domingo, 16 de dezembro de 2012

Homenagem a Ivan Valença, Ícone da Imprensa Sergipana

 Ivan Valença em seu escritório

 O rico arquivo de cinema

Sua esposa Ana Maria


Conheça um pouco da história profissional do jornalista que iniciou carreira aos 13 anos*
Por Glauco Vinícios/Infonet *

Aos 13 anos, o garoto Ivan Macedo Valença dava os primeiros passos no mundo jornalístico, escrevendo uma crítica de cinema para o jornal Gazeta de Sergipe. Desde então abraçou o jornalismo não como uma opção profissional, mas como um estilo de vida. De acordo com amigos e familiares, é complicado separar a pessoa do profissional quando se fala em Ivan Valença, um homem que viveu para o jornalismo. E para o cinema também.

Escreveu nas editorias policial, cidades e cultura na Gazeta, mas era no caderno de política que o repórter Ivan teve uma participação mais ativa. Gosta de estar sentado na bancada de imprensa na Assembléia Legislativa e de investigar os bastidores das decisões políticas.

Jornalismo com pimenta

Ivan Valença não é um jornalista vaidoso, tampouco sedento por elogios acerca de seu texto. O
que gosta mesmo é de repercussão e uma certa polêmica em torno do que escreve. Em depoimento, o jornalista Milton Alves citou o ‘jornalismo com pimenta’ como grande marca do nosso homenageado. “Um jornalismo sem pimenta pode ser considerado um jornalismo morto”, disse Milton.

Um dos principais fatos de sua carreira e que está associado à ‘pimenta’ do seu trabalho, foi a coluna social que mantinha na Gazeta de Sergipe, a qual assinava com o pseudônimo de Leilinha Leite. “Ivan incorporava a grande dama do colunismo social. Nem o próprio Orlando Dantas, dono do jornal, sabia de quem se tratava”, falou Milton, que trabalhou junto a Ivan no jornal.

Na década de 70, mais precisamente em 1971, o incansável Ivan Valença, já desligado da Gazeta de Sergipe, foi um dos fundadores do contemporâneo Jornal da Cidade, no qual assina até hoje o Colunão, críticas de cinema e produz os editoriais. O jornalista ainda foi assessor de diversos órgãos, trabalhou em três emissoras de rádio e foi Secretário da Cultura na administração de Albano Franco.

Chamado de mestre por muitos, Ivan Valença chegou a ensinar no curso de jornalismo da Universidade Tiradentes por dois semestres, mas abandonou a curta carreira para se dedicar apenas ao jornalismo diário. E ao cinema também.

Webjornalismo
  
Com o surgimento das novas tecnologias e a crescente globalização da informação, Ivan idealizou um projeto pioneiro no Estado de Sergipe, que consistia na divulgação de notícias locais no meio virtual. Vanguardista, ele implantou o Portal de Notícias no Provedor Infonet e até hoje é um ativo colaborador.

Esta manobra um tanto ousada para um jornalista que iniciou carreira na década de 50 é motivo de elogios de diversas figuras do meio. “Ivan sempre está atualizado com a linguagem, ele escreveu para o impresso, para o rádio e hoje é um escritor de mídia eletrônica. Essa é uma de suas qualidades como um jornalista completo”, declarou o historiador Luiz Antonio Barreto.

Tanto sucesso e elogios escancarados de autoridades e membros da imprensa, vanguardistas ou não, resultam da competência e do carisma mesclado a uma dose de malícia do homenageado, afinal o próprio Ivan sempre afirma: “Não me peçam segredo porque eu não sou um baú”.

 A Intimidade

Conheça um pouco dos hábitos de Ivan Valença quando está no aconchego do lar

No aconchego de casa, o jornalista Ivan Valença continua ‘trabalhando’. “Ele não pára a leitura. Não tem como dizer que ele traz o trabalho pra casa no sentido ruim porque o próprio trabalho dele é o seu hobby, é a sua mania”, disse a esposa dele, Ana Valença, com quem está casado há 34 anos.
A diferença talvez esteja no ambiente e nos colegas de ‘trabalho’. Além da mulher Ana, há a carismática empregada Maria, o cágado de estimação e a serelepe arara Maroca, que embeleza a entrada da residência no São José sempre recebendo as visitas com um grito ou uma piada.

No escurinho do cinema

Irremediável apaixonado pela sétima arte, a forte relação de Ivan com o cinema é herança materna. Desde os cinco anos ia religiosamente ao Cine Vitória ou ao Tupi, acompanhado da mãe sempre ver um novo filme, hábito que cultiva até hoje. Foi em uma destas sessões que o nosso homenageado, então com 23 anos, conheceu aquela que viria ser a sua esposa. O filme em cartaz? “Romeu e Julieta, o filme da vez naquele período”, revelou Ana.

Entre uma reclamação e outra de que o marido espalha jornais, livros e revistas por todos os cômodos da casa (há uma pilha deles até no banheiro), Ana faz uma referência ao filme ‘Cinema Paradiso’ como uma alusão à dedicação extrema de Ivan ao cinema.
  
Escritório de Ivan: 100 mil envelopes

Em um escritório no segundo andar da casa, cerca de 100 mil envelopes contendo informações sobre filmes, atores e cineastas dividem espaço com um computador com outras informações sobre películas, que fazem críticos de cinema como Rubens Ewald Filho ligar algumas vezes para tirar dúvidas com o amigo Ivan Valença.

