segunda-feira, 19 de junho de 2023

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Post compartilhado do Facebook/Jorge Carvalho do Nascimento, de 13 de junho de 2023

Memórias do Jornalismo e da Coluna Social 
Por José Anderson Nascimento *

Memórias do jornalismo e da coluna social é o mais novo livro do professor, escritor e acadêmico Jorge Carvalho do Nascimento, ocupante da Cadeira n. 34 da Acadêmica Sergipana de Letras e presidente da Academia Sergipana de Educação. Composto com 286 páginas e editado com o selo da Criação Editora, recebe o prefácio do jornalista Ancelmo Gois, que destaca a pesquisa do autor sobre o colunismo social. A obra em comento está sumariada com uma Introdução e seis capítulos, entrevistas e referências bibliográficas.

Na Introdução, o seu autor apresenta os objetivos da obra e as suas leituras acerca do colunismo social, bem assim, discorre sobre a sua iniciação no jornalismo, destacando a sua amizade e companheirismo com o jornalista Luiz Antônio Barreto, principal mentor da sua trajetória na imprensa, em Sergipe.

No seu trabalho, Carvalho avalia a contribuição de vários colunistas e de destacados jornalistas que atuaram na imprensa em Aracaju, demonstrando a importância deles no desenvolvimento cultural do nosso estado. Mostra contribuições relevantes dos participantes desse processo a começar por Carlos Henrique de Carvalho, mais conhecido nos meios jornalísticos e sociais como Bonequinha, considerado o pioneiro da coluna social em Sergipe, seguido Amaral Cavalcante, Ancelmo Gois, Araripe Coutinho, Arlene Chagas, Christina Souza, Clara Angélica Porto, Deisy Monte, Fátima Botto, Gracinha Barreto, Ilma Fontes, João Barreto Neto, João de Barros, Karmen Mesquita, Kerginaldo Reis, Lânia Duarte, Laurindo Campos, Ledinaldo Almeidha, Luís Mendonça, Luiz Adelmo, Luiz Daniel Baronto, Luiz Eduardo Costa, Lurdinha Gusmão, Madalena Sá, Marcio Lyncoln, Maria Franco , Maria Luiza Cruz, Olímpio Seixas, Osmário Santos, Paulo Nou, Pedrito Barreto, Sacuntala Guimarães, Sônia Mara, Tanit Bezerra, Thaís Bezerra, Wellington Elias e Zelita Rodrigues Correia, que se mantiveram por mais tempo nas páginas dos jornais Gazeta de Sergipe, Diário de Aracaju, Jornal Sergipe, Tribuna de Aracaju, Jornal da Cidade e de outros noticiosos.

O autor, ouvindo os seus entrevistados e pesquisando de forma empírica os jornais e revistas publicados nos anos de  1960, 1970 e 1980, apresenta uma série de  notícias, onde relata acontecimentos locais e  nacionais que evidenciaram matérias jornalísticas e notabilizadas no segmento da “Coluna Social”, época em que o jornalista Ibrahim Suede lhe deu uma nova roupagem, não se descuidando das abordagens chistosas, em que focalizava pessoas do High Society carioca e das suas influências exercidas no campo político, empresarial e social. Nas suas notas não faltavam as fofocas envolvendo empresários, políticos, banqueiros e renomados artistas da imprensa radiofônica e televisiva, esta em ascensão a partir da década de 1960. A escrita do colunista Ibrahim Suede, com mensagens curtas e picantes, serviu de modelo para inúmeros seguidores espalhados pelo Brasil. Desde aquele tempo, as pessoas adoravam e até pediam para aparecer na coluna social e, algumas delas, alimentavam os colunistas com informações sobre os acontecimentos da sua vida, da sua família, de parentes e das vidas dos outros. Sempre havia uma notinha de fofoca, principalmente envolvendo lances amorosos, que causavam o maior frisson entre os personagens que estavam no palco da boataria.

Carvalho analisa ainda a função da coluna social e os seus reflexos e impactos na sociedade; refere-se, também, à isenção e ao interesse econômico dos colunistas na divulgação dos fatos. Por outro lado, mostra a função dos informantes e consequente troca de favores na divulgação das notícias. Na sua abordagem, descreve com muita precisão a ansiedade dos colunáveis ao verem as suas intimidades expostas em veículos de comunicação, principalmente agora com a velocidade da notícia na Internet.

Além dos colunistas sociais, está a função dos fotógrafos que os acompanhavam nas festas de formatura, de casamentos, de debutantes, e nas solenidades políticas e empresariais, valendo lembrar o nome de Zé (fotógrafo) da Gazeta, que, nos idos de 1962, acompanhava este escriba quando assinava a coluna Background, na Gazeta de Sergipe, pioneira em incluir fotografias dos seus entrevistados e das debutantes que embelezavam as páginas das suas colunas. O fotógrafo passou a ser peça importante no colunismo social, e Zé da Gazeta merece uma menção especial pois ele se empenhava em revelar as fotos e a produzir o clichê, num processo bem artesanal para a gravação da foto numa placa de metal, a fim de ser levada à prensa, pelo tipógrafo José Eugênio de Jesus, com a finalidade de compor a matéria jornalística, para a circulação da edição do jornal, já que ainda não havia os processos modernos de composição de textos como a máquina linotipo, composer ou offset printing.

O ensaio de Carvalho é um documento representativo, não só para a memória do jornalismo sergipano, mas para o contexto geral da literatura, uma vez que ele expõe o relacionamento do High Society com as diversas camadas sociais aracajuanas da época.

Assim, com essas breves considerações, recomendamos a leitura de Memórias do jornalismo e da coluna social.

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* Jornalista, advogado, escritor e professor universitário. Presidente da Academia Sergipana de Letras.

Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Jorge Carvalho do Nascimento

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