor de Filosofia na Universidade Federal de Sergipe (UFS) e presidente da Adufs (Sindicato das(os) Docentes da Universidade Federal de Sergipe).

Texto e imagem reproduzidos do site: manguejornalismo org

MINO CARTA (1933 - 2025)

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Morre o jornalista Mino Carta

Post compartilhado do Facebook/Rádio Bandeirantes, de 2 de setembro de 2025 

Morreu o jornalista Mino Carta, fundador e diretor de redação da CartaCapital, aos 91 anos, nesta terça-feira (2). Ao divulgar o óbito, a própria revista informou que a última passagem dele foi no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, internado há duas semanas, em decorrência de problemas de saúde não revelados.

Nascido em Gênova, Mino faz parte da terceira geração de jornalistas da família, tradição iniciada pelo avô materno Luigi Becherucci, diretor do jornal genovês Caffaro, até perder o cargo em meio à perseguição fascista. 

O pai de Mino foi preso em abril de 1944, devido à ferrenha oposição ao regime de Benito Mussolini, mas conseguiu fugir dois meses depois.

Logo após o término da Segunda Guerra, aceitou um convite para trabalhar no Brasil. Por intermédio do amigo Francisco Malgeri, conheceu o industrial italiano Francisco Matarazzo Júnior, que acabara de adquirir a maior parte das ações da Folha de S. Paulo e o contratou para dirigir o jornal.

Aos 27 anos, Mino aceitou o convite para dirigir uma nova revista, a Quatro Rodas. Lançou as revistas Veja, em 1968, IstoÉ, em 1976, e CartaCapital, em 1994. Esteve à frente da equipe fundadora do Jornal da Tarde, em 1966, reconhecido pela modernidade na paginação e pela qualidade literária das reportagens que inspiraram gerações de jornalistas. 

Mino também é doutor honoris causa pela Faculdade Cásper Líbero, uma das principais escolas de jornalismo do Brasil. Em novembro de 2006, recebeu o prêmio de Jornalista Brasileiro de Maior Destaque no Ano, da Associação dos Correspondentes da Imprensa Estrangeira no Brasil-AClE.

Texto e imagem compartilhados do facebook/Rádio Bandeirantes

Morre Mino Carta, jornalista e fundador da Carta Capital

Publicação compartilhada do site G1 GLOBO SP, 2 de setembro de 2025 

Mino Carta, jornalista e fundador da Carta Capital, morre aos 91 anos em SP

Diretor de redação da revista faleceu nesta terça (2) no Hospital Sírio-Libanês, na capital paulista. Segundo a revista, ele 'lutava contra problemas de saúde'.

Por Redação g1 SP — São Paulo

O fundador e diretor de redação da revista Carta Capital, o jornalista Mino Carta, morreu nesta terça-feira (2) em São Paulo. Segundo a publicação, ele tinha 91 anos e "lutava contra os problemas de saúde, em idas-e-vindas do hospital".

Mino Carta faleceu no Hospital Sírio-Libanês, onde nas duas últimas semanas esteve internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Segundo amigos do jornalista disseram à GloboNews, o velório começará às 12h desta terça no Cemitério São Paulo, em Pinheiros, Zona Oeste da capital.

A morte de Mino Carta foi confirmada às 5h59 pela revista que ele criou. A Carta Capital informou no seu site oficial e em suas redes sociais que a trajetória de seu fundador se confunde com a história do jornalismo brasileiro.

Nascido em Gênova, na Itália, o jornalista criou e dirigiu algumas das revistas mais influentes do país, como Quatro Rodas, lançada em 1960, Veja (1968), Isto É (1976) e Carta Capital (1994).

Também esteve à frente do Jornal da Tarde, criado em 1966, considerado revolucionário pela linguagem e diagramação.

A publicação lembra que até mesmo o maior fracasso de Mino, o Jornal da República, de 1979, em meio à abertura política, é visto como marco da imprensa nacional. Ao longo da carreira, enfrentou embates com a ditadura militar, especialmente quando a Veja publicou denúncias de tortura, o que resultou em censura e pressões.

Em entrevistas recentes, Mino demonstrava desencanto com a política brasileira e criticava os impactos da tecnologia sobre o jornalismo, afirmando que a imprensa estava “escravizada pelas novas mídias”.

De acordo com a Carta Capital, o jornalista dizia que sua maior realização foi a própria revista que fundou em 1994, construída sobre três pilares: fidelidade aos fatos, espírito crítico e fiscalização do poder. A publicação completou 31 anos em 2025.

Além da carreira editorial, Mino se dedicou à literatura, com romances como Castelo de Âmbar (2000), A Sombra do Silêncio (2003) e A Vida de Mat (2016), que misturam memórias pessoais e reflexões filosóficas.

Amizade com o presidente Lula

Ao criar a revista Isto É, o jornalista estreitou as relações com o então metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao publicar a primeira grande entrevista com o líder sindical em 1978. Na época, Lula presidia o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista.

Desde então, Mino Carta e Lula nutriram uma relação de profunda amizade. O último encontro público deles aconteceu em São Paulo, em junho do ano passado, e foi registrado pela assessoria de imprensa da Presidência da República (veja foto abaixo).

Por meio de nota, Lula se disse muito triste com a morte do amigo e relembrou a relação de mais de 50 anos entre os dois. O presidente brasileiro afirmou que "Mino foi – e sempre será – uma referência para o jornalismo brasileiro por sua coragem, espírito crítico e compromisso com um país justo e igualitário para todos os brasileiros e brasileiras".

"Recebi com muita tristeza a notícia da morte de meu amigo Mino Carta, ocorrida na madrugada deste 2 de setembro. Ele fez história no jornalismo brasileiro: criou e dirigiu algumas de nossas principais revistas (Veja, Isto é, Quatro Rodas, Carta Capital, Jornal da Tarde, Jornal da República) e formou gerações de profissionais e, sobretudo, mostrou que a imprensa livre e a democracia andam de mãos dadas. Em meio ao autoritarismo do regime militar, as publicações que dirigia denunciavam o abuso dos poderosos e traziam a voz daqueles que clamavam pela liberdade", escreveu o presidente.

