Publicado originalmente no site Bn Digital, em 16/11/2015.
Recopilador Sergipano e Noticiador Sergipense.
Por Bruno Brasil.
Primeiro órgão da imprensa sergipana, o Recopilador
Sergipano surgiu em Estância (SE), em setembro de 1832, editado pelo monsenhor
Antônio Fernandes da Silveira, que o imprimia através de sua tipografia
própria. Cerca de um ano antes, a povoação de Estância obteve emancipação por
suas promissoras condições sócio-econômicas, recebendo o nome de Vila
Constitucional da Estância: o nível cultural alcançado pela localidade, já em
1832, justificava o aparecimento do jornal, que publicava pronunciamentos
oficiais, transcrições de jornais da corte (principalmente a Aurora
Fluminense), cartas de leitores, questões morais, curiosidades e efemérides,
pensamentos, anedotas, entre outras coisas.
Politicamente ameno e oficialesco, respeitoso à Regência, o
Recopilador Sergipano tinha pendores liberais moderados; no debate público onde
se opunham os liberais antilusitanos, ditos “exaltados”, que aplaudiram a
abdicação de Dom Pedro I, e os conservadores que apoiavam a restauração do
imperador, apelidados de “caramurus”, o jornal esteve com aqueles. Sua
periodicidade era de três em três dias, mas algumas de suas edições podiam vir
a lume em intervalos semanais.
Silveira e seu empreendimento foram transferidos para a
então capital da província, São Cristóvão, na data provável de 29 de janeiro de
1835, ocasião e local em que outro periódico passou a ser publicado por sua
iniciativa: o Noticiador Sergipense, uma “Folha official, politica e
litteraria” segundo seu próprio subtítulo. Este foi o substituto do Recopilador
Sergipano, que circulou até fins de 1834, conforme seu editor passou a se
empenhar no periódico lançado na capital. Apesar de sair pela tipografia de Silveira,
o novo jornal então se assumia porta-voz do governo provincial, presidido então
por Bento de Mello Pereira, passando a estampar em seu cabeçalho, já por volta
de 1836, o brasão imperial.
Internamente, o Noticiador Sergipense seguia a mesma linha e
a mesma periodicidade que o Recopilador Sergipano, dando apenas mais destaque a
atos oficiais, com a publicação de editais, atas e pronunciamentos diversos da
Assembleia Legislativa Provincial, da Tesouraria Provincial, da Promotoria
Pública, da Câmara Municipal e da Recebedoria Provincial, por exemplo. O
caráter oficial da folha se confirmou em 1838, quando sua tipografia foi
vendida ao governo sergipano, que ao invés de manter o periódico passou a
publicar o Correio Sergipense, que trazia o mesmo subtítulo indicativo de
“Folha official, politica e litteraria”.
Fontes:
– Acervo: edições do nº 114, de 1º de junho de 1833, ao nº
158, de 13 de novembro de 1833, e edição nº 249, de 11 de outubro de 1834
(todas sob o título Recopilador Sergipano); edições nº 63, de 27 de outubro de
1835; nº 77, de 15 de janeiro de 1836; do nº 86, de 19 de fevereiro de 1836, ao
nº 99, de 15 de abril de 1836; nº 136, de 16 de setembro de 1836; nº 137, de 23
de setembro de 1836, e nº 138, de 27 de setembro de 1836 (sob o título Noticiador
Sergipense).
– Estância. IBGE Cidades. Disponível em:
http://cod.ibge.gov.br/26OQC. Acesso em: 11 ago. 2015.
Texto e imagens reproduzidos do site:
bndigital.bn.gov.br/artigos/recopilador-sergipano
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