sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

José Rosa de Oliveira Neto

Foto reproduzida do site: ipesaude.se.gov.br e postada pelo blog
“Meio Impresso”,  para ilustrar o presente artigo.

Publicado originalmente no Portal Infonet, em 13/02/2001

Morre José Rosa de Oliveira Neto

Aos 74 anos de idade, faleceu ontem à tarde, em Aracaju, José Rosa de Oliveira Neto, uma das mais extraordinárias personalidades do mundo jornalístico, político e intelectual da cidade. Natural de Tobias Barreto, aos 20 anos veio morar na Capital, sendo um dos primeiros formandos da Faculdade de Direito de Sergipe. Como funcionário público trabalhou inicialmente no IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), onde foi um dos responsáveis pela parte sergipana da Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, um dos mais importantes trabalhos do Instituto. Depois, na qualidade de Fiscal da Previdência, transferiu-se para o antigo IAPI, transformado em INSS, com a fusão da segunda metade dos anos 60. Como jornalista, José Rosa foi um dos profissionais que Orlando Dantas lançou mão para transformar a Gazeta Socialista em jornal diário, hoje denominado Gazeta de Sergipe. Deixou a redação do jornal quando assumiu a Subchefia da Casa Civil do Governador Seixas Dórea. Em 1964, com o golpe militar, passou vários meses detido no quartel do 28º BC, sem que lhe fizessem uma acusação formal. Como político, foi decisivo na formação do novo Partido Socialista Brasileiro, que hoje é comandado pelo ex-governador Antônio Carlos Valadares. Há mais de 3 anos sofrendo de problemas renais - submetia-se à hemodiálise três vezes por semana - há menos de 5 dias ele sofreu, em casa, um derrame cerebral, que o pôs em estado de coma. Já com morte clínica há 48 horas, o seu falecimento ocorreu às 16h30 de ontem, na Clínica São Lucas, em cuja UTI estava internado. O corpo está sendo velado na OAB - em cuja entidade integrou várias diretorias - e amanhã, logo cedo, segue para Salvador, para ser cremado, conforme desejo que deixou em testamento. Atualmente, José Rosa de Oliveira Neto administrava o escritório de advocacia Rosa, Mangueira Advogados, na Avenida Pedro Calazans, montado a menos de 2 anos, realizando um desejo pessoal de muito tempo.

Texto reproduzido do site: infonet.com.br

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Homenagem a José Rosa de Oliveira Neto, publicada sob forma de editorial na Gazeta de Sergipe, jornal com o qual colaborou durante muitos anos.

           José Rosa de Oliveira Neto, jornalista por vocação, advogado e político por opção, morreu ontem, aos 72 anos, em Aracaju, enlutando o Estado de Sergipe e a família sergipana. Era um homem de bem, devotado ao Estado, engajado, sempre, nas vanguardas que pugnaram pelas mudanças, no sentido de melhorar a vida sergipana, em todos os lugares. Originário de Tobias Barreto, foi em Aracaju que viveu a juventude, conheceu o drama da população pobre, estimulou com sua palavra amiga os mais jovens, militou entre os progressistas, compondo uma esquerda lúcida, responsável, mediando o idealismo com o pragmatismo, ocupando espaços nas oportunidades julgadas fundamentais ao processo de evolução política da própria sociedade.

           José Rosa de Oliveira Neto, ou simplesmente Zé Rosa, como gostava de ser chamado, viveu os capítulos mais importantes da história contemporânea de Sergipe. Formado na escola das lutas em favor das grandes causas, defendendo a redemocratização de 45, a anistia, participando da campanha "O Petróleo é Nosso", enfrentando a repressão e a prisão, foi dos primeiros alunos da Faculdade de Direito de Sergipe, entrou cedo no Partido Socialista Brasileiro, e no jornalismo, montando uma retaguarda da maior valia para a formação da opinião pública, desmistificando o noticiário viciado, dirigido, através desta Gazeta de Sergipe, casa que amou por longo tempo, e da qual foi um dos seus mais ilustres colaboradores.

