Capas da revista 'Time' com as ‘Pessoas do Ano’ REUTERS
Publicado originalmente no site do jornal Brasil El País, em 11 DEZ 2018
Revista ‘Time’ escolhe Jamal Khashoggi e outros jornalistas
perseguidos como ‘Personalidades do Ano’
Pela primeira vez, publicação divide seu reconhecimento
anual entre vários profissionais do jornalismo
O jornalista saudita Jamal Khashoggi, assassinado em 2 de
outubro deste ano no consulado de seu país em Istambul, é uma das
Personalidades do Ano escolhidas pela revista norte-americana Time. A
publicação dividiu a distinção com outros jornalistas: a filipina Maria Ressa,
perseguida pelo regime de Rodrigo Duterte, e dois repórteres da agência Reuters
presos: Wa Lone e Kyaw Soe Oo, da Birmânia. A Time também reconhece o trabalho
do jornal local Capital Gazette, de Annapolis (Maryland, EUA), que teve cinco
funcionários mortos em um ataque perpetrado em 28 de junho.
"Como todos os dons humanos, a coragem chega a nós em
quantidades e em momentos diferentes", disse o diretor da revista, Edward
Felsenthal. "Este ano reconhecemos quatro jornalistas e uma empresa
jornalística que pagaram um preço terrível por enfrentar o desafio deste
momento." A Time anunciou sua decisão com a publicação de quatro capas
diferentes, com o título The Guardians and the War on Truth (os guardiães e a
guerra pela verdade).
A revista também faz uma menção ao Brasil, mais precisamente
à jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha de S.Paulo. "No Brasil, a
repórter Patricia Campos Mello foi alvo de ameaças depois de informar que
partidários do presidente eleito Jair Bolsonaro haviam financiado uma campanha
para espalhar notícias falsas sobre o WhatsApp". Ouvida pela revista
norte-americana, Cristina Zahar, secretária-executiva da Abraji (Associação
Brasileira de Jornalismo Investigativo), diz que "com a polarização, a
crença em sua própria verdade se fortaleceu, e não importa se os outros dizem
que é mentira". "Estes são novos tempos, realmente novos
tempos", diz, em referência aos ataques de Bolsonaro à mídia,
acrescentando que "os jornalistas precisam encontrar maneiras de lidar com
isso."
A decisão da revista, que concede a distinção de Pessoa do
Ano desde 1927, desta vez quebrou a tradição de concedê-la a uma pessoa viva e,
também, de concedê-la a um único jornalista. Esta é a segunda vez consecutiva
em que a publicação reconhece um grupo e não uma única pessoa. Em 2017, dedicou
o reconhecimento às mulheres que romperam o silêncio contra o assédio sexual.
No passado, a revista não apenas reconheceu personalidades
dignas de admiração, mas também outras que, por diversas razões, atraíram o
interesse da mídia. Foi o caso de Adolf Hitler (1938), Josef Stalin (1939 e
1942), seu herdeiro político, Nikita Kruschev (1957), e o aiatolá iraniano
Khomeini (1979).
Texto e imagens reproduzidos do site: brasil.elpais.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário