quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Drops de Fernando Sávio (I)



Publicado originalmente no Facebook/Luciano Correia, em 24/02/2016.

Drops de Fernando Sávio (I).
Por Luciano Correia/Facebook.

O jornalista Fernando Sávio trabalhava na hoje saudosa Gazeta de Sergipe, fundada Gazeta Socialista pelo bravo Orlando Dantas, depois tocada com competência pelo neto, Paulinho (Dantas) Brandão. Fernando trabalhava na reportagem do diário e editava o caderno dominical, um dos primeiros da imprensa sergipana, a Gazetinha, com o detalhe de que este era 100% jornalismo, cinema, literatura, poesia etc, menos fofoca. A Gazetinha incorporava um costume comum na época e publicava, no seu frontspício, a informação de que aquele caderno fazia parte da edição da Gazeta de Sergipe e, portanto, não podia ser vendido separadamente. Ele implicava com isto. Detalhista que era com certos detalhes que considerava desnecessários, implicava com aquela exigência que lhe parecia absurda e gostava de contar um diálogo, quem sabe inspirado na leituras de Franz Kafka. Dizia ele que chegava na banca num domingo pela manhã e pedia um exemplar da Gazetinha. Ao que o jornaleiro, impávido e literal, bradava: "A Gazetinha não pode ser vendida separadamente. O senhor tem que levar a edição completa da Gazeta de Sergipe".

- Mas eu não quero a Gazeta de Sergipe, só a Gazetinha, insistia o bardo.
- Eu já disse que a Gazetinha não pode ser vendida separadamente, senhor. Eu estou apenas cumprindo a determinação do jornal. Ou o senhor leva a edição completa da Gazeta, ou nada feito.

Longos minutos depois do difícil embate, Fernando desiste de sua empreitada e finalmente cede ao jornaleiro: compra a edição completa da Gazeta de Sergipe do domingo. Mas, incorrigível, não se dá por vencido. Ao dobrar a esquina, longe do olhar do vendedor, retira sua Gazetinha cuidadosamente e joga o restante da edição no chão, pisoteando-a sofregamente até destruí-la. Na descrição dele mesmo: "dei um tunco e segui ao encontro da cabrocha Dina para saborear a leitura de minha Gazetinha sob o abrigo do meu sacrossanto lar".

Texto reproduzido do Facebook/Luciano Correia.

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