Publicado originalmente no site Jornal do Dia Online, em 31/01/2015.
Aos trancos e barrancos
Parece que foi ontem. Há dez anos, chegava às bancas a
edição piloto do JORNAL DO DIA. E tem sido assim, desde então. Aos trancos e
barrancos. Às dificuldades naturalmente impostas a um veículo de comunicação
livre de amarras políticas e desprovido do aporte financeiro de grandes grupos
econômicos, some-se a ausência de precedentes no que diz respeito à postura
editorial adotada por este diário desde o primeiro número. Causou espanto.
Os jornalistas Gilvan Manoel e Elenilton Pereira, os maiores
responsáveis pelos destinos assumidos pelo JORNAL DO DIA, não precisaram se dar
ao trabalho de redigir uma carta de intenções detalhando os princípios que
orientariam a aventura de empresa tão ousada. A equipe reunida àquela primeira
hora não era apenas enxuta, por força das restrições pecuniárias de então, mas
também muito afinada. Todos os profissionais que passaram pela redação deste
diário tinham em mente o mesmo propósito: o exercício da comunicação enquanto
direito humano, pilar fundamental das sociedades democráticas. E assim foi
feito.
A simples existência do JORNAL DO DIA apontava (como ainda
aponta) a concentração da mídia em terras de Sergipe Del Rey - um latifúndio
bastante rentável, sob a privilegiada e poderosa posse de alguns poucos,
voltado para a defesa de interesses personalíssimos, enquanto mais de 180
milhões de brasileiros ainda lutam para gozar um pouco de liberdade de
expressão. Uma revelação por contraste.
Por isso a resposta dos assinantes deste diário significa
tanto. Em cada página virada, um gesto de resistência e uma janela aberta para
a verdade. Por isso as páginas do JORNAL DO DIA, sempre dispostas à divergência
nascida da pluralidade, ao salutar embate de ideias, uma tribuna aberta a
gregos e troianos.
Prova disso, ao longo dessa primeira década de lutas e
conquistas, não faltaram intelectuais dos mais diversos campos de atuação e
profissionais respeitados a respaldar o esforço de todo dia na apuração dos
fatos, além do generoso espaço dedicado à opinião de cada um. O saudoso
jornalista Luiz Antonio Barreto, por exemplo, foi desde sempre um colaborador
assíduo. E teve oportunidade de explicar o próprio entusiasmo. "Com 50 anos
de jornalismo, posso utilizar a primeira pessoa para expressar o meu ânimo com
a sobrevivência do Jornal do Dia (...). Sinto, como colunista dominical do
Jornal do Dia, a mesma sensação de liberdade que tinha na Gazeta de
Sergipe".
Dizem que a verdade é que nem fumaça. Apesar de todos os
pesares, contra o julgamento de todos os que não perceberam o significado
simbólico da palavra impressa em um veículo independente e apostaram contra a
audácia de comunicar a natureza dos fatos pura e simples, sublinhando as
nuances de cada episódio abordado por meio da livre manifestação de opiniões
filiadas a todas as correntes, o JORNAL DO DIA sobreviveu para colher o
testemunho do tempo. Dez anos não são dez dias.
Texto e imagem reproduzidos do site: jornaldodiase.com.br
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