segunda-feira, 1 de maio de 2017

Geneton entrevista Joel Silveira (1918 - 2007)



Publicado originalmente no site Jornalista & Cia on line, em  01 de Maio de 2017.

A morte levou, quase aos 89 anos, no último dia 15 de agosto, às 8 horas da manhã, no seu Rio de Janeiro, Joel Silveira, um dos maiores repórteres da história do jornalismo brasileiro. Doente havia vários anos, ainda lutava pela sobrevivência. E mesmo longe do dia-a-dia das redações, que a ele tanto devem, continuava produzindo. Ora fazendo frilas para amigos, ora cuidando da edição de algum livro com material que acumulou ao longo da rica e longa trajetória profissional.

Jornalistas&Cia/Protagonistas vinha há tempos ensaiando uma entrevista com ele para a série e já havia obtido sua anuência para realizá-la, por iniciativa do amigo comum Audálio Dantas. Quis o destino que a morte chegasse antes. Um câncer de próstata, que ele, como agora se sabe, se recusou a tratar, o derrotou, calando de vez, no agourento mês de agosto, a voz, o pensamento e os textos que por gerações pulsaram no jornalismo e na literatura brasileira.

Fã do sindicalista Lula e crítico do presidente, Joel Silveira não acreditava que o petista se reelegesse em 2006. Em seus últimos anos de vida, perdeu a visão e acompanhava o noticiário por meio da leitura diária dos jornais feita por sua filha Elisabete Silveira.

No Rio de Janeiro desde os 19 anos, ele trabalhou em veículos, como O Cruzeiro, Diretrizes, Última Hora, O Estado de S. Paulo, Correio da Manhã e revista Manchete. Foi repórter especial, correspondente de guerra e lançou mais de 40 livros. Ferino, ganhou de Assis Chateaubriand emprego nos Diários Associados e o apelido de "a víbora", que o acompanharia por toda a vida. Ficaram famosas, por exemplo, duas excepcionais reportagens que fez sobre a sociedade paulistana, "Eram Assim os Grã-Finos em São Paulo" e "A Milésima Segunda Noite da Avenida Paulista". Um dos maiores destaques de sua carreira foi a cobertura da Segunda Guerra Mundial na Itália, junto à FEB (Força Expedicionária Brasileira), como correspondente dos Diários.

Protagonista de um extenso período da imprensa brasileira no Século XX, Joel, que por mais de 60 anos foi presença obrigatória nas rodas jornalísticas, por força dos males da idade recolheu-se nos últimos anos ao convívio dos amigos, os poucos que ainda lhe restavam.

Um deles, o repórter especial do Fantástico, da TV Globo, Geneton de Moraes Neto, não só continuou a vê-lo, como cuidou de documentar algumas das muitas conversas que com ele manteve. É um material tão rico e instigante, tão atual, apesar dos anos que nos separam das datas em que foram publicadas, que Jornalistas&Cia/Protagonistas decidiu pedir a ele autorização para agregá-las à série. A primeira parte foi publicada na revista Continente Multicultural, do Recife, em 2001, e a segunda na Caros Amigos, em 2002; as duas foram depois postadas no blog de Geneton, em março e julho de 2004.

Disse Geneton: "A reprodução da entrevista não deixa de ser uma maneira de homenageá-lo. Devo muitíssimo a ele. Foram 20 anos de intensa convivência – profissional e pessoal. Depois que ele morreu, um repórter divulgou, na internet, uma gravação feita há poucos dias com Joel. Lá, ele faz um dos maiores elogios que um repórter pode receber de um ’monstro sagrado‘ como ele. (Nota da Redação: o elogio foi feito ao repórter Felipe Cruz, no site do Instituto Millenium – www.institutomillenium.org); a entrevista foi publicada no último dia 16 de agosto, um dia após a morte de Joel Silveira, e nela, ao ser indagado sobre Geneton Moraes Neto, ele diz: "Esse é um grande repórter! Para mim, hoje, é o maior repórter do Brasil."). Por todos estes motivos, tudo o que eu puder fazer para despertar o interesse (especialmente das gerações mais jovens) sobre o trabalho de Joel, eu farei. Só peço que faça um link para os sites www.geneton.com.br e www.sopadetamanco.blogspot, que é um blog coletivo, em que eu vinha publicando frases de Joel, que continuarei a publicar."

O dinossauro Joel Silveira evoca o poeta: "Deus existe, mas não funciona".

