terça-feira, 25 de maio de 2021

Jovens Intelectuais na Imprensa Estudantil é tema de livro


Publicação compartilhada do site da SEGRASE, de 18 de fevereiro de 2021

Jovens Intelectuais na Imprensa Estudantil é tema de livro

A obra conta a trajetória da imprensa estudantil de Sergipe através da seleção de jornais criados nas décadas de 1930 a 1950

A Editora Diário Oficial de Sergipe - Edise, órgão suplementar da Empresa de Serviços Gráficos de Sergipe – Segrase, publica ‘Agremiações Culturais de Jovens Intelectuais na Imprensa Estudantil’, do pesquisador e jornalista Gilfrancisco Santos.

A obra conta a trajetória da imprensa estudantil de Sergipe através da seleção de jornais criados nas décadas de 1930 a 1950, período em que marcou um movimento intelectual estudantil, cultural e político.

O pesquisador ressalta a importância em retratar a história dos jornais estudantis. “Esse tema faz parte da historiografia cultural de Sergipe, no livro as pessoas conhecerão como pensavam e atuavam esses estudantes, a confecção dos jornais, quem financiava, se existia independência ou eram atrelados a direção de cada escola”.

Gilfrancisco revela ainda que alguns estudantes tinham total liberdade para escrever, outros eram dirigidos e coordenados por diretores, vice-diretores ou professores. Como circularam no período do Estado Novo (1937-1946), há citações da importância que Getúlio Vargas deu a esses periódicos, “o Governo Federal financiava os jornais estudantes, inclusive tinham liberdade para escrever o que quisessem, expor o que pensavam, com a condição de que em cada edição houvesse material publicitário do Estado Novo, que eram textos enviados pelo Departamento de Imprensa e Propaganda”, conta o pesquisador.

A motivação para pesquisar o tema, segundo Gilfrancisco, foi a inexistência de escritos sobre a história da imprensa estudantil em Sergipe.  “Esse tema está fragmentado em alguns trabalhos e na imprensa, mas ninguém tinha se debruçado sobre a temática, que é riquíssima. Também fiquei preocupado porque identifiquei que em alguns anos não teríamos essas informações, pois os jornais estão sendo perdidos, há a falta de digitalização, fato lamentável, pois são jornais valiosos do ponto de vista de informações”, explica o autor.

Para Gilfrancisco Santos, foi no período do jornalismo estudantil que ele observou que houve o desenvolvimento da imprensa sergipana, porque muitos desses estudantes secundaristas e ginasianos que iniciaram sua carreira na imprensa estudantil se tornaram grandes jornalistas não só de Sergipe, mas com atuação no Brasil. Exemplos não faltam, Joel Silveira; Aloisio Mendonça Sampaio; Walter Mendonça Sampaio; Armindo Pereira; Silval Palmeira, líder do Partido Comunista; José Calazans Brandão da Silva; Márcio Rolemberg Leite; Raimundo Souza Dantas que foi nomeado pelo presidente Jânio Quadros para atuar na África como embaixador e adido cultural; José Bonifácio; Fragmon Carlos Borges que assume a direção de dois jornais do Partido Comunista no Sul do país e Célio Nunes que ficou uma grande parte de sua vida em Sergipe, mas atuou no jornalismo da Bahia.

Apesar dos quase 50 anos de atividade jornalística e de pesquisa, Gilfrancisco Santos diz que ainda encontra surpresas em suas pesquisas. “Iniciei no jornalismo na minha fase ginasial, com 16 anos eu já fazia trabalho para jornais estudantis. Entrei aos 17 anos na Universidade Federal da Bahia e fui trabalhar com pessoas que já estavam envolvidas com pesquisa, dois deles sergipanos, nos tornamos amigos, o Nelson de Araujo, capelense, teatrólogo, que publicou mais de 20 livros e foi membro do Partido Comunista e o professor José Calazans Brandão da Silva, visto como conservador, integralista fascista, estudioso da Guerra de Canudos. Faz poucos dias que eu descobri um fato que me surpreendeu, na imprensa sergipana ele sempre foi chamado de reacionário, mas quando o Partido Comunista foi colocado pelo Governo Federal na ilegalidade, Calazans dá um depoimento se posicionando contra a ilegalidade. Seu posicionamento era perigoso para ele na época, pois ele era o presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe”, detalha Gilfrancisco.

Sobre a obra ser publicada por uma editora sergipana, Gilfrancisco Santos diz que está satisfeito, pois a mesma tem importância vital. “Se não existisse a Edise, jamais poderíamos ter tantos livros editados sobre Sergipe, além dela também revelar novos talentos e divulgar nossas obras dentro e fora do Estado”. Para o presidente da Segrase, Francisco de Assis Dantas, essa é mais uma obra que honra o trabalho da Edise. “Nosso papel é divulgar nossas histórias, dar visibilidade a nossa cultura e aos nossos escritores. O livro é uma das maiores invenções, pois por meio deles são transmitidos conhecimentos, culturas e a história do homem que não é só preservada, mas transmitida de geração para geração. Graças a pesquisa de Gilfrancisco Santos vamos conhecer uma nova história sergipana”.

Texto e imagens reproduzidos do site: segrase.se.gov.br

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