Antonio Lopes Santos (Macepa) - Imagem postada pelo Blog “Meio
Impresso”.
Foto reproduzida do Facebook/Ludgero Santos Neto.
Publicado originalmente no site Infonet/Blog/Ivan Valença,
em 02/12/2016.
A despedida de um sergipano boa praça.
Por Ivan Valença/Blog Infonet.
Enquanto o País ficava estarrecido com o acidente do avião
que conduzia a equipe do Chapecoense para a Colombia, em Brasília os sergipanos
perdiam o jornalista Antônio Lopes, mais conhecido por Macepa que, por algum
tempo foi estrela no Ministério da Fazenda, ao tempo em que Delfim Neto era o
titular da Pasta. Sergipano de Aracaju, Macepa era um conhecedor profundo das
artes dos impostos federais. Era tão profundo conhecedor da matérias, que o
então Ministro da Fazenda, por volta de 1965, levou-o para junto de si em
Brasília e ele, como era de se esperar, saiu-se muitíssimo bem, auxiliando não
só o Ministro como o próprio Governo na melhora da arrecadação federal. Quem
visse Macepa pela primeira vez por certo não imaginaria estar frente a frente
com um gênio na arrecadação de tributos. Quando o conheci, aí por volta de
1957, Macepa era – junto com Pascoal Maynard e dr. José Rosa de Oliveira Neto –
o trio maravilhoso que tocava a “Gazeta de Sergipe”, de Orlando Dantas. Naquele
ano, fui convidado por Pascoal Maynard para ser o plantonista da tarde num
jornal ainda incipiente, cuja gerência era ocupada pelo Sr. Hildegards Azevedo
(depois, Secretário da Fazenda do Município e integrante do Tribunal de Contas
do Estado). Orlando Dantas era o dono do jornal e por isso mesmo imprimia sua
linha editorial, já avançada para a época. O que impressionava em Macepa é que
ele chegava à redação geralmente no início da noite sempre trazendo nas pontas
dos dedos uma notícia boa para a edição seguinte. Batia à máquina de escrever
com dois dedos das mãos, mas escrevia numa rapidez impressionante. De vez em
quando desaparecia da redação por dois ou três dias, curtindo o resultado do
consumo exagerado das caninhas brancas que ele adorava. Consumia cachaça pura.
Certa vez voltou para a “Gazeta” sem o carro. Havia-o perdido, mas não sabia
aonde – nem a mulher, d. Neusa, que a gente chamava de Santa Neusa tinha
conseguido arrancar maiores informações. Foi encontrado numa estrada secundária
de Itabaiana sem que tivesse sido depenado. Exímio tocado de violão, quando em
Aracaju não abandonava o seu instrumento – “de trabalho e diversão”, segundo ele.
Nos barzinhos da vida, lá pelos confins de Judas de Aracaju, o seu violão
muitas vezes serviu de garantia que voltaria para pagar a bebida consumida.
Depois que foi morar em Brasília voltava de vez em quando a Aracaju sempre com novidades boas e querendo
se tornar empresário. Mas, de fato nunca levou prá frente suas ideias. Quem me
trouxe a infausta noticia foi o amigo Francisco Varella, o ‘Chico Varella” que
um dia foi ator de teatro na velha e querida SCAS, que também mora em Brasília.
Contou então que há quatro anos ele enfrentava uma doença braba , “o mal de
Alzheimer”, que finalmente o levou para o túmulo agora. Saudades enormes de
Macepa, de todos aqueles que o conheceram e conviveram com essa figura ímpar do
jornalismo sergipano.
Texto reproduzido do site: infonet.com.br/blogs/ivanvalenca
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