Legenda da foto: Jornalista Célio Nunes - (Crédito da foto: Wellington Barreto).
Artigo compartilhado do blog LITERATURA SERGIPANA, de 1 de fevereiro de 2015
CÉLIO NUNES, um contista do cotidiano
Por: Allan de Oliveira.
O jornalista, contista, sindicalista, e ativista político, Célio Nunes da Silva nasceu no dia 11 de outubro de 1938 em Aracaju / SE, sendo filho do operário gráfico, funcionário da Secretaria do Estado da Fazenda, e líder sindical José Nunes e da Professora Júlia Canna Brasil e Silva. Estudou no Grupo General Valadão (antes Escola de 1º Grau General Valadão e, atualmente, Colégio São José) e no Colégio Atheneu Sergipense. Começou a carreira de jornalista no final da década de 1950 no jornal Folha Popular do PCB. Após ter adotado ideias comunistas das quais o pai também fora adepto, tornou-se militante estudantil da UJC, e depois, dirigente do PCB. Posteriormente, fora morar no Estado da Bahia, trabalhando em jornais como repórter, redator e correspondente dos jornais Tribuna da Bahia, Jornal da Bahia e A Tarde, além de também ter exercido funções públicas. Participou do Movimento Cultural da Bahia e do movimento de Teatro Amador. Morou em Itabuna com o irmão, o poeta Hélio Nunes e depois em Ilhéus, onde trabalhou no Diário da Tarde, Correio de Ilhéus, e diretor da Secretaria da Câmara de Itabuna e do Departamento Cultural da Prefeitura. Ao ter morado em Salvador fundou a Sociedade Itabunense de Cultura (SIC), montando várias peças teatrais. Com o Golpe de 1964, foi perseguido, juntamente com o pai e o irmão Hélio Nunes, sofrendo agressão psicológica.
No ano de 1972, fez o Curso de Jornalismo na UFBA, abandonando o curso para voltar para o Estado de Sergipe, trabalhando no serviço público e em jornais, sendo reconhecido como jornalista pela lei da regulamentação de 1971. Logo mais em Aracaju, trabalhou como assessor de imprensa do extinto Condese e na Secretaria de Planejamento, local que se aposentou, e também redator da Gazeta de Sergipe, redator e editor no Jornal da Cidade, redator, editor e diretor geral no Jornal da Manhã, criando o suplemento cultural Arte & Palavras que ajudou como literato, além de divulgar escritores de Sergipe, dirigido aos meios acadêmicos e intelectuais do Brasil e do exterior. Fundou em 1977 o Sindicato dos Jornalistas de Sergipe com alguns amigos, sendo presidente durante dois mandatos e membro de várias associações.
Em suas estórias são mostradas desilusões, angústias, adultério, havendo toques de ironia e lirismo com personagens simples do povo como operários, pescadores, prostitutas, e temas voltados para a promiscuidade, o adultério, o alcoolismo, onde o palco se dá em cidades como o Rio de Janeiro, Bahia, Sergipe, e Alagoas. O próprio autor revela: “[...] existe toda a vida de um ser humano em meio ao mundo caótico em que vivemos”. (NUNES, Célio, 2005). Publicou contos em jornais, revistas, antologias e artigos literários. As primeiras publicações ocorreram na Bahia e em 1972, a consagrada poetisa Núbia Marques o incluiu na antologia Contos e Contistas. No ano de 1980 publicou o livro Trajetória para a Ilha dos Encantados, tendo participado também da antologia Prosa Sergipana organizada de 1992 por José Olyntho e Márcia Maria, lançando em 2000 o livro Réquiem para José Eleutério e em 2005, O Diário de W.J.
“Célio Nunes pertence à uma privilegiada irmandade: esta constituída de escrevedores-pensadores, que quando deitam a lançar frases sobre o papel o fazem com tal elegância, firmeza e zelo, que é de pensar o branco da folha manifestando-se infinitamente grato por tornar-se o suporte de tão extraordinário talento desmembrado em linhas. Contador de histórias, inventor de argumentos aparentemente simples (eis o pântano traiçoeiro de literatura celiana tão rica), Célio tomou Aracaju, qual província-universo, como arena em que personagens de um banal surrealismo transformam, sob a égide do escritor, seus dias de mesmices e vazios profusos em tormentosas ocorrências, que tanto mais trágicas são quando percebidas diante dos silêncios impostos pelo mundo corroído duma solidão constante”. (Orelha do livro Réquiem para José Eleutério APUD Léo A. Mittaraquis).
Em 2004, Célio Nunes recebeu pela Prefeitura Municipal de Aracaju a medalha da Ordem do Mérito Cultural Ignácio Barbosa. Faleceu em 13 de agosto de 2009 em sua residência, vítima de infarto agudo.
É importante lembrar também que Célio Nunes foi irmão de Hélio Nunes, um escritor sergipano que foi perseguido durante a Ditadura Militar no Brasil...
Texto e imagem reproduzidos do blog: literaturasergipana blogspot com
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