"Conheci Mino há quase cinquenta anos, quando ele, pela primeira vez, deu destaque nas revistas semanais para as lutas que nós, trabalhadores reunidos no movimento sindical, estávamos fazendo por melhores condições de vida, por justiça social e democracia. Foi ele quem abriu espaço para minha primeira capa de revista, na Istoé, em 1978. Desde então, nossas trajetórias seguiram se cruzando. Eu, como liderança política, ele, como um jornalista que, sem abdicar de sua independência, soube registrar as mudanças do Brasil. Vivemos juntos a redemocratização, as Diretas Já, as eleições presidenciais e as grandes transformações sociais das últimas décadas", declarou o petista.

E emendou: "Estas décadas de convivência me dão a certeza de que Mino foi – e sempre será – uma referência para o jornalismo brasileiro por sua coragem, espírito crítico e compromisso com um país justo e igualitário para todos os brasileiros e brasileiras. Se hoje vivemos em uma democracia sólida, se hoje nossas instituições conseguem vencer as ameaças autoritárias, muito disso se deve ao trabalho deste verdadeiro humanista, das publicações que dirigiu e dos profissionais que ele formou. À sua filha Manuela e a todos os seus familiares e os inúmeros amigos que construiu ao longo de sua vida, deixo um forte e carinhoso abraço".

O Palácio do Planalto anunciou que Lula deve vir a São Paulo nesta terça-feira (2) para o velório e as despedidas finais à Mino Carta.

Outras repercussões

O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) também publicou uma mensagem nas redes sociais lamentando o falecimento do jornalista.

"O Brasil perdeu hoje um de seus maiores jornalistas. Mino Carta dedicou toda sua vida à criação e ao desenvolvimento de publicações que fizeram história na imprensa brasileira, dando voz à defesa dos valores democráticos. Que seu exemplo siga inspirando as novas gerações de jornalistas", disse Alckmin na rede social X.

Texto e imagens reproduzidos do site: g1 globo com sp

segunda-feira, 25 de agosto de 2025

Morre um dos ícones de uma geração do humor: Jaguar

Longevo, ele estava com 93 anos (Divulgação)

Publicação compartilhada do site do JORNAL DO BRASIL, de 24 de agosto de 2025 

Morre um dos ícones de uma geração do humor: Jaguar

O artista estava internado no Hospital Copa D’Or, onde tratava de pneumonia

Por CADERNO B com Revista Fórum

redacao@jb.com.br

Por Marcelo Hailer - O cartunista Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe, conhecido como Jaguar, morreu neste domingo (24) aos 93 anos. Ele estava internado no Hospital Copa D’Or, onde recebia tratamento para pneumonia. A informação foi confirmada por familiares.

Trajetória

Jaguar, pseudônimo de Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe (Rio de Janeiro, 29 de fevereiro de 1932 – 24 de agosto de 2025), foi um dos cartunistas mais influentes do Brasil. Tornou-se conhecido nacionalmente como um dos fundadores do jornal satírico alternativo O Pasquim, em 1969, publicação que marcou a imprensa brasileira durante a ditadura militar.

Sérgio Jaguaribe iniciou sua carreira em 1952 na revista Manchete, quando, por influência do cartunista Borjalo, passou a assinar apenas como Jaguar. Na mesma época, trabalhava no Banco do Brasil sob a supervisão de Sérgio Porto, que o incentivou a manter o emprego enquanto desenvolvia sua carreira no humorismo.

Na década de 1960, consolidou-se como um dos principais cartunistas da revista Senhor, colaborando também com a Revista Civilização Brasileira, a Revista da Semana, o semanário Pif-Paf e os jornais Última Hora e Tribuna da Imprensa. Em 1968, lançou sua primeira coleção de charges, Átila, você é bárbaro. No ano seguinte, fundou O Pasquim ao lado de Tarso de Castro e Sérgio Cabral, sendo o único a permanecer na publicação até o encerramento, em 1991, quando passou a editar o jornal A Notícia.

Ao longo de sua carreira, Jaguar realizou trabalhos marcantes que atravessaram gerações. Em 2013, produziu uma charge reunindo personagens da Turma da Mônica e da Sig para celebrar, respectivamente, os cinquenta e os quarenta e nove anos das duas criações. Além disso, manteve-se como um crítico atento da política e da sociedade brasileira, com sua obra reconhecida por ironia, acidez e relevância cultural.

Durante o período da ditadura militar, Jaguar foi preso por três meses em 1970, sendo libertado no réveillon daquele ano. Em 5 de abril de 2008, ele e outros vinte jornalistas perseguidos durante o regime tiveram seus processos de anistia aprovados pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, reconhecendo formalmente as perseguições sofridas.

Em 2016, após 30 anos de atuação, foi demitido do jornal O Dia, encerrando um ciclo duradouro na imprensa carioca. Até seus últimos anos, Jaguar continuou ativo na produção de charges e no comentário crítico da sociedade, deixando um legado indelével para a história do jornalismo e da caricatura no Brasil. 

Texto e imagem reprroduzidos do site: www jb com br/cadernob

domingo, 24 de agosto de 2025

Imprensa Oficial de Sergipe celebra 130 anos








Fotos: Erick O'Hara

Artigo compartilhado do site GOVERNO DE SERGIPE, de 24 de Agosto de 2025 

Imprensa Oficial de Sergipe celebra 130 anos de registro dos atos do Governo do Estado

Por meio do Diário Oficial, órgão documenta resoluções e ações da esfera pública estadual

Neste domingo, 24, a Imprensa Oficial de Sergipe (Iose) completa 130 anos. Já no próximo 1º de setembro, o estado celebra o marco efetivo da circulação do primeiro Diário Oficial (DO) de Sergipe, ocorrido em 1895. Ao longo desses anos, o órgão e a publicação têm ajudado a documentar os atos oficiais do Governo do Estado, assim como fatos e interesses do povo sergipano.