Eis a víbora:

Esparramado numa poltrona na sala deste apartamento na rua Francisco Sá, quase no limite entre Copacabana e Ipanema, Joel Silveira acompanha com um certo ar de enfado o telejornal da tevê a cabo. O peso dos anos é visível no olhar mortiço. O aparente cansaço diante do desfile de horrores planetários e provincianos no telejornal não impede o velho repórter de soltar imprecações contra – por exemplo – o Excelentíssimo Senhor Presidente da República. Quando o presidente FHC aparece no vídeo, Joel não resiste:

– É o tipo do presidente que sabe falar mas não sabe dizer. Fala mas não diz. Nunca vi falar tanto, sobre qualquer assunto. Aparece mais na tevê do que anúncio de Coca-Cola. Tenho a impressão de que todo dia, ao acordar, logo de manhã, Fernando Henrique se vira para um assessor e pergunta: “Por favor, qual é o mote de hoje?”. O assessor diz – por exemplo – “indústria siderúrgica”. E aí ele se dana a falar sobre indústria siderúrgica o dia todo. Um dia depois, muda de mote. Assim por diante, até o fim dos tempos.

Desde o ano passado, Joel brinda os leitores da Continente Multicultural com as tiradas ferinas do Diário de uma Víbora. Não foi por acaso que Joel recebeu de Assis Chateaubriand o título de 'víbora': um de seus esportes prediletos sempre foi destilar veneno e ironia em doses industriais. Em artigo que entrou para a história do jornalismo brasileiro, pintou, com palavras elegantes e irônicas, um retrato devastador das grã-finas paulistas, na década de quarenta.

Num país em que tantos títulos são injustamente atribuídos, o rótulo inventado por Chateaubriand para definir Joel é um exemplo de justiça. Além do apelido de víbora, Joel carrega também um título que o acompanha há décadas – o de 'maior repórter brasileiro'. Se algum entrevistador fizer menção a este título honorífico, Joel balançará a cabeça como se estivesse contrariado com o possível exagero, mas, na hora de dormir, quando for trocar confidências com o travesseiro, terá de admitir que a homenagem não soa de forma alguma despropositada.

Pouquíssimos repórteres já cultivaram, como Joel, uma paixão tão inabalável pela reportagem. Nunca quis ocupar os cargos – eventualmente bem pagos – que se ofereciam, tentadores, na retaguarda das redações. Sempre fez a opção preferencial pelo 'mundo exterior'. Porque desde cedo aprendeu que a boa reportagem precisa ser caçada na rua, feito touro bravio. Faz mea culpa quando se lembra dos períodos de tempo que extraviou na retaguarda das redações, como burilador de textos escritos por outros repórteres:

– Os chefes mandavam que eu transformasse cinco laudas em dez linhas. Tinha de cumprir a ordem. Eu deveria ser preso: já fui assassino de textos alheios.
Poucos terão – como Joel – um texto que reúne com tanta maestria Jornalismo e Literatura. A nossa víbora descreveu assim a cena que viveu depois de sair do Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, ao fim de uma tentativa frustrada de entrevista com Getúlio Vargas:
– Lá para a meia-noite, entrei no Danúbio Azul, um bar que não existe mais numa Lapa que também não existe mais; e lá fiquei até que a manhã me fosse encontrar – uma das mais radiosas manhãs de abril já neste mundo surgidas, desde que existem mundo e manhãs de abril.

Pergunta-se: em que jornal ou revista se lêem hoje textos dessa qualidade? A resposta é um silêncio ensurdecedor. Joel pode exercer aqui e ali um lirismo que já rendeu páginas memoráveis, mas nunca abandonou o gosto pela maledicência. Adora falar mal da fauna humana – aí incluídos personagens perfeitamente inofensivos, como, por exemplo, os alpinistas, os turistas e os tocadores de cavaquinho gordos.

É pura implicância.

Provoco a víbora. Quero saber quem ele não levaria sob hipótese alguma para uma ilha deserta, se fosse condenado a passar o resto da vida isolado do mundo:

– Eu não levaria João Gilberto de forma nenhuma, com aquele violãozinho, uma coisa horrorosa. Aliás, o melhor talvez fosse deixá-lo numa ilha deserta, sem violão! Assim, eu poderia ir embora. Não entendo o fenômeno João Gilberto: é um dos mistérios que minha inteligência não consegue alcançar. Eu até me esforço para entender tanta idolatria, porque, como sou repórter, gosto de saber das coisas. Mas confesso que não consigo.

Joel nunca morreu de amores por um ex-colega de redação que entraria para a galeria dos brasileiros notáveis do Século XX:

– Eu nunca disse que não gostava de Nélson Rodrigues. Apenas convivi pouco com ele. Fomos colegas de redação. Gosto da peça Vestido de noiva, mas a verdade é que não nos entrosávamos. Uma vez, eu estava escrevendo alguma coisa – escrevo depressa na máquina, porque no fundo sou mesmo é um bom datilógrafo. De repente, Nélson Rodrigues caminha em minha direção, fica parado diante de mim com um cigarro pendendo na boca e exclama: “Patético!”. Em seguida, foi embora, em silêncio. Quando acabei de escrever, fui até a mesa de Nélson – que batia à máquina com dois dedos – e fiz a mesma coisa. Fiquei em silêncio vendo-o escrever. Depois, disse, simplesmente: 

“Dramático!”. Fui embora. Nosso único diálogo resumiu-se a estas duas exclamações – “patético” e “dramático”. Eu não tinha nada contra ele, mas não gosto daquela coisa escatológica que ele cultivava. Nelson Rodrigues, no fundo, era, na vida pessoal, um homem de um moralismo atroz. Não bebia, não fazia farra, não tinha amantes.

