domingo, 28 de julho de 2019

Jornalismo: olhar crítico da realidade

Cleomar Brandi, jornalista há 32 anos

Publicado originalmente no site do Portal INFONET, em 15 de agosto de 2008 

Jornalismo: olhar crítico da realidade

Ser curioso e teimoso. Essas duas qualidades parecem ser características de uma criança, mas na realidade, são alguns dos principais pré-requisitos para quem quer seguir a carreira Jornalística. É o que conta o diretor de Jornalismo da TV pública Aperipê e atuante há 32 anos na área, Cleomar Brandi. A oferta para esse curso pode ser encontrada na Universidade Federal de Sergipe ou Universidade Tiradentes.

Para entender a importância do Jornalismo nos tempos de hoje, basta ver as conseqüências de uma notícia divulgada de maneira equivocada. Por exemplo, como você reagiria ao recebimento de uma intimação na sua casa por um nome trocado? Ou no caso de uma acusação de estupro ou estelionato de qualquer espécie sua família fosse “apedrejada”?

Responsabilidade Social

Jornalismo é muito mais que a habilidade para levar informação para um determinado público. Na verdade, é o resultado de uma preparação técnica, e principalmente, ética para conduzir a notícia diante dos fatos. Para Cleomar, tem elementos fundamentais que compõem o profissional da área. “É preciso ser crítico, entender o mundo, gostar de ler e tentar trazer algo diferente que o clichê encontrado nas redações. Tem que ser teimoso para conseguir uma boa matéria e saber conduzir o impacto social”, diz.

Quanto a não obrigatoriedade do diploma, que é especulada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e que afeta negativamente jornalistas, Cleomar destaca que o principal prejudicado é a sociedade. “Jornalistas e a sociedade têm que se mobilizar para não deixar isso acontecer. Quem vai ganhar é o empresariado que vai colocar quem e por quanto quiser. Quem perde, a população”, ressalta.

A essência para a atividade jornalística

Redação de um jornal impresso Local

Entre as principais categorias para divulgação das notícias estão: impresso, radiofônico, televisivo e on-line. Em todos eles, há uma mesma regra quanto aos direitos e deveres do profissional, o que muda é o suporte de mídia. O jornalista Cleomar Brandi, dá a dica. “Quem não lê, não escreve”, frisa.

A prática do Jornalismo passa por essa dinâmica de leitura sempre. Cleomar diz que “é preciso ter acesso a livros para armazenar palavras e ter um arsenal de pensamentos capazes de expressar uma informação. Ser crítico diante da realidade”. Para estudantes, matérias teóricas são as mais indicadas. “Estudar as disciplinas História e Geografia, quando no ingresso para as faculdades, são as que agregam valor ao conhecimento e dá suporte para a atividade jornalística”, diz.

A mídia e suas interfaces

Aparelhagem para edição de imagens

Brandi destaca que para cada meio de comunicação há pontos específicos que caracterizam a prática jornalística. Ele aponta que “no rádio, o imediatismo das informações e o destaque mágico para as coisas acontecerem diferente de todos os outros meios de comunicação”.

Quanto ao impresso, “trabalhar mais detalhadamente a matéria e ver no impresso a raiz da coisa tem seu diferencial”. Já o on line, “a divulgação das informações de maneira rápida e curta tem que ser destacado nos tempos modernos”, salienta. Para fechar o rol das atividades, a televisão. “A TV aponta como um arsenal tecnológico que fascina jovens estudantes de Jornalismo e passa a ser um dos principais canais de busca de informação pela sociedade”

A TV não é tudo – O Mercado está a todo vapor

Studio para apresentação no Jornalismo

A televisão, visada por boa parte dos estudantes de Jornalismo, tem sido cultivada pela sociedade que preza constantemente o valor pela imagem. O editor de imagens, jornalista Adolfo Sá diz que “uma possível explicação é a ilusão de aparecer. E a própria sociedade cultiva isso na função. É uma massagem no ego”. Esse frisson tem refletido na preferência desse veículo em relação a todos os outros. Brandi diz que “o mercado está carente de funções específicas de bastidores, como a de produtor, editor e afins”.

O editor Adolfo, que atua no mercado há 3 anos, diz que repórteres e apresentadores são na verdade o resultado final de uma equipe que trabalha intensivamente nos bastidores. “Quase 90% dos profissionais, no caso da Televisão, trabalham sem aparecer na linha de frente. Além disso, não basta ter uma boa estampa, tem que ter um bom texto e uma postura como profissional”. 

Adolfo: tem que gostar do que faz

Mas tem que ser bom …

Para se manter no mercado, Brandi dá uma dica que é comum a todas as outras profissões: “você tem que ser bom no que faz”, diz o diretor. Hoje em dia, no mercado do Jornalismo a pessoa tem que gostar. Em Sergipe, o piso base pago ao jornalista é de R$ 880,00. O jornalista Adolfo Sá conclui concordando. “Hoje se faz [Jornalismo] porque é gratificante e prazeroso. Não é uma atividade atrativa quanto a salários”, finaliza. 

Por Karinéia Cruz e Raquel Almeida

Texto e imagens reproduzidos do site: infonet.com.br

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