O governador Fábio Mitidieri explica que o veículo de comunicação oficial do governo contribui para a transparência e a legalidade da administração. "A Imprensa Oficial, por meio do Diário Oficial, leva os atos do governo à toda a população, mas não só isso. Ela também representa a história de Sergipe, registrada em Leis, Atos, Decretos e publicações, por mais de um século. Por meio dela, nossa história e tradição estão documentadas e isso precisa ser valorizado”, destaca.

Para o diretor-presidente da Iose, Francisco Gualberto, a empresa cumpre o importante papel de guardar e disponibilizar a história do Estado para a população. “Quando não temos nossa história preservada, fica difícil comparar o presente e projetar o futuro porque se perde o parâmetro. Portanto, esse aspecto, por si só, reveste-se de grande importância”, ressalta. Outro aspecto destacado por ele é que a Imprensa Oficial é a casa da fé pública, pois, quando o governador do Estado sanciona uma lei, ela é finalizada com a publicação no Diário Oficial. “Ou seja, essa lei passa a ter valor ou fé pública a partir da publicação no Diário Oficial. Isso vale para as ações de governo, decretos, leis e outras decisões, mas, também, para muitas questões da iniciativa privada”, reforça.

Em seus 130 anos, a Imprensa Oficial de Sergipe passou por modernizações, com foco em tornar cada vez mais seguro e acessível seu conteúdo. “Recentemente, modernizamos todos os equipamentos relacionados à publicação do Diário Oficial. Hoje, temos equipamentos modernos, com tecnologia avançada, para que o diário seja o mais perfeito possível”, diz Francisco Gualberto. O diretor acrescenta que a Iose tem, também, um contrato com uma empresa que fornece o software mais moderno da área, incluindo um software reserva, “o que garante a qualidade e nos dá segurança quanto à publicação”, assegura.

Desde 2023, o DO passou a disponibilizar, também, alguns dos principais conteúdos jornalísticos diários produzidos pela Comunicação do Estado, contextualizando as ações do Estado em prol dos sergipanos, como destaca o secretário de Estado da Comunicação Social, Cleon Nascimento. “Buscamos deixar o Diário Oficial mais dinâmico e informativo, inserindo, nas duas primeiras páginas, as principais notícias do dia, para aproximar ainda mais a população da atuação do governo. Além de ser um veículo essencial para a transparência da gestão pública no presente, o DO se consolidou como um documento de grande valor histórico, preservando a memória e os registros oficiais do Estado”, destaca. 

Assinatura eletrônica e editora

Além da publicação do Diário Oficial do Estado, a Iose é responsável pela Editora Diário Oficial de Sergipe (Edise) e oferta o serviço de Registro de Certificação Digital. “A maioria dos ambientes públicos e privados, atualmente, não trabalha mais apenas com assinatura de base física e, sim, com assinatura eletrônica. Temos um software de qualidade para  assinatura eletrônica, inclusive para a iniciativa privada, com menor preço”, garante Gualberto, ao informar que o serviço é muito solicitado por advogados, médicos, gestores e outros profissionais tanto da iniciativa pública quanto da privada. 

Já a Edise, inaugurada em 2009, tem a missão de levar o leitor a aproximar-se da cultura sergipana, por meio de obras escritas, principalmente, por autores locais, as quais exibem os costumes e as crenças dos sergipanos, além de publicar livros de personalidades que contribuíram para a história de Sergipe e do país. A Editora Diário Oficial de Sergipe também é responsável pela revista Caçuá, desde 2023, e, anteriormente, pela circulação da Cumbuca, publicações voltadas a aspectos culturais do estado, com textos e imagens que englobam música, dança, literatura, teatro, folclore e várias outras vertentes da cena cultural sergipana.  

História

A história da Imprensa Oficial de Sergipe tem início a partir da Lei 106, de 5 de dezembro de 1894, quando o presidente do Estado, Manoel Prisciliano de Oliveira Valladão, vê a necessidade, no início da República, de publicizar oficialmente os atos da presidência. A lei deu a garantia de aquisição da tipografia, que daria início a impressão do Diário Oficial e foi sancionada em 24 de agosto de 1895. Já em 1º de setembro daquele ano aconteceu a circulação do primeiro Diário Oficial de Sergipe, criando, oficialmente, a Imprensa Oficial sergipana. 

Segundo a historiadora Edna Matos, a criação da Imprensa Oficial de Sergipe acontece em um momento em que, tanto nacional quanto localmente, o sistema republicano, após a crise da Monarquia, tentava se institucionalizar e se adequar para que o Brasil entrasse numa era de desenvolvimento capitalista. Esse movimento repercute, também, em Sergipe, uma vez que, nas décadas anteriores, já havia no estado grupos e jornais que discutiam as ideias republicanas e clamavam por reformas. “Em Sergipe, considerava-se que muitas coisas estavam atrasadas e precisavam de modernização. Entre essas dimensões, estava, ainda, a imprensa. A criação do Diário Oficial expressa o desejo de também modernizar a forma como o poder se comunicava com a sociedade”, explana.

A pesquisadora pontua que o órgão de imprensa oficial divulgava ações, acontecimentos e opiniões, que ajudaram a consolidar o regime republicano em terras sergipanas. “Era uma forma de imprensa mais organizada, mais profissionalizada, com características capitalistas, que, por ser a porta das mensagens, dos interesses e da modelagem política do Estado republicano, tinha exatamente essa missão e perfil. E foi fundamental, trazia informações sobre agricultura, economia, impostos e, também, muitas notícias de outras partes do país, ou seja, não era um órgão apenas da divulgação do que estava acontecendo internamente no Estado e foi extremamente importante por ser um veículo de informações, notícias e conhecimentos muito amplo”, contextualiza.