O jornalista e crítico de cinema já foi a inúmeros festivais de cinema, incluindo três vezes ao badalado Festival de Cannes, mesmo no tempo em que as finanças não andavam muito bem. “Certa época a gente abriu uma gráfica, foi um período um pouco complicado. Mas eu abria mão de algumas coisas pelo sonho dele. Ele ia pra Cannes e eu ficava aqui fabricando dinheiro”, relembra a bem humorada esposa de seu Ivan, como é carinhosamente chamado pelos funcionários do Portal Infonet.

“Odeia feijão, mas ama uma feijoada”

Ana afirma que o companheiro é uma pessoa simples, bem humorada e ótima de conviver. A inteligência é utilizada até na hora das discussões. “Discutir relação com ele não existe! Ele é tão inteligente que sempre consegue sair pela tangente”, disse.

Todas as palavras ditas pela esposa são confirmadas pela empregada Maria José, que trabalha há seis anos com o casal Valença. “Ah, seu Ivan é uma pessoa maravilhosa, não tem frescura, come comigo na mesa, adora minha comida e nunca está zangado”, declara, completando que o patrão não resiste a um bom camarão.


A arara Maroca

E só uma pessoa com personalidade ímpar como nosso homenageado para odiar feijão mas não resistir a uma boa feijoada. “Eu não entendo isso dele, mas é melhor nem entender”, diverte-se Maria José. Diabético, o consumo de doces de seu Ivan é regulado a mão de ferro pela esposa. Mas a empregada sabe muito bem a hora de servir o mousse de ameixa que o patrão tanto gosta. “Na hora que dona Ana sai eu vou na geladeira e ponho um pouquinho pra ele”, revela a empregada e amiga do casal.

Ao término da conversa em uma fresca manhã de outono aracajuano, dona Ana afirma que Ivan em casa é a mesma coisa do profissional que todos conhecem. O bom humor que marcou toda a entrevista foi o mesmo que pôs um ponto final na visita. “Olha, desculpem qualquer coisa, é porque falar bem de marido não é muito meu estilo não”, concluiu aos risos.

Depoimentos:

Luiz Antonio Barreto:

“São 50 anos de sucesso e de êxito na profissão que incluem contribuições, como estimular o surgimento do jornalismo alternativo na capital e no interior do Estado, ao abrir uma gráfica destinada a isso. Essa longevidade de Ivan atualizou sua linguagem, afinal hoje ele é um escritor de mídia eletrônica. Ivan Valença é um ponto referencial entre a geração dele e a geração posterior”, Luiz Antonio Barreto, jornalista e historiador.

 Nilson Socorro

“Comecei a atuar como jornalista em 1975 na Gazeta de Sergipe com Ivan Valença. Acho Ivan um dos mais completos jornalistas do Estado – tem uma percepção muito grande e é imparcial. È um dos mais dignos e cultos jornalistas de Sergipe e é referência para os meios de comunicação e de cinema. Sempre foi inovador – além de começar jovem na Gazeta, trouxe o off-set para Sergipe no início do Jornal da Cidade e também a primeira locadora do Estado. Ele é uma pessoa que fez diferença”, diz Nilson Socorro, advogado, professor e jornalista.

Milton Alves:

“Para mim, Ivan é um dos pontos centrais da referência do jornalismo. Um berço de saber da comunicação que eu aconselho ser olhado por quem decidiu seguir a tão bela carreira de jornalismo. Aprende-se com ele a responsabilidade profissional, o belo texto e o temperamento aguçado, pois jornalismo sem pimenta é um jornalismo morto. É um motivo de muita alegria e glória, até, viver esse especial momento em que se comemora 50 anos de vida jornalística de Ivan Valença”, Milton Alves, jornalista e amigo pessoal.

 Marcos Cardoso:

"O mais incrível em Ivan Valença é que apesar de provavelmente ser o jornalista mais antigo em atividade, ele milita na imprensa como um jovem repórter - entusiasmado, interessado e sempre atrás de novidades. Depois dessa longa labuta e de anos dedicados ao jornalismo ele poderia estar acomodado, mas não. Faz o seu trabalho e continua fazendo muito bem. Além de repórter é o principal crítico de cinema do nosso Estado. È um prazer imenso ter Ivan com essa vontade toda de trabalhar no nosso dia-a-dia", Marcos Cardoso, editor do Jornal da Cidade.

Albano Franco:

"Conheci Ivan quando universitário e ele já escrevia na velha Gazeta, naquelas máquinas antigas até tarde da noite. Ivan se sobressaiu pela dedicação, responsabilidade e acima de tudo pela credibilidade. Hoje, o jornalista é referência e símbolo do jornalismo, não somente no nosso Estado, mas no Brasil. Em momentos difíceis e até de problemas institucionais Ivan soube transcorrer sem perder o equilíbrio e a ética. Ivan fez escola em Sergipe. Marcou e marca a imprensa do Estado. Que Deus continue iluminando-o sempre", diz o deputado federal e ex-governador Albano Franco.

*Texto e fotos reproduzidos do site: infonet.com.br/especial
De reportagem Especial: "Ivan Valença, 50 Anos de Jornalismo - O profissional".
Publicado originalmente em 7 de abril de 2008 pelo Portal Infonet.
Por Glauco Vinícios.

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