           Poucos influíram tanto como José Rosa na imprensa sergipana. Assim como há uma geração que descende de Orlando Dantas, da qual o próprio Zé Rosa era exemplo, há também uma geração que recebeu todos os ensinamentos, orientações, e a quem dedica explícita admiração, como é o caso exemplar de Ivan Valença, como foi o caso de Carlos Alberto, o Chatô, meteoro de inteligência, vivacidade, criatividade, ou, ainda, José Carlos Monteiro, que fez carreira no Rio de Janeiro e ainda hoje atua no jornalismo, como comentarista internacional da Globo News. São muitos os seguidores de José Rosa no jornalismo sergipano, como são muitos os advogados, políticos, que tinham no amigo mais velho um líder, uma referência a ser seguida, como atesta, sempre, Wellington Mangueira, espécie de ponte intelectual e ideológica.

           As idéias progressistas, inovadoras, ganharam grande impulso com José Rosa de Oliveira Neto, pela sua formação, militância, formulação teórica e capacidade de dialogar. Apaixonado pelas causas socialistas, a elas dedicou tempo e fidelidade, poucas vezes trocando a participação ativa pela ocupação de cargos públicos. Numa dessas raras exceções, ocupou a Casa Civil do Governo Seixas Dória, que ajudou a eleger. Foram 13 ou 14 meses, nada mais que isto, de uma experiência válida, que, no entanto, valeu uma prisão, uma suspeita permanente, como uma censura que somente o tempo diluiu. Durante o período em que esteve no Governo soube ser firme, operoso, dando uma contribuição correta, equilibrada, que a história registra e o testemunho contemporâneo comprova.

           É lugar comum dizer-se que a morte de um vulto ilustre empobrece o Estado e o povo. Mas não há como fugir a essa verdade, que comove, dói e enlutece. Os artigos nos jornais e nas revistas, as conferências, pareceres, opiniões, o pequeno livro sobre Tobias Barreto, tudo resume uma biografia ilustrada, de um homem de idéias, consciente do seu papel, e principalmente do contexto que aprendeu a conhecer como poucos. Jamais ficou ausente das boas causas. Na OAB, no aconselhamento político-partidário, na participação partidária propriamente dita, ou no contato com a Justiça, como advogado, o que se tinha era um homem capaz de ser sereno com os amigos, ou inflamado na defesa de suas idéias e pontos de vista. Assim viveu, deixando a cada dia um dos melhores exemplos, que as novas gerações de sergipanos herdam para o futuro.

Publicado originalmente no jornal Gazeta de Sergipe.

Um comentário:

  1. Homenagem ao dr. José Rosa.

    Por Ivan Valença (infonet/blogs).

    O Tribunal de Contas do Estado de Sergipe faz solenidade, no próximo dia 21, uma quinta-feira, para entregar ao uso do público a Sala de Imprensa Dr. José Rosa de Oliveira Neto. A solenidade está marcada para as 11h. Se ainda estivesse vivo, o Dr. José Rosa teria completado 90 anos de idade, de uma vida bem vivida cheia de histórias. Foi sub-chefe da Casa Civil do Governo Seixas Dória e saiu quando ele foi impedido pelo Governo Militar de 1964. Jornalista com um teto primoroso, o dr. José Rosa foi um guru de todos os jornalistas dos anos 60 e 70, quando emprestou sua colaboração à “Gazeta de Sergipe”. A partir daí dedicou sua vida profissional à fiscalização da Previdência Social. Foi também presidente de um embrionário Sindicato dos Jornalistas na época. O Dr. José Rosa foi uma figura ímpar e recebe agora, embora tardiamente, uma homenagem merecida.

    Texto reproduzido do site: infonet.com.br/blogs/ivanvalenca

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