Texto e imagens reproduzidos do site: www se gov br/noticias

segunda-feira, 4 de agosto de 2025

'A agonia da grande reportagem', por Luciano Correia

Joel Silveira conversando com Luciano Correia

Artigo compartilhado do site SÓ SERGIPE, de 31 de julho de 2025 

Mídia, Cultura e Ebulições

A agonia da grande reportagem
Por Luciano Correia (*)

No mundo inteiro o jornalismo vive uma fase de precarização, dos salários ao faturamento das empresas, perdendo relevância com a substituição do lugar da notícia pelas narrativas, produzidas e turbinadas por gente de fora do circuito, os tais influencers. O problema aqui não é o espírito corporativista contra invasões de terceiros. Influencer, essa categoria amorfa e imprecisa, não tem compromisso com os protocolos do jornalismo, o rigor técnico na apuração dos fatos e uma moral regida pela ética. E se ética parecer um conceito abstrato, vai uma definição de corpus bem conceituado: o código de ética do jornalismo.

Influencer, de maneira geral, nem sabe o que é isso, e está menos ainda preocupado com essa conversa sobre ética, que lhe parece cosmética, perfumaria pura para dourar o discurso do jornalismo chamado de profissional. Jornalista não: pode ser raso na forma e no conteúdo, fraco no texto e medíocre na visão do mundo, mas passou pelo domínio de uma ferramenta tão fabulosa quanto o soro caseiro. Me refiro à linguagem jornalística, esse conjunto de regras simples, portanto não muito complexo, que através de um conceito chamado de lead dá conta da narração de um fato com a integridade mínima para informar num parágrafo de cinco linhas.

Isso nem todos dominam. Os advogados, por exemplo, alguns cultos, intelectuais refinados e muitas vezes oradores brilhantes, nem sempre conseguem dar conta de uma simples notícia factual. O jornalismo mais antigo, de antes do diploma, acusava dezenas e centenas de advogados em redações no país inteiro. Muitos, de fato, dominaram a linguagem objetiva do jornalismo, outros se perdiam numa peroração retórica de textos palavrosos. Ou, como dizia Caetano: demasiadas palavras, fraco impulso de vida.

Essas reflexões me vieram à mente a propósito da exibição, essa semana, na disciplina de Jornalismo Especializado, do documentário Garrafas ao Mar: a Víbora Manda Lembranças, do grande jornalista Geneton Moraes Neto.  O filme é uma robusta aula de Jornalismo, baseada na trajetória daquele que é considerado o maior repórter da história da imprensa no Brasil, Joel Silveira. Para sorte dos sergipanos, tão carentes de homens notáveis, além dos políticos medalhados que frequentam banquetes nos salões da Corte, em Brasília. Joel é nascido em Lagarto, criado em Aracaju, onde viveu até os 18 anos.

O documentário apresenta o resultado de vinte anos de trabalho de Geneton em entrevistas e conversas com Joel, de quem se tornou, além de amigo, parceiro em um livro, pelo menos. A Víbora, apelido dado por Assis Chateaubriand, o todo poderoso dono dos Diários Associados e da Rede Tupi de Televisão, destila sua fumegante verve contra a mediocridade vigente na política, na imprensa e na sociedade de forma geral, contra os defensores da neutralidade jornalística, que Nelson Rodrigues chamou de “idiotas da objetividade”.

Conta, por exemplo, da solidão que sofreu na Aracaju dos anos 80, quando voltou a viver aqui, a convite do governo do Estado, para ocupar a Secretaria da Cultura. Segundo ele, a aridez da cidade era tanta que só tinha uma pessoa com quem podia conversar, o então arcebispo Dom Luciano Cabral Duarte. “Ele era culto, cultíssimo, e a gente tinha um acordo: nem eu falava de mulheres, nem ele falava de Deus”, relembra Joel, que em outras entrevistas confessou que os assuntos discutidos versavam de música (clássica, evidentemente), literatura e filosofia.

Formado em jornalismo há pouco tempo, e ainda exercendo minha tola fúria na então alternativa e vibrante Folha da Praia, fiz a besteira que me acompanhou por quase toda minha vida: comprar pra mim a briga dos outros. Do nada, cutuquei a serpente com vara curta e recebi de volta um assustador bilhete, timbrado, com o poderoso nome de Joel Silveira no canto da folha, com a ternura digna da fama: “Você ainda vai engolir esta merda”. Não engoli. Beberrão, como sempre fui, mulherengo, como sempre admirei, aquele homem infinitamente maior do que eu se tornou meu amigo.

Ainda guardo fresca na memória a imagem de um Joel maestro, ouvindo Mozart às quatro da manhã e regendo uma orquestra imaginária no quintal do poeta Amaral Cavalcante. Era minha despedida para uma de minhas diásporas. Ganhei de presente uma fita K-7 de Mozart e a conversa com o maior repórter da imprensa brasileira, entre várias rodadas de uísque. Esse jornalista extraordinário, destemido e desprendido, o sujeito que fez da reportagem jornalística quase uma obra de arte.

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(*) Luciano Correia - Jornalista e professor da Universidade Federal de Sergipe.

Texto e imagens reproduzidas do site: sosergipe com br

sábado, 2 de agosto de 2025

Morre o jornalista José Roberto Guzzo, aos 82 anos

Texto publicado originalmente no site G1 GLOBO, de 2 de agosto de 2025 

Morre o jornalista José Roberto Guzzo, aos 82 anos

Ex-diretor de redação da revista Veja, ele era colunista da revista Oeste, da qual foi um dos cofundadores, e do jornal Estadão. J.R. Guzzo, como assinava, foi vítima de infarto.

Por Redação TV Globo e g1 SP

O jornalista José Roberto Dias Guzzo morreu na madrugada deste sábado (2) em São Paulo. Aos 82 anos, era considerado um dos grandes nomes do jornalismo do país.

Segundo nota divulgada pela revista digital "Oeste", da qual era um dos fundadores, colunista e integrante do conselho editorial, a causa da morte foi um infarto. Ele também era colunista do Estadão.

O velório será no Cemitério Congonhas neste sábado, e o sepultamento está previsto para domingo (3).

J.R Guzzo, como assinava seus textos, começou a carreira em 1961 no jornal Última Hora. Cinco anos depois, foi trabalhar no Jornal da Tarde, do Grupo Estado, e chegou a ser correspondente em Paris.