Depois de seis décadas de jornalismo, que outros tipos a víbora Joel incluiria na galeria nacional do ridículo, além dos tocadores de cavaquinho gordos e alpinistas?
– Eu incluiria o turista numa Galeria Internacional do Ridículo. Porque o turista é de um ridículo sem par. De bermuda, cheio de máquinas penduradas no pescoço, suando em bicas, é roubado a toda hora nos restaurantes. Ridículo é também o velho que quer parecer moço – aquele que pinta cabelo, rebola e faz uma operação plástica por mês.

Joel vai fazendo confidências nesta tarde em Copacabana. Diz, por exemplo, que ouviu uma confissão de fraqueza de um dos maiores cronistas já surgidos no Brasil, Rubem Braga – um amigo do peito que até hoje lhe dá saudade. Os dois – Joel e Braga – foram correspondentes de guerra na Europa. Joel resolveu dar de presente a Rubem Braga um exemplar de um livro clássico de Stendhal – O Vermelho e o Negro. Semanas depois, Braga confessa a Joel que não conseguira de forma alguma passar da página 92 do livro. O motivo:

– Rubem me disse que tinha interrompido a leitura porque o livro tinha personagem demais. E ninguém ficava parado...

Joel confessa que nunca conseguiu chegar ao final de Os Irmãos Karamazov, a obra-prima de Dostoievski. Agnóstico, alista-se entre os que concordam sem vacilar com o que disse o poeta Murilo Mendes:

– Deus existe, mas não funciona.

Cinco da tarde. É hora de dar um descanso ao guerreiro. Depois de tanta pergunta, peço que a víbora responda a um mini-interrogatório. São apenas algumas dúvidas que quero tirar. É claro que ele aceita a proposta. Lá vai:

Geneton Moraes Neto.

– Se fosse escrever uma autobiografia, que fato vexaminoso o senhor faria questão de esconder?
JS – Uma vez, em Roma, depois da guerra, vi Ernest Hemingway tomando conhaque sozinho num bar que ele costumava freqüentar. Fiquei em dúvida sobre se deveria abordá-lo. Fui ao banheiro remoendo a dúvida. Quando voltei, ele já tinha ido embora. É um dos meus grandes fracassos profissionais. O pior que poderia acontecer seria levar um soco de Hemingway. Nesse caso, pelo menos o lead estaria garantido.

GMN – Qual seria a primeira pergunta que faria a ele?
JS – Eu iria perguntar se ele não tinha vontade de caçar na Amazônia. Eu deveria ter abordado Hemingway quando o vi pela primeira vez. Eu deveria ter ido. O pior que poderia acontecer seria eu levar um soco. Neste caso, o soco renderia uma matéria: ”o dia em que levei um soco de Hemingway”. Qualquer coisa que ele fizesse renderia assunto. Mas não pedi a ele a entrevista. Um fracasso absoluto.

GMN – Se o senhor fosse nomeado ditador de Sergipe, qual a primeira providência que tomaria?
JS – Proibir a entrada de João Gilberto no Estado. Já seria um bom começo. Não existe nada tão chato quanto a Bossa-Nova.

GMN – Qual a cena mais grotesca que o senhor já testemunhou?
JS – Não precisa ir longe. Basta desembarcar num boteco qualquer do Rio numa noite de sábado. Repito: não existe nada mais grotesco do que um sujeito barrigudo e suado tocando cavaquinho.

GMN – De quem o senhor não compraria um carro usado?
JS – Não quero parecer ranzinza, mas alguém pode me dizer para que servem os alpinistas? Por que aqueles idiotas não pegam um avião para olhar as montanhas do alto, em vez de tentar a subida ridiculamente amarrados em cordas? Eu jamais compraria um carro de um alpinista. Não se pode confiar em seres que não têm senso de ridículo.

Joel Silveira, o repórter dos presidentes, diz o que ouviu de figuras como Getúlio Vargas, JK, Jânio, Jango, Graciliano Ramos e Monteiro Lobato.

Quem disse que víbora não fala?
Crianças: silêncio, por favor. Porque vai falar agora o repórter que conviveu com uma galeria completa de presidentes da República. Nome da fera: Joel Silveira.

Nosso personagem é o exemplo acabado do que o lugar-comum batizaria de Enciclopédia Ambulante. Ou Testemunha Ocular da História, no melhor estilo do velho Repórter Esso. Fala porque viu (Faça-se o teste. Cite-se um nome. Getúlio Vargas? Joel conheceu pessoalmente, é claro. Ficou impressionado com a maciez da mão do ditador. Café Filho? Jânio? Jango? JK? Todos eles cruzaram o caminho deste sergipano que pousou no Rio em 1937).

