Lembrar do semanário “O Pasquim”
é motivo de boas e tristes lembranças. Foi um jornal que ajudou muitos jovens a
saírem da alienação, despertando sua curiosidade política, atiçando seu senso
crítico, fazendo com que questionassem em casa, junto a seus pais o que
realmente estava acontecendo com o Brasil. Era um jornal esperado ansiosamente
nas bancas, pois havia sempre aquela expectativa de que sua edição fosse
apreendida a qualquer momento, como aconteceu na época com as revistas “Ele
& Ela” e “Realidade”. Possuía uma equipe de jornalistas talentosos que
sabiam driblar todo tipo de dificuldades, como a falta de publicidade, uma gestão
capenga, censura prévia na redação, perseguições políticas e prisões. Mesmo
assim a “patota” se divertia trabalhando, como nas longas entrevistas etílicas
e nas animadas sessões fotográficas. “O Pasquim” tinha uma turma unida e de
muita coragem, inteligência, criatividade, bom humor e disposição para muitas
farras. Editavam um semanário que se mantinha praticamente com as vendas em
bancas e como vendia todos os exemplares, já garantia a impressão da próxima
edição. Alguns talentosos jornalistas que fizeram parte de “O Pasquim”: O
internacional Newton Carlos que trabalhou até pouco tempo na Rádio
Bandeirantes, Jaguar o grande timoneiro, Ziraldo com suas charges e textos
impagáveis, juntamente com o saudoso Henfil, Millôr Fernandes inteligência
saindo por todos os poros, Sérgio Augusto grande intelectual, Ivan Lessa com
seu humor sarcástico, Sérgio Cabral grande conhecedor da música, Ruy Castro
escritor de mão cheia, Tárik de Souza crítico musical, Nani e os saudosos Paulo
Francis uma cultura geral invejável, Tarso de Castro um primor de artigos
críticos, Fausto Wolff inconformado e sempre indignado com as falcatruas e
coisas erradas deste país. Poderia citar ainda muitos outros que honraram e
honram até hoje a nossa imprensa. Todos eles viveram momentos de grande
repressão e censura, em um período negro em que o país vivia na ditadura e
ajudaram na volta da Democracia e da Liberdade de Expressão, luta esta que deve
ser contínua e vigiada, agora em mais este meio fantástico que é a internet.
Armando Maynard
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