Foi, no entanto, na Editora Abril onde passaria a maior parte da vida profissional. Em 1968, ele entrou na Veja como editor de internacional e depois foi correspondente em Nova York.

Em 1976, assumiu a direção da revista, cargo que ocupou até 1991. Nesse período, conseguiu tirar a publicação do vermelho e levá-la a ficar entre as maiores revistas semanais de informação do mundo. Desde 1988, Guzzo também passou a acumular a diretoria-geral da Exame.

Após deixar a Veja em 1991, o jornalista tirou um ano sabático antes de voltar à Exame, como diretor editorial e publisher. Ele voltou à Veja em 2008 como colunista e lá permaneceu até 2019.

Em 2020, ajudou a fundar a revista Oeste e se tornou destaque entre o público conservador. No ano seguinte, passou a escrever colunas para o Estado de S. Paulo em 2021.

Em nota, a revista Oeste se referiu a Guzzo como o "mais brilhante profissional do país".

"Vítima de um infarto, morreu às 5h deste sábado, 2, o jornalista José Roberto Dias Guzzo. Aos 82 anos, J.R.Guzzo, como assinava os textos que publicou, era o mais brilhante profissional do país. Paulista da capital, Guzzo consagrou-se quando, ocupando o cargo de diretor de redação da Veja, comandou o crescimento da revista que alcançaria a terceira tiragem do mundo. Um dos fundadores de Oeste, integrante do conselho editorial e seu principal colunista, o melhor de todos nós partiu depois de contribuir decisivamente para o sucesso da revista. Sem ele, Oeste não seria o que é."

Texto compartilhado do site: g1 globo com/sp/sao-paulo

quarta-feira, 30 de julho de 2025

Morre Sinval de Itacarambi, fundador da Revista IMPRENSA

Crédito da foto: Portal IMPRENSA

REGISTRO de notícia publicada em 05/08/2024

Publicado originalmente no site do Portal da REVISTA IMPRENSA, em 5 de agosto de 2024

Morre aos 81 anos Sinval de Itacarambi Leão, fundador e editor da Revista IMPRENSA

Mais velho entre os seus cinco irmãos, veio ao mundo, na zona rural de Araçatuba, interior de São Paulo, com o sobrenome trocado. A ascendência paterna, uma corruptela de Itákurubi, que significa “seixos”, de origem Tupi-Guarani e nome de uma cidade do norte de Minas Gerais, a margem esquerda do Rio São Francisco, acabou sendo deslocada para o meio. 

De origem humilde, encontrou na igreja a oportunidade para o conhecimento. Foram 14 anos de dedicação à Ordem de São Bento, a que pertencem os monges beneditinos. As experiências transformadoras da infância para a adolescência e, depois, para a vida adulta, foram atravessadas pelos dogmas morais e espirituais da fé cristã. O batismo extramuros do internato, iniciado alguns anos antes na faculdade de Filosofia, emergiu quando se desligou do monastério.

Eram tempos difíceis os da ditadura militar brasileira. Preso duas vezes durante o regime de exceção, em 1969 e 1971, e brutalmente torturado em ambas as passagens por associação com a ALN (Ação Libertadora Nacional), fundada por Carlos Marighella, e por conspirar contra o país, acabou enquadrado na Lei de Segurança Nacional. Do ponto de vista factual, foi preso a primeira vez por sua amizade com os frades dominicanos. 

Não bastasse o histórico dos amigos com os quais convivia, a editora Vozes, onde trabalhava, se posicionou contra o regime e publicou obras importantes nos anos de repressão. Com esse histórico, os militares estavam certos da conexão do jornalista com o comunismo. Conseguiu a liberdade, em definitivo, em 1971, respondendo a processo do Estado por ser membro da ALN. 

Guardou durante muitos anos o recorte do jornal Diário Popular (hoje Diário de S.Paulo), que publicou a decisão do julgamento, com destaque para a condenação dos freis Carlos Alberto Cristo e Yves dos Amaral Lesbaupin. No texto, o periódico citava a absolvição de Sinval de Itacarambi Leão por unanimidade do tribunal “por carência de provas”, processo em que também foram inocentados o filósofo dominicano Roberto Romano, preso com Sinval, e a amiga e jornalista Rose Nogueira.

Atuou como repórter nas revistas Realidade e Visão e passou rapidamente pela Folha de S.Paulo. Migrou para o Departamento de Pesquisa de Mídia da agência de publicidade Lintas, a convite de Fátima Pacheco Jordão, e de lá seguiu para a DPZ. Ficou na agência até os militares reaparecerem para buscá-lo. O erro foi o local: tinham o endereço da Lintas. Os amigos o avisaram e, dessa vez, não esperou ser capturado, pegou a família e “saiu de férias”.

A situação começa a melhorar a partir de 1974, ao assumir como diretor de Serviços de Marketing na Rede Globo, posto que exerceu até 1982 quando foi transferido como diretor Comercial da Globo Minas. Criou e coordenou projetos relevantes, como o prêmio “Profissionais do Ano”, em vigor até os dias de hoje. 

Ao sair da emissora, lançou em 1987 a Revista IMPRENSA, ao lado dos jornalistas Paulo Markun, Dante Matiussi e Manoel Canabarro, da qual foi o único fundador a permanecer e dar continuidade ao projeto. 

Foram 38 anos à frente da publicação, período em que IMPRENSA recebeu dois Prêmios Esso de Jornalismo, em 1987 e 1994, o principal reconhecimento da categoria. O exercício contínuo de valorização da vida e dos direitos humanos, a promoção de debates e a criação do Prêmio Líbero Badaró de Jornalismo (em 1989), pró-martir da liberdade de imprensa, e do Troféu Mulher Imprensa, o primeiro a reconhecer o trabalho feminino no jornalismo, são alguns exemplos dos valores que sustentaram sua conduta. Recebeu com orgulho a Medalha Juscelino Kubitschek (2013) por serviços prestados à cultura de Minas Gerais.