Lá vem a víbora (era assim que o Poderoso Chefão dos Diários Associados, Assis Chateaubriand, chamava Joel Silveira, um dos últimos monumentos de uma época romântica do jornalismo brasileiro. A propósito: quem nomeou Joel como correspondente na Europa em guerra foi Chateaubriand, em pessoa). Quando gente como Joel povoava as redações, os jornais publicavam reportagens com grife autoral. Hoje, com raríssimas exceções, não há nem reportagem nem grife autoral nos nossos jornalões. Há pelo menos 20 anos Joel não é chamado para escrever nos jornais da grande imprensa, o que diz um bocado sobre a qualidade do texto hoje. Ponto. Parágrafo.
Inflada por inumeráveis barris de uísque consumidos nas últimas décadas, a barriga da víbora só falta abrir um rombo na camisa apertada. Dizem as más línguas que, perto de Joel Silveira, um Galaxie – aquele carrão que consumia álcool com a voracidade de um boêmio – seria catalogado como abstêmio. É mentira. A víbora parou de beber desde que se constatou vítima de um mal irremediável: a ausência de amigos com quem pudesse dividir os prazeres do copo. Um a um, todos se foram. Estão mortos. Joel teve de escolher: ou parava de beber ou virava um consumidor solitário de uísque, hipótese que o horroriza. Cravou um ‘x’ na primeira opção. Num arroubo teatral, já se declarou ‘’o homem mais solitário do Brasil’’. As garrafas de scotch, supremo sacrilégio na casa de um bebedor de meio século, viraram peça de decoração desde o já remoto ano de 1992. Hoje, a bebericagem é pra lá de eventual. Aos 81 anos de idade, resolveu deixar crescer uma barba grisalha que lhe dá a aparência de um Ernest Hemingway pousado às margens do Atlântico Sul.

Caçadores de revelações indiscretas sobre as maiores celebridades desta república dificilmente sairão de mãos abanando do reduto da víbora – o apartamento 602 de um prédio da rua Francisco Sá, Copacabana, Rio de Janeiro, Brasil. Não há tema candente ou personalidade conhecida capaz de despertar, em Joel, o sentimento da indiferença. Sobre tudo e sobre todos, ele terá ou um depoimento pessoal ou, na pior das hipóteses, uma frase ferina a ofertar aos ouvintes.

H.L.Mencken, o papa do jornalismo iconoclasta, chegou ao extremo de escrever artigos atacando instituições aparentemente inofensivas, como os jardins zoológicos (‘’mostre-me.....). Joel Silveira é titular absoluto de uma das cadeiras da imaginária Academia dos Discípulos de H.L.Menken. Exemplos: torra tinta e papel há décadas para denunciar os medíocres e os injustos, mas não perde a chance de disparar contra alvos surpreendentes, como, por exemplo, os já citados tocadores de cavaquinho, os alpinistas  ou os turistas em geral.
Vai começar a expedição da víbora por 60 anos de história do Brasil.
Crianças: silêncio, por favor. Porque vale a pena ouvir.

Geneton Moraes Neto – É verdade que o presidente Getúlio Vargas só recebeu você no Palácio do Catete porque pensava que você iria pedir um emprego?
Joel Silveira – Certamente, porque, como já estava no final do governo, ele não daria entrevista de maneira nenhuma. Getúlio não era de dar entrevista: mandava Lourival Fontes (chefe do Departamento de Imprensa e Propaganda) dar. Nunca deu entrevista, a não ser aquela ao Samuel Wainer. Aliás, Samuel praticamente escreveu aquela entrevista. A verdade é que Getúlio era intelectualmente preguiçoso. Gostava era de assinar papel, nomear, demitir. Mas me recebeu muito bem, no gabinete presidencial, no Palácio do Catete. Chamou-me de doutor. Eu disse: “Presidente, não sou doutor; só fiz o primeiro ano de Direito.” E ele: “Não! O senhor é doutor! Os padres de São Leopoldo, onde estudei, diziam que doutor é quem é douto em alguma coisa. O senhor é douto em jornalismo!” Já estava me corrompendo... Tinha uma conversa amena, agradável. Era limpo. Nunca vi um sujeito tão limpo em minha vida. A camisa, branca, era imaculada. Aliás, ele estava todo de branco, bem penteado, bem barbeado.

GMN – Por que é que você prestou atenção nas mãos do presidente?
JS – Notei que as mãos do presidente eram macias, fofas. Getúlio só me cumprimentou na entrada. Terminou me dando as costas na saída. Simplesmente foi embora. Quando eu lhe passei um questionário – e ele viu que o que eu queria era uma entrevista –, Getúlio se transfigurou. Aquela cara risonha desapareceu. O homem virou uma fera. Jogou o papel assim, na mesa: “O senhor entrega isso ao doutor Lourival”. Em seguida, levantou-se daquela cadeirona pesada e sumiu.

