sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Recopilador Sergipano e Noticiador Sergipense



Publicado originalmente no site Bn Digital, em 16/11/2015.

Recopilador Sergipano e Noticiador Sergipense. 
Por Bruno Brasil.

Primeiro órgão da imprensa sergipana, o Recopilador Sergipano surgiu em Estância (SE), em setembro de 1832, editado pelo monsenhor Antônio Fernandes da Silveira, que o imprimia através de sua tipografia própria. Cerca de um ano antes, a povoação de Estância obteve emancipação por suas promissoras condições sócio-econômicas, recebendo o nome de Vila Constitucional da Estância: o nível cultural alcançado pela localidade, já em 1832, justificava o aparecimento do jornal, que publicava pronunciamentos oficiais, transcrições de jornais da corte (principalmente a Aurora Fluminense), cartas de leitores, questões morais, curiosidades e efemérides, pensamentos, anedotas, entre outras coisas.

Politicamente ameno e oficialesco, respeitoso à Regência, o Recopilador Sergipano tinha pendores liberais moderados; no debate público onde se opunham os liberais antilusitanos, ditos “exaltados”, que aplaudiram a abdicação de Dom Pedro I, e os conservadores que apoiavam a restauração do imperador, apelidados de “caramurus”, o jornal esteve com aqueles. Sua periodicidade era de três em três dias, mas algumas de suas edições podiam vir a lume em intervalos semanais.

Silveira e seu empreendimento foram transferidos para a então capital da província, São Cristóvão, na data provável de 29 de janeiro de 1835, ocasião e local em que outro periódico passou a ser publicado por sua iniciativa: o Noticiador Sergipense, uma “Folha official, politica e litteraria” segundo seu próprio subtítulo. Este foi o substituto do Recopilador Sergipano, que circulou até fins de 1834, conforme seu editor passou a se empenhar no periódico lançado na capital. Apesar de sair pela tipografia de Silveira, o novo jornal então se assumia porta-voz do governo provincial, presidido então por Bento de Mello Pereira, passando a estampar em seu cabeçalho, já por volta de 1836, o brasão imperial.

Internamente, o Noticiador Sergipense seguia a mesma linha e a mesma periodicidade que o Recopilador Sergipano, dando apenas mais destaque a atos oficiais, com a publicação de editais, atas e pronunciamentos diversos da Assembleia Legislativa Provincial, da Tesouraria Provincial, da Promotoria Pública, da Câmara Municipal e da Recebedoria Provincial, por exemplo. O caráter oficial da folha se confirmou em 1838, quando sua tipografia foi vendida ao governo sergipano, que ao invés de manter o periódico passou a publicar o Correio Sergipense, que trazia o mesmo subtítulo indicativo de “Folha official, politica e litteraria”.

Fontes:

– Acervo: edições do nº 114, de 1º de junho de 1833, ao nº 158, de 13 de novembro de 1833, e edição nº 249, de 11 de outubro de 1834 (todas sob o título Recopilador Sergipano); edições nº 63, de 27 de outubro de 1835; nº 77, de 15 de janeiro de 1836; do nº 86, de 19 de fevereiro de 1836, ao nº 99, de 15 de abril de 1836; nº 136, de 16 de setembro de 1836; nº 137, de 23 de setembro de 1836, e nº 138, de 27 de setembro de 1836 (sob o título Noticiador Sergipense).

– Estância. IBGE Cidades. Disponível em: http://cod.ibge.gov.br/26OQC. Acesso em: 11 ago. 2015.

Texto e imagens reproduzidos do site:
bndigital.bn.gov.br/artigos/recopilador-sergipano

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