Em 2012, iniciou quadro de insuficiência cardíaca, que aos poucos gerou outras comorbidades. Desde então, teve como médico e amigo o cardiologista Dr. Renato Azevedo Junior, ex-presidente da Associação Médica do Hospital Samaritano de São Paulo, do qual integra o corpo clínico desde 1993. 

Trabalhou diariamente em seu escritório até o início do ano, mantendo uma rotina de leitura voraz de clássicos, atento as últimas notícias e aos jogos do Corinthians. Sempre acompanhado da medalha de São Bento envolta ao pescoço. Deixa a esposa Ruth, companheira de mais de 50 anos, quatro filhos, os quais reestabeleceu o sobrenome trocado no passado, e seis netos. 

Texto e imagem reproduzidos do site: portalimprensa com br

terça-feira, 29 de julho de 2025

Jornalistas prestam homenagens ao Sinval de Itacarambi

Legenda da foto: Fotolito de capa fictícia feita pelos colaboradores de IMPRENSA nos anos 90

Artigo compartilhado do site do PORTAL IMPRENSA, de 12 de agosto de 2024 

Jornalistas prestam homenagens ao Sinval de Itacarambi Leão, fundador de IMPRENSA

Redação 

Pelas redes sociais, rádio, tv e sites e mensagens, jornalistas de todo o Brasil prestaram homenagens e agradecimento ao jornalista e publicitário Sinval de Itacarambi Leão, que faleceu em 5 de agosto, em decorrência da insuficiência cardíaca.

O jornalista Carlos Sardenberg dedicou o programa da CBN Brasil ao Sinval, destacando a importância da Revista IMPRENSA e o pioneirismo do Troféu Mulher IMPRENSA. Já o Jornal da Band relembrou sua trajetória profissional e contribuições ao jornalismo. 

“Sinval viverá sempre na minha memória como um colega que eu admirava, com o qual aprendi muito, e uma pessoa digna e generosa. Através das décadas de dedicação e trabalho árduo na Revista Imprensa e no Portal Imprensa, Sinval criou um legado importante: a tradição da necessária cobertura da indústria jornalística brasileira, que tanto beneficia jornalistas, executivos de mídia, professores e alunos de jornalismo”, escreveu o professor Rosental Calmon Alves do Knight Center

Em nota a AJOR diz que “sua contribuição para o desenvolvimento do campo jornalístico no país, bem como para a defesa da democracia e da liberdade de imprensa, sempre será lembrada”. A ABI e o Sindicato dos Jornalistas expressaram solidariedade aos familiares e amigos e homenagearam este profissional que deixou sua marca no jornalismo.

A Agência Aids relembra da consciente da importância da pauta aids nas publicações que Sinval dirigiu. Ele concebeu o primeiro fórum nacional para discussão do tema. “O Sinval Itacarambi Leão criou em 1998 o primeiro Fórum Aids, Imprensa e Cidadania. Ele me convidou para ser curadora do evento. Foi a primeira vez que, no Brasil e na América Latina, reunimos jornalistas, ativistas, gestores e profissionais da área da saúde para pensarmos conjuntamente sobre a pauta HIV/Aids. Um momento importantíssimo de reflexão. Daquela reunião, veio a ideia de fundar uma agência de notícias sobre o tema. Percebi que a pauta merecia uma comunicação diária, feita por profissionais de comunicação. O evento foi o embrião para a criação da Agência Aids”, diz Roseli Tardelli.

O publicitário Fernando Vasconcelos lamentou a perda do amigo e profissional. “Como presidente do Sindicato dos Publicitário e colunistas, fui convidado a participar por quatro anos do prêmio Profissionais do Ano, criado por Sinval de Itacarambi. Foi um profissional competente, incansável e guerreiro em defesa da sua revista Imprensa.”

O jornalista Silvestre Gorgulho compartilhou mensagem enviada por Sinval referente à Medalha Juscelino Kubitschek, recebida em 2013. “Meu caro Silvestre: Recebi uma Comenda abençoada. Maria Estela Kubitschek e o governador Antônio Anastasia resgataram para o meu coração o tempo maravilhoso que vivi em Minas como Diretor da TV Globo. Tanto quanto o jornalismo que fiz em Minas, pude relembrar os festivais de música e teatro que realizei em terras mineiras. Ao receber a Medalha JK me lembrei, sim, na força que dei às iniciativas culturais de Minas. Mas, muito mais importante, me lembrei do quanto eu ganhei em emoção, em carinho e como profissional da imprensa nessa nossa Minas Gerais.”

Mural:

“Senti muito a morte de Sinval, um amigo antigo e muito querido. Um pregador do jornalismo de qualidade superior.”

Ricardo Noblat

"Estou sempre em pensamento com vocês por um homem que fez tanto pelo jornalismo e pelas mulheres." Sônia Blota (Band News)

“Lamento profundamente, ele foi uma pessoa incrível, cheio de ideias, empreendedor, batalhador.” 

Eliane Catanhede (Globo News)

"Meus sentimentos, o Sinval era um grande cara, um amigo como poucos. E um pai que adorava a família, de quem tinha um orgulho ilimitado. Com ele passei momentos inesquecíveis."

Milton Blay (França)

Fez uma história importante nas lutas pela democracia e a imprensa”. 

Verónica Goyzueta (SUMAÚMA Jornalismo)

"Que tristeza. Sinval foi um defensor do jornalismo e da liberdade e da liberdade de expressão. Sabia valorizar os jovens e as mulheres jornalistas."

Katia Brasil (Amazônia Real)

“Sinval, jornalista fundador e editor da revista Imprensa, passou como profissional por vários órgãos da imprensa como TV Globo, Folha e tal. Foi briguento em todos os sentidos. Gostava do que era bom: Whisky, por exemplo.”

Assis Angelo (Blog)

“Fomos colegas em estudos de teologia no IFT em 1966, militantes da Executiva Nacional dos Estudantes de Teologia em 1967, companheiros de militância em grupos de esquerda que lutavam contra a ditadura. Sinval é conhecido por suas realizações no jornalismo, particularmente pela criação da revista Imprensa. Quando saiu da prisão, não conseguia encontrar trabalho, até ser descoberto po Carlito Maia que o levou para a Rede Globo para ser diretor de marketing do grupo.”

