Publicado originalmente no site do Portal G1 GLOBO, em 27 de
junho de 2021
Morre, aos 69 anos, o escritor e jornalista Artur Xexéo
Colunista do jornal 'O Globo' e comentarista da GloboNews
estava internado na Clínica São Vicente, na Zona Sul do Rio.
Por G1
O escritor, jornalista e dramaturgo Artur Xexéo morreu neste
domingo (27) aos 69 anos. Ele estava internado na Clínica São Vicente, na Zona
Sul do Rio.
REPERCUSSÃO: "Elegante, inteligente, culto, divertido,
amigo", diz Miriam Leitão.
Xexéo foi diagnosticado apenas duas semanas atrás com um
linfoma não Hodgkin de células T. Fez a primeira sessão de quimioterapia na
quinta e passou mal à noite. Na sexta, teve uma parada cardiorrespiratória,
logo revertida. Mas, em função dela, não resistiu e morreu na noite deste
domingo. Artur Xexéo deixa o companheiro, Paulo Severo, com quem foi casado por
30 anos.
Entre os seus livros estão "Janete Clair: a usineira de
sonhos", "O torcedor acidental (crônicas)" e "Hebe, a
biografia". Escreveu ainda, junto com Carlos Heitor Cony e Heródoto
Barbeiro, "Liberdade de Expressão".
Colunista do jornal "O Globo" e comentarista da
GloboNews, ele também teve passagens por "Veja" e "Jornal do
Brasil". Desde 2015, participava da transmissão do Oscar na Globo. Também
ficou conhecido no rádio. Na CBN, estreou ao lado de Carlos Heitor Cony como
comentarista.
"Tudo que eu faço, o que eu edito, o que eu escrevo, é
em nome do leitor. Então, eu acho que ele tem o direito de reivindicar, de
gostar, de não gostar, de reclamar, de escrever, de se colocar, de se
posicionar, eu gosto de participar dessa troca", afirmou, durante uma das
várias entrevistas concedidas ao longo de sua carreira.
Xexéo também foi dramaturgo. Escreveu o musical “A Garota do
Biquíni Vermelho” e a peça "Nós sempre teremos Paris". Traduziu o
espetáculo musical "Xanadu", dirigido por Miguel Falabella, e
"Love Story, o musical", dirigido por Tadeu Aguiar. Foi responsável
também pelos musicais "Cartola - o mundo é um moinho" e "Minha
Vida Daria Um Bolero". Em 2019, fez a adaptação do musical "A cor
púrpura".
Um de seus últimos espetáculos escritos foi “Bibi, uma vida
em musical”, em homenagem à diva do teatro Bibi Ferreira.
Trajetória no jornalismo
O jornalismo não foi sua primeira opção ao escolher uma
faculdade. Mas logo percebeu o caminho que iria trilhar. "Quando eu
cheguei na engenharia, eu levei um susto porque não gostava de nada",
contou.
"Mas, quando eu larguei a engenharia, eu querendo em
casa prestar uma satisfação, ter um curso superior, eu fui fazer comunicação,
que era um curso fácil de entrar, rápido, só por isso. E, no meio da faculdade,
eu me interessei por jornalismo, já no terceiro ano de faculdade. Aí eu gostei,
comecei a achar aquele mundo interessante, aquele mundo fascinante."
Xexéo começou no "Jornal do Brasil" em 1978 como
repórter na sucursal do Rio de Janeiro. Conheceu o jornalista Zuenir Ventura e,
em 1982, foi convidado para trabalhar na revista "IstoÉ". Em 1985,
virou subeditor da Revista de Domingo, suplemento cultural do Jornal do Brasil.
Ao se aproximar da cobertura cultural, desenvolveu um estilo
de texto leve, que veio a se tornar a marca do jornalista.
"Eu acho que eu passava essa impressão escrevendo, ‘Ah,
eu vejo você falando quando eu leio o que você escreve’. E aí, eu comecei a ver
as coisas que davam certo. Então, se tivesse mais humor, realmente agradava
mais”, contou.
Também foi editor do Caderno B, do caderno de Cidade e
subsecretário de redação. Em 1992, foi convidado para ser um dos colunistas do
jornal. Em 2000, mudou de casa. Virou colunista do jornal "O Globo".
Foi também editor do suplemento Rio Show e do Segundo Caderno.
Uma das maiores inspirações do jornalista foi o cronista
Sérgio Porto, conhecido pelo pseudônimo Stanislaw Ponte Preta. Embora o autor
tivesse se notabilizado por livros, Xexéo disse que a obra de Porto o inspirou
até para falar sobre televisão.
“O Stanislaw tem muito o universo da televisão, o universo
do show business, o comportamento político, que eu não sei se é parecido, mas
com o qual eu me identifico, e eu me passei a perguntar se não teria uma
influência mesmo não consciente”.
Inspirações como essa alimentaram o trabalho de Xexéo
naquilo que ele mais se notabilizou: suas colunas. Era nesse espaço que o
jornalista buscava ir muito além de escrever agendas ou a programação cultural
da cidade.
“Acho que o jornalismo vive de surpresas, você bota na
primeira página o que surpreende o leitor, você procura a manchete que
surpreenda o leitor, não tem nada mais chato que manchete velha, notícia velha
na manchete, então eu acho que o desafio é você surpreender todo dia e quanto
menos rotina você tiver, mais fácil você surpreender.”
As surpreendentes colunas atraíam os leitores, que enviavam
cartas ou e-mails para Xexéo. Fossem críticas ou elogiosas, o colunista era
grato por essas mensagens — na opinião dele, elas mostravam o tamanho da
responsabilidade do trabalho do jornalista.
"Acho que a internet trouxe isso: eu recebo muitos
e-mails, mais no dia em que sai a coluna. E eu procuro... eu já respondi
mais... o problema de você responder e-mail é que aí o leitor manda outro, aí
fica um sem fim, eu já cheguei a pensar: “Eu respondo, mas depois não mando
mais, se ele responder, eu não mando mais”. Mas é muito bom, é a melhor
resposta que você tem de leitor, eu não sei se é muito verdadeira, se ela é
muito significativa, mas é a resposta que você tem de cara, se a coluna agradou
ou não agradou pela quantidade de e-mails, pelo que os e-mails estão
falando."
Texto e imagem reproduzidos do site: g1.globo.com
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