sábado, 4 de agosto de 2018

A Curta história de um publicitário e jornalista.

Foto reproduzida Facebook/Déborah Pimentel e postada no blog, 
para ilustrar o presente artigo

Texto publicado originalmente no Blog Luiz Eduardo Costa, em 28/07/2018

A Curta história de um publicitário e jornalista.

Por Luiz Eduardo Costa

                 Era, se não falha a memória, o ano de 1966. Por volta das oito horas, a redação do Diário de Aracaju apenas começava a funcionar. O jornal era, em Sergipe, um marco da modernização na forma de fazer o texto jornalístico e no aspecto gráfico. Pertencia à portentosa cadeia dos Diários Associados, a Globo da época.

                    Na redação, ainda tranquila, entra um jovem com modos educados e vai perguntando: “O que é aquilo?” Ele apontava para umas berinjelas que estavam sobre a mesa.  Respondida a pergunta, ele recebe de volta: “E quem é o senhor?”. O curioso aproxima-se, alarga o sorriso e apresenta-se: “Sou Nazário Ramos Pimentel”. E vai contando a sua vida. Paraibano, era um pequeno industrial, tinha uma fábrica descaroçadora e produtora de óleo de arroz em Pão de Açúcar. Faliu. Viera morar em Aracaju, depois de pagar aos credores, e aqui residia com a mulher e suas duas filhinhas pequenas. Helena, a esposa, enfermeira, trabalhava num setor federal que cuidava, e bem, da saúde pública.

                   Em pouco tempo estava empregado, após uma conversa com o diretor comercial Raimundo Luiz da Silva. No outro dia, o paraibano curioso chega com uma pasta e vai começar o trabalho de vendedor, de publicitário.

            Aproximava-se o 31 de março, segundo aniversário da “Revolução Democrática que Salvou o Brasil do Comunismo” e era preciso comemorá-la condignamente, ou seja, faturando. Os Diários Associados, criação de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo, um genial sujeito, misto de escroque, de visionário, de inovador e, também, um generoso filantropo e mecenas.

                    Pimentel foi ao comandante do 28º BC, mostrou-lhe os seus “propósitos patrióticos” de exaltar a “revolução salvadora” e dele ganhou um infalível bilhete de apresentação. Aí, ele começou a levar o bilhete a empresários, prefeitos, chefes de repartições. Nunca se fez, nem se fará jamais em Sergipe, um Suplemento Comemorativo tão volumoso. Enquanto Pimentel corria a praça, um jornalista esgotava adjetivos para exaltar a “gloriosa”, embora isso lhe causasse discretos engulhos. Sobreviver é preciso.

                O jornal teve de ser rodado em Salvador, a sede regional dos Diários Associados.  O jornalista Odorico Tavares, o chefe, um intelectual afável, amigo e protetor de poetas e pintores desvalidos, chamou o seu diretor comercial e lhe passou uma reprimenda, dizendo que mirasse no exemplo dos sergipanos.

                  Garantiu-se a folha do Diário por alguns meses.  Pimentel e o jornalista que redigiu as arengas, com as comissões recebidas, compraram, cada, um carro quase novo.

                   Depois, a história de Pimentel é bem conhecida. Criador de jornais, em Aracaju e Maceió, de uma emissora de rádio, também na capital alagoana. Montou, em sociedade com dois outros, então jovens empresários e visionários, e já ricos, Murilo Dantas e Lauro Menezes, a primeira agência de turismo em Sergipe e, também, a PPP, uma das primeiras empresas de publicidade em Aracaju.

                 Pimentel se tornaria hoteleiro. Foi quando a EMSETUR, antevendo o futuro em Canindé com o início das obras da hidrelétrica, projetou um hotel no ponto mais aprazível da região. O projeto foi da arquiteta Lúcia Leão, o Estado entraria com algo em torno de 40 por cento do investimento.

                  Um alagoano, Omena, hoteleiro em Aracaju e Maceió, topou a empreitada, iniciou o hotel e desistiu, pois já havia dúvidas sobre a continuação das obras da hidrelétrica. Foi aí que Pimentel, numa noite no Parque dos Coqueiros, tomando o bom uísque do empresário Frederico Meinberg e com o jornalista, dono das berinjelas do seu primeiro dia na redação do Diário de Aracaju, então na EMSETUR, topou assumir o hotel. No dia seguinte teve de ser relembrado do compromisso, mas foi levado ao governador Valadares e logo viajou a Canindé. Está lá até hoje, no moderno Xingó Parque Hotel, um pioneirismo que deu certo.

              Nesse dia 28 de julho, data em que morreu Lampião, nascia em Campina Grande o menino Nazário Ramos Pimentel, que, em consequência disso, hoje completa oitenta anos.

Texto reproduzido do site: blogluizeduardocosta.com.br

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