Jarbas Novelino Barato (Educador)

“Nossa gratidão pelo extraordinário legado do Sinval e da revista Imprensa”.

Sylvio Costa (Fundador Congresso em Foco).

Texto e imagem reproduzidos do site: portalimprensa com br

'Somos presos políticos' - Perfil: Parte 3

Sinval com Tancredos Neves, naquela época, Governador de Minas Gerais

Artigo compartilhado do site PORTAL IMPRENSA, de 19 de agosto de 2024 

Somos presos políticos

Perfil: Parte 3

Isis Brum e Alexandra Itacarambi* 

Em dezembro de 1969, Sinval de Itacarambi Leão foi transferido para a cela 7 do Presídio Tiradentes

Levado com Paulo de Tarso Venceslau e Frei Tito, Sinval de Itacarambi Leão partiu para a nova carceragem. Todos os três feridos. Ao chegarem no presídio, Paulo de Tarso orientou-os a não se mostrarem intimidados porque os presos comuns costumavam abusar dos recém-chegados.

Havia um corredor imenso pelo qual a travessia dos prisioneiros ocorria sempre com insultos, gritaria e provocações. A cela deles, temporariamente, era a última. O presídio estava improvisando um novo local para acomodar os “terroristas”.

Antes, contudo, do início do corredor, Paulo de Tarso bradou a plenos pulmões:

- Nós somos presos políticos e estamos aqui para lutar por vocês. 

Houve um silêncio respeitoso enquanto caminhavam para o novo cárcere. Ao chegarem à cela, Frei Tito se apoiou em algo para ficar mais alto e declamou os versos de “Modinha”, de Geraldo Vandré, para um vão:

- Rosa, Hortência, Margarida / Tudo tem nome de flor / Passou pela minha vida / Foi mulher, tem meu amor.

Sinval lembra que o frade conhecia o presídio e sabia que a ala feminina estava acima da deles. Recorda também que as mulheres responderam, cantando “Bella Ciao”, uma canção italiana, entoada como um hino à liberdade e à resistência antifascista. 

Quando as mulheres finalizaram, um grupo do Partidão entoou a Intentona Comunista. Em seguida, Tito puxou um samba e os presos comuns fizeram a percussão.

Parecia um sopro de humanidade. Um modo de sobreviver, àquela altura, quase digno. Cantaram até às 22 horas quando foram silenciados pelo toque de recolher. A isso, Sinval estava habituado. Os anos na abadia o talharam para a disciplina.

No outro dia, e por ainda 18 meses, a realidade era sempre um choque. Apesar de não voltar a ser submetido à violência, estar preso, sem saber se seria solto um dia, era um tipo de tortura diária, lenta e contínua.

Cela 7

A planta do Presídio Tiradentes possuía seis celas masculinas. O local, porém, abrigou sete – esta última arranjada de improviso, para onde Sinval foi levado com os outros presos, no último andar da unidade. Antes, o espaço era ocupado pelo almoxarifado.

A cela 7 era espaçosa. Para lá, foram levados 25 beliches, mas nunca atingiu a capacidade máxima, enquanto o jornalista esteve preso. Para ele, a mudança isolou o grupo do restante da cadeia, como se ficassem em uma bolha, desconectados das outras celas.

Apesar de todos ali estarem presos por oposição ao regime militar, os grupos não se misturavam graças às discordâncias ideológicas, uma herança, aliás, que a esquerda brasileira continua a carregar.

Sinval não queria ser visto como ex-monge, embora todos os anos anteriores à vida que estava apenas começando, passou-os dentro do mosteiro. A pouca experiência com a militância, com a política e a vida, levou à alcunha de “cururu” que, na gíria dos presos, é uma pessoa “boba”, “trouxa”. 

Ele reconhece, hoje em dia, que realmente não tinha conhecimento profundo da obra comunista e aprendeu um pouco durante a prisão com quem se designava a conversar com ele, como o jornalista e artista Sérgio Sister, do então PCBR (Partido Comunista Brasileiro Revolucionário), de quem se tornou amigo e admirador. 

Sobreviveu. Propunha jogos de futebol, abrindo espaço entre os beliches que sugeriu desmontar. Segundo ele, foi o primeiro a assumir o desejo de ter uma televisão para assistir aos jogos da Copa de 70. Para os marxistas, era o futebol, como a religião, o ópio do povo. Sinval saiu com o argumento de que o esporte, na verdade, era “o pio do povo”, pois, nesse momento, podia extravasar sem medo de ser preso. Não enfrentou resistência. Ele acredita que só faltava um bom argumento para ajustar as convicções mais diletantes ali presentes. 

Liberdade vigiada

Conseguiu a liberdade em 24 de março de 1971, respondendo a processo do Estado por ser membro da ALN.

Continuou a ser monitorado depois de sua saída até ser novamente detido, 4 meses depois, pela Oban. Desta vez, a denúncia foi contra sua esposa, Ruth, que fazia parte da militância no POC (Partido Operário Comunista). Sinval só foi preso à noite ao chegar em casa, na volta da Editora Abril.

O jornalista passou 30 dias sob tortura diária, ainda piores que da primeira vez, sem que nenhuma nova acusação fosse comprovada. Teve de ser liberado no dia 22 de agosto para comparecer à Justiça, onde seria julgado. Sinval conta que foi levado para um hospital militar para ser “consertado” e apresentar-se adequadamente ao juiz. Grávida do primeiro filho do casal, Ruth foi liberada antes do Natal a pedido do arcebispo de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns.

Não se tratava de um tribunal isento. O julgamento ocorria diante do Conselho Permanente da II Auditoria de Guerra, uma vez que os indiciados eram apontados como terroristas e comparsas de Marighella na tentativa de tomar o poder no Brasil.