GMN – Você acompanhou do início ao fim os horrores da ditadura do Estado Novo. A imagem de Getúlio, pessoalmente, confirmou ou desmentiu tudo o que você esperava?
JS – Confirmou. Vi que ele tinha empatia, era simpático. Ficava de vez em quando vesguinho quando fumava aquele charuto. Era um malandro, um filho da mãe de uma habilidade política terrível.

GMN – Você sentiu, neste contato com Getúlio, que ele sabia ser envolvente?
JS – Getúlio envolveu todo mundo. Não era corrupto: era corruptor! Era pessoalmente um homem honesto – tanto assim que morreu pobre, não deixou fortuna nenhuma, não deixou dinheiro, não deixou propriedade, não deixou nada. Mas corrompia. Era um craque na maneira de corromper. Também era muito cioso do dinheiro público. As pessoas tinham que prestar conta. Eu saí do Palácio de mão abanando, sem a entrevista, mas pelo menos aquele encontro me rendeu uma matéria: conheci Getúlio Vargas.

GMN – Que imagem você guardou de Juscelino Kubitscheck?
JS – Era um sujeito extremamente simpático. Um mês antes de Juscelino morrer, fui fazer uma entrevista com ele em Luziânia, perto de Brasília, onde ele tinha uma fazendinha, um sítio que ele chamava de fazenda. Juscelino era muito vaidoso, cuidava da imagem, pintava o cabelo. Dona Sara Kubitscheck me contou uma coisa tristíssima. Numa hora, durante minha permanência na fazenda, Juscelino teve de sair. Eu e Dona Sara ficamos conversando, na varanda. Neste momento, ela me disse que, logo depois do golpe militar, numa das prisões, os militares deixaram Juscelino 20 dias sem aquela tinta que ele usava para pintar os cabelos. Porque ele pintava diariamente. Fotografaram Juscelino com o cabelo com cores indistintas, marrom, um monstro. Fizeram de propósito – uma sordidez. Era uma revolução de pequenos.

GMN – É verdade que você roubou uma namorada de Juscelino?
JS (de repente, monossilábico) – Foi.

GMN – Você pode contar como foi?
JS – Ela era taquígrafa da Câmara. Ele queria levá-la para Minas....

GMN – Juscelino namorava com ela?
JS – Namorava.

GMN – Você tomou a namorada de JK?
JS (com voz sumida) – Tomei.

GMN – Por quê?
JS – Porque ela simpatizou comigo, essas coisas.

GMN – Juscelino soube disso?
JS – Soube; ela foi a ele.

GMN – Isso teve alguma influência no tratamento que Juscelino dispensou a você quando chegou à Presidência?
JS – Não. Uma vez, numa conferência de chefes de estado latino-americanos no Panamá, eu estava sentado, num hotel bonito. De repente, quem aparece? Juscelino. Veio em minha direção. Ficou falando da inutilidade da reunião. Lá pelas tantas, ele disse: ”Como vai a nossa Fulana?” Eu disse: “Nossa não, presidente.” E ele: ” Não, a nossa amiga.” Foi só isso. Porque tinha sido muito recente.

GMN – Você viajou com Jânio Quadros de navio para a Europa, quando ele era apenas presidente eleito. A fama que ele tinha – de ser um beberrão – é justa?
JS – Completamente injusta! Que ele bebia, bebia – e muito! –, mas nunca o vi bêbado. Quando estava nos palanques, Jânio fazia aquela encenação do cabelo despenteado, caído no olho, caspa no paletó....Mas vi, na viagem à Europa com ele, que aquilo tudo era teatro, uma maneira de ganhar voto. Eu estive dez dias com ele no navio. Bebíamos toda noite. Jânio bebia três vezes mais do que eu, misturava uísque com uma cerveja – Guiness –, forte pra burro. Mas, na intimidade, ao contrário do que ocorria no palanque, estava sempre bem-vestido, limpo, bem penteado, lúcido, bem articulado. Quando bebia, Jânio nem a fisionomia mudava. Era do ramo.

GMN – Há um descompasso entre a figura pública e a figura pessoal desses grandes nomes da história republicana brasileira. Partidários de João Goulart, como o escritor Antônio Callado, diziam que ele não tinha estatura para ser presidente: ele seria no máximo presidente do PTB. Que avaliação você faz sobre João Goulart, hoje, quatro décadas depois de 64?
JS – Jango era um pobre homem, um estancieiro de poucas, pouquíssimas letras. Não era um político, foi invenção do Getúlio. Nem gostava do Rio de Janeiro, mas soube se cercar de gente boa. O ministério que Jango formou tinha um Evandro Lins e Silva, um Hermes Lima, um Celso Furtado, um Santiago Dantas, Tancredo Neves, eram pessoas da maior qualidade. Mas Jango não tinha consistência, não tinha habilidade política, não era um Getúlio. Depois, criou a fama de comunista. Um encontro longo que tive com Jango ocorreu no apartamento que ele tinha na rua Rainha Elizabeth, no Rio. O que encontrei foi um sujeito extremamente simpático – simplório, até. O apartamento era modesto. Lá estava Jango bebendo uísque com aquela perna sempre estirada. Não conseguia dobrar a perna, tinha tido gonorréia óssea, ficou com um defeito. Neste dia, Jango me contou que, no final do governo de Getúlio, em 1954, quando a crise engrossou de verdade mesmo, Getúlio o chamou para um canto e mandou que ele, Jango, fosse embora: “És o segundo visado. Então, vá embora.” Deu a ordem. Em seguida, deu a Jango um envelope fechado. “Só abras isso quando chegares lá.” Jango, então, foi embora. Um amigo o acordou na manhã seguinte: “Tenho uma péssima notícia para te dar. Getúlio se matou”. Somente aí é que Jango se lembrou do papel que Getúlio tinha lhe dado. Abriu o envelope. Lá estava uma cópia da carta-testamento. Getúlio esperava que Jango divulgasse a carta no Rio Grande.

GMN – Com quais dos presidentes militares você teve contato?
JS – Tive com Castelo Branco, na FEB, durante a guerra, na Itália. Diariamente eu me encontrava com ele. Eu recebia jornais daqui do Rio que chegavam à Itália com atrasos de um mês, cinco semanas. Castelo me pediu jornal emprestado. Quando ele foi entronizado como ditador, em 1964, mandou, através de Rachel de Queiroz, um recado para mim e para Rubem Braga, que também esteve na guerra na Itália: gostaria muito de nos ver. Mas eu e Braga conversamos. Chegamos à conclusão de que não dava. Não tínhamos nada a fazer lá.

GMN – Você testemunhou um encontro secreto de Tancredo Neves – já presidente eleito – com um general de quatro estrelas, aqui na sua casa, mas não publicou nada sobre o assunto. Por quê?
JS – O que aconteceu foi o seguinte: eu era, desde os tempos da FEB, na guerra, muito amigo do general Ernani Ayrosa – que chegou a ocupar o Ministério do Exército durante o regime militar. O general freqüentava a minha casa. Um dia, quando o Tancredo já tinha sido eleito presidente, o general veio à minha casa: “Preciso falar muito com o presidente! Você o conhece?” Eu disse: “Conheço de vista, mas não tenho intimidade. Mas tenho uma pessoa que o conhece bem”. Era José Aparecido de Oliveira, a quem avisei imediatamente. José Aparecido me ligou de volta, depois de falar com Tancredo: “Pode marcar o encontro.” Eu perguntei: “Mas em que lugar?” Ele disse: “Em sua casa.” Eu me assustei: “Mas não tenho condições de receber um presidente da República e um general de quatro estrelas! .” E ele: “Mas tem que ser aí. Não fale com ninguém!” Aliás, foi um pedido que Ayrosa também fez. Arrumei, então, o quarto onde trabalho. Eu sabia que Tancredo bebia uísque, sabia que Ayrosa só bebia leite. Arrumei uma mesinha, botei salgadinhos – e os dois se trancaram lá, sozinhos. Tancredo só saiu do quarto para ir ao banheiro. De repente, quem irrompe no apartamento? Quem? Paulo Francis! Ninguém sabe até hoje como é que Paulo Francis soube. Logo logo Paulo Francis começou a ditar regras sobre o que é que Tancredo devia ou não devia fazer. Ficou aquele mal estar... José Aparecido olhava para mim como se eu é que tivesse avisado ao Paulo Francis, a quem eu não via havia tempos. E eu pensando que José Aparecido é quem tinha avisado. É um dos mistérios da minha vida essa história do Paulo Francis. Não tenho a menor idéia sobre o que é que Tancredo Neves conversou em sigilo com o general. Tenho a impressão de que nem Aparecido sabe.

GMN – Em algum momento, você, que sempre foi repórter, sentiu aquele impulso de publicar a notícia do encontro?
JS – Não. Porque ali eu não os estava recebendo na qualidade de repórter, mas de anfitrião. Eu jamais faria isso! Um dia depois, me ligaram, não se foi do Jornal do Brasil. Perguntaram: “O que Tancredo foi fazer em sua casa?” E eu : “Quem me dera.....”.