A defesa foi realizada, nas palavras dele, com brilhantismo pelo resultado, e com verdadeiro terror pela linha adotada pela advogada Rosa Maria Cardoso da Cunha. Com Sinval, foram julgados o filósofo dominicano Roberto Romano e a jornalista e amiga Rose Nogueira Clauset, presos à mesma época. “Nós três tivemos a mesma advogada. Ela fez uma defesa fantástica sobre o nazismo. Ficamos com medo, mas nós fomos absolvidos”, recorda.

Ainda viva, Rosa Maria se tornaria uma das grandes vozes em defesa dos presos políticos e dos direitos humanos. Foi a quarta coordenadora da Comissão Nacional da Verdade (CNV), da qual é membro desde 2012.

O jornal Diário Popular (hoje Diário de S.Paulo), datado de 15 de setembro de 1971, publicou a decisão em uma nota, com destaque para a condenação de 4 anos de detenção dos freis Carlos Alberto Christo, Yves do Amaral Lesbaupin e Fernando de Brito. O frade João Antônio Caldas Valença foi penalizado com 6 meses de prisão. Nesta nota, o jornal cita nominalmente a absolvição de Sinval de Itacarambi Leão por unanimidade do tribunal “por carência de provas”.

Após ser absolvido, Sinval procurou manter o foco no trabalho e no sustento da família que estava começando. Mesmo absolvido, ainda era difícil conseguir emprego com seu histórico. 

Sobrevivência e recomeço

Em 1971, foi repórter nas revistas Realidade e Visão e passou rapidamente pela Folha de S.Paulo. No ano seguinte, foi contratado como chefe do Departamento de Pesquisa de Mídia da Lintas Publicidade pela Fátima Pacheco Jordão, nas palavras de Sinval, “a maior especialista de pesquisa de mídia deste Brasil”. 

Seguiu para a DPZ para exercer o mesmo cargo, ganhando mais, época em que conheceu o publicitário Carlito Maia. Permaneceu na agência por mais um ano até os militares reaparecerem para buscá-lo. O erro foi o local. Os agentes tinham o endereço de trabalho na Lintas. Os amigos o avisaram e, dessa vez, não esperou ser capturado. Retirou o dinheiro do banco, pegou a família e “saiu de férias”.

A situação melhorou a partir de 1974, quando assumiu como diretor de Serviços de Marketing na Rede Globo, posto que exerceu até 1982, período que trabalhou com Carlito. O Exército chegou a ir atrás dele. “Mas o doutor Roberto Marinho dizia que dos comunistas dele, ele cuidava”, conta Sinval. Em seguida, completa a frase: “O doutor Roberto nunca falou esta frase. Quem inventou foi o meu amigo, Otto Lara Resende”. Se não acalentava pela mentira, ao menos, gerava certa empatia pela situação ou risos pelo temperamento cínico-afetuoso de Lara Resende.

No período em que trabalhou na Globo, criou e editou a revista Mercado Global, em 1974. Em 1977, estagiou na ABC Network de Nova York e, no ano seguinte, criou e coordenou o Prêmio Profissionais do Ano, que reconhece o talento dos profissionais de marketing no Brasil até hoje. No final do ano passado, foi realizada a 45ª edição.

Em 1982, foi transferido para a Globo Minas para ser diretor Comercial. “Aí, o clima já era outro. Tancredo Neves era governador do estado mineiro e negociaria, depois, a transição para a redemocratização. Ao mesmo tempo, as fissuras no governo ditatorial cresciam e os movimentos pelas Diretas Já ecoavam em todo País”, recorda. Ficou no cargo até 1986.

No mesmo ano, tornou-se sócio da Interscience Serviços de Marketing e, em 1987, fundou a Revista IMPRENSA, com os jornalistas Paulo Markun, Dante Matiussi e Manoel Canabarro, da qual foi o único a permanecer como diretor e editor.

À frente da IMPRENSA, resistiu, tal como aprendeu com a vida, ao enfrentamento dos processos jurídicos, às crises financeiras, às mudanças tecnológicas ou políticas. Sinval ressalta com orgulho o trabalho de digitalização completa da publicação, antes com exemplares antigos faltantes. O atual acervo digital foi construído como forma de preservar a história da imprensa brasileira das últimas décadas, disponível ao interesse público.

O exercício contínuo de valorização da vida e dos direitos humanos, a promoção de debates e a criação do Prêmio Líbero Badaró de Jornalismo (em 1989), pró-mártir da liberdade de imprensa, e do Troféu Mulher Imprensa, o primeiro a reconhecer o trabalho feminino no jornalismo, são exemplos dos valores que sustentaram a sua conduta. 

A lista de prêmios recebidos reafirma a contribuição ao jornalismo e à sociedade. Em destaque, recebeu dois Prêmios Esso de Jornalismo, em 1987 e 1994, e dois prêmios Aberje, em 2005 e 2006. Em 2013, foi consagrado com a Medalha Juscelino Kubitschek por serviços prestados à cultura de Minas Gerais.

“Nomen est omen”

Minas Gerais foi importante em sua vida, era o local de seus ancestrais indígenas. 

O Presídio Tiradentes, que por contradição tinha o nome do inconfidente mineiro, começou a ser desativado, devido a uma forte chuva em São Paulo, no mesmo dia do nascimento de seu primogênito, Carlos, em homenagem a Marighella.

“Nomen est omen”. Sinval acreditava no destino do nome. Na redação de IMPRENSA, repetia máximas como “mate o homem, mas não erre o nome”, ou outras em latim “quot abundat, non nocet”, em tradução livre “o que é de mais, não prejudica”, exceto os adjetivos. 

No processo do Estado era identificado como Valdo. Companheiros da cela 7 o chamavam de Capitão Ipanema, por ter sido preso por lá. Já no monastério, Sinval de Itacarambi Leão era Dom Teodoro.

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*A jornalista Isis Brum entrevistou o Sinval de Itacarambi Leão entre novembro e dezembro de 2023. O texto teve a colaboração e edição de Alexandra Itacarambi.

Texto e imagem reproduzidos do site: portalimprensa com br