GMN – Você gosta de citar uma tirada do poeta Murilo Mendes, católico, que dizia: “Deus existe, mas não funciona.” Você, que se declara ateu, teve a chance de conhecer pessoalmente pelo menos três papas. O que é que ficou desses encontros?
JS – Conheci Pio XII quando ele já era papa, conheci João XXIII quando era cardeal de Veneza, conheci Paulo VI quando era cardeal em Milão. Com Pio XII eu tive uma decepção terrível. Fui levado ao Vaticano pelo marechal Mascarenhas de Moraes, durante a guerra. O comando da FEB pediu uma audiência ao papa. Mascarenhas me perguntou: “Você não quer ir?“ E eu: “Quero conhecer um papa!” Eu nunca tinha visto um, pessoalmente. Aquela coisa austera, aristocrática. O papa – que era poliglota – disse assim: “Brasileiros? Língua muito rica! Sábia é a mulher do sábio. Sabia é tempo de verbo. Sabiá é passarinho – pi, pi, pi, pi, pi, pi.” E foi embora! “Poliglota”! É como esse Woytila – que decora aquelas coisas, diz que sabe 800 idiomas. Não sabe. Mal sabe o italiano. Fala um italiano horroroso, com sotaque polonês. Já o meu encontro com o cardeal Montini, que viria a ser o papa Paulo VI, ocorreu na Nunciatura de Milão. Fui entrevistá-lo não porque ele era cardeal de Milão, mas porque era candidato a papa, um “papabile”, como se diz. Fez, sobre o Brasil, aqueles comentários que todo mundo faz, ”país grande e belo”. João XXIII era uma simpatia, largadão, barrigudão. Eu ouvia sobre ele, em Veneza, comentários interessantes. Quando ele foi para o conclave que escolheria o novo papa, ele só levou uma muda de roupa e a escova de dentes, porque pensava em voltar no dia seguinte. Mas terminou eleito – um sujeito fabuloso. Quando estive com ele, notei como era tranqüilo, bonachão, com orelhas enormes, deixa você logo à vontade. Queria saber de tudo. Perguntava mais do que ouvia. Queria conhecer a Floresta Amazônica. Ele é que me entrevistou.

GMN – Que tal um ônibus cheio de turistas, no Exterior, cantando “ô-lê- lê,ô-lá-lá,.....”
JS – .....”Pega no ganzê, pega no ganzá”.... Vi um dia duas velhas mineiras, senhoras de uns 50 anos, conversando na loja da Varig, em Paris, na Champs Elysée. Uma dizia à outra: “Fulana, tem tido notícias de Juiz de Fora?” A outra: “Não.” “E o que é que você tem achado de Paris?” “Ah, uma cidade bonita, mas não é a nossa Juiz de Fora.” Você ter de ouvir isso: “Não é a nossa Juiz de Fora!!!!.

GMN – Qual foi o grande livro que você não conseguiu terminar?
JS – Eu li muito Dostoievsk, mas nunca consigo chegar até o fim de os Irmãos Karamazov. Os outros eu li, Crime e Castigo, O Jogador é fantástico, maravilha de síntese. Mas Irmãos Karamazov não dá.....

GMN – Quem é o grande escritor chato?
JS – Um grande escritor chato é esse Günter Grass. Terminou ganhando o Prêmio Nobel. É chato de doer, complicado, tortuoso. Mas, quando lê com atenção, você vê que aquilo é literatura mesmo. Outro que é muito chato é Thomas Mann. Eu leio, mas é difícil.

GMN – João Gilberto, o cantor, disse que “vaia de bêbado não vale”. Você – que já bebeu mas hoje é um primor de sobriedade – vaiaria quem no Brasil de hoje, já que vaia de sóbrio vale?
JS – Em primeiro lugar, quero dizer que acho João Gilberto uma das sete pragas do Egito – e do Brasil. Só diz besteira, porque é analfabeto. Nunca leu um livro. Disse: “Vaia de bêbado não vale.” Ora, só vale! “In vino, veritas.” O provérbio romano diz que é no vinho que se encontra a verdade. Só vale! É um cretino. Quanto às vaias, as minhas vão para João Gilberto, o primeiro de todos, sempre. Depois, para Gilberto Gil, Caetano Veloso. Bote aí: Fafá de Belém, essa escória musical toda. Aliás, eu nem gostaria de vaiar. Gostaria de apupar. É o termo. Acho-os uma porcaria.

GMN – Você, que foi o fundador do Partido Socialista Brasileiro, permanece fiel ao partido depois do fim do socialismo?
JS – Fui um dos 32 fundadores do Partido. Para mim, o socialismo acabou. O que entendo como socialismo é a esquerda democrática, é não ser da direita, é querer uma divisão de renda justa e equânime, é ter todos os direitos que o Estado puder dar, em troca do dinheiro que você dá ao Estado, como existe na Suécia, nos países nórdicos. Para mim, o socialismo é isso.

GMN – O socialismo não animaria você nem como alternativa quixotesca?
JS – O problema do socialismo é o problema de estrutura econômica. Aqui no Brasil o regime é o capitalismo mesquinho, feroz, injusto. É impossível, então, estabelecer um socialismo democrático num país que caiu na mão de uma elite que só quer tudo pra ela, não divide, não cede, inclusive por burrice. O PT do Lula é o que mais se aproxima do programa do Partido Socialista.

GMN – Por que você foi o primeiro preso pelo Ato Institucional nº 5?
JS – Porque eu estava com uma gripe violentíssima, em casa. Os agentes vieram aqui, me levaram. Quem foi prevenido conseguiu fugir. Cada um deu no pé. Eu não. Se soubesse que ia ser preso, eu teria caído fora. Por que é que eu iria me deixar ser preso? Isso seria um quixotismo burro. Carlos Heitor Cony – que já não gosta que se fale nisso – foi meu companheiro de cela.

GMN – Circulou uma história – não sei se é folclórica – dizendo que você protestou porque um ladrão iria fazer companhia a vocês na sala. É verdade?
JS – Eu disse: “Aqui não! Aqui é lugar de subversivo! Ladrão é lá.” Eu sabia que do outro lado do quartel tinha a ala de ladrão.

GMN – Se você fosse escrever uma Enciclopédia Joel Silveira, o que é que você diria num verbete sobre – por exemplo – Graciliano Ramos...
JS – Uma vez, levei um conto pra ele ler. Graciliano era muito seco, nos atos. Começou a ler o meu conto. De repente, dobrou o papel, começou a rasgar, picotou tudo, virou confete. Não dava para emendar. Eu nem tinha cópia. Depois de rasgar, ele jogou na cesta. Não disse nada! Preferiu me convidar para ir ao Café Mourisco, para beber uma cachacinha e um café.

GMN – Você não perguntou nada a ele?
JS – Não perguntei nada, porque, com o gesto, ele já tinha dito o que queria dizer. Quer resposta mais explícita do que aquela – rasgar o conto? Anos depois, eu disse: “Ô Graça, mas aquele meu conto era muito ruim mesmo?” E ele: “Horroroso!”.

GMN – O verbete sobre Monteiro Lobato na Enciclopédia Joel Silveira seria como?
JS – Fiz com Monteiro Lobato uma entrevista fatídica, para Diretrizes. Fui ao chalezinho de Monteiro Lobato, no Pacaembu. Ficamos a manhã inteira conversando. Pequenino, de pijama, ele falava violentamente contra a ditadura de Getúlio Vargas. Tinha horror ao Getúlio. Lá no meio da entrevista, soltou esta frase: “O Governo deve sair do povo, como a fumaça da fogueira.” Isso em plena ditadura do Estado Novo! Samuel Wainer transformou esta frase de Monteiro Lobato em manchete. A revista foi imediatamente fechada pela polícia. Samuel se mandou para uma embaixada, acho que do Chile. Eu fui para Sergipe.

GMN – E Oswald de Andrade?
JS – Para mim, Oswald de Andrade era um moleque. Eu tinha a maior antipatia por ele. Era um sujeito ruidoso, cheio de frases feitas, um vagabundo, nunca fez nada na vida. Torrou a fortuna da família toda. Gastava dinheiro na Europa, por conta da burguesia, num gesto antipático e hipócrita.

GMN – Sobre Mário de Andrade,o que é que você escreveria?
JS – Era insuportável, um viadão, vivia cercado de garotos, todo pachola. Uma vez, escreveu uma crítica sobre um livro. Disse: “Este realmente é um bom contista, não é um Joel Silveira qualquer”. Aliás, devo ser a única pessoal do Brasil que nunca recebeu uma carta de Mário de Andrade. Todo mundo recebeu. Não me empolga. A poesia de Mário de Andrade é muito ruim, os contos são uma coisa tradicional, aquele negócio de folclore. Detesto folclore!.

GMN – Há quanto tempo não chamam você para escrever num grande jornal brasileiro?
JS – Há séculos, meu Deus do céu! Não há por que chamar”.

GMN – Faz de conta que você é o chefe de reportagem. Se chegasse aqui um jovem repórter cheio de entusiasmo e pedisse a você uma grande pauta para fazer hoje no Brasil, que assuntos você indicaria?
JS – Que tal o desaparecimento do ex-deputado Rubens Paiva durante o governo militar? Já se cavou um cova. Vamos cavar outras, então! E a morte da figurinista Zuzu Angel num acidente que não entra na cabeça de ninguém? E a explosão da bomba no Riocentro? Qual foi a intenção verdadeira? Era causar um massacre? Ou dar um susto? A morte de Juscelino ficou mal contada., a mim, não me convenceu. Eu não sou um juscelinista. Sou um leitor de jornal. E o atentado à OAB? Quem mandou? E a morte de Lamarca? E a de Marighela – um sujeito astuto e conspirador, como ele era, ia sair idiotamente daquele jeito? E aquele operário que morreu no DOI-CODI em São Paulo? E a morte de Herzog – que não tinha motivo nenhum para se suicidar? Isso tudo daria uma série fantástica.

GMN – Você conseguiria descrever Joel Silveira em uma só palavra?
JS – Teimoso. Eu não pedi para vir ao mundo. Agora, aos 80 anos, não vou pedir para sair”.

Texto e imagens reproduzidos do site: jornalistasecia.com.br/protagonista10.htm

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