Publicado originalmente no site do G1 DF., em 26 de abril de 2017.
Morre aos 79 anos o jornalista, professor e advogado Carlos
Chagas
Ele é pai da ex-ministra-chefe da Secretaria de Comunicação
Helena Chagas. Ao G1, filha disse que ele sofreu um aneurisma do coração e
descreveu o pai como 'maravilhoso e protetor'.
Por G1 DF.
Morreu nesta quarta-feira (26) o jornalista, professor e
advogado Carlos Chagas, pai da ex-ministra-chefe da Secretaria de Comunicação
Helena Chagas. Nascido em Três Pontas, em Minas Gerais, e morador de Brasília,
ele iria completar 80 anos no próximo dia 20 de maio.
O velório do jornalista está previsto para as 10h desta
quinta (27), na capela 7 do cemitério Campo da Esperança da Asa Sul. O corpo
deve ser sepultado às 16h, no mesmo local.
Em uma rede social, a ex-ministra na gestão da ex-presidente
Dilma Rousseff informou a morte do pai. "Amigos, meu pai, jornalista
Carlos Chagas, acaba de falecer. Era a melhor pessoa que conheci nesse
mundo."
Ao G1, Helena Chagas disse que o pai sofreu um mal súbito
por volta das 6h desta quarta. "Ele já andava tendo de um ano para cá
alguns problemas circulatórios, teve isquemia sem sequelas. Hoje foi um mal
súbito. Entrou na UTI e estourou um aneurisma de aorta. Com isso, sei que ele
não sofreu."
Segundo ela, sem saber, o pai "convocou" a família
para uma última reunião ainda no hospital.
"Ele deu instruções: 'Tem que pagar meu imposto de
renda. O cheque está lá em cima da mesa'. São coisas que uma pessoa diz
naturalmente", descreveu Helena Chagas.
Ao descrever o pai como "muito lúcido e muito
ativo", Helena diz que a vida dele foi "muito bonita".
"Ele foi um grande jornalista. Um exemplo de seriedade,
de amor à notícia, de honestidade. Não só para mim, mas para muitos outros
alunos dele da Universidade de Brasília. Sempre com amor à notícia, amor à
verdade."
"Agora, falando como filha, posso dizer que meu coração
está despedaçado. Ele foi um grande pai, um pai maravilhoso e protetor. Falando
como filha, não tenho mais palavras."
Pesar.
Chagas era professor emérito do curso de comunicação da UnB,
onde lecionou por 25 anos. Em nota, a direção da Faculdade de Comunicação
lamentou a morte.
"Seu trabalho em sala de aula [foi] reconhecido por
gerações de estudantes que o elegeram paraninfo e patrono de sucessivas turmas
de formandos, e sua atuação profissional [foi] considerada um exemplo de
dedicação e de promoção da ética e da liberdade de expressão", diz.
O governador Rodrigo Rollemberg também lamentou a morte e
prestou condolências aos familiares. Segundo ele, Carlos Chagas "deixará
um vazio difícil de ser preenchido na mídia brasileira".
O presidente Michel Temer emitiu nota em que classifica
Chagas como "uma das maiores referências" do jornalismo brasileiro.
Segundo o texto, ele "foi intransigente defensor da ética, em sua mais
profunda definição" e deixa como legado "o compromisso com a verdade
e a sua responsabilidade no trato da notícia".
"Que a sua nobre lembrança conforte seus familiares e
nos inspire na reconstrução de um Brasil grande e justo, como o idealizado e
defendido por Carlos Chagas", diz Temer na nota de pesar.
Trajetória.
Chagas começou a carreira de jornalista no final do anos
1950, quando ainda cursava direito na Pontifícia Universidade Católica do Rio
de Janeiro (PUC). A primeira contratação foi no jornal O Globo, em 1959.
Na década de 1960 trabalhou no palácio Guanabara, no Rio de
Janeiro, como secretário de imprensa do então governador Negrão de Lima, quem
conheceu durante coberturas jornalísticas do Partido Social Democrático (PSD).
Chagas também trabalhou no jornal " O Estado de S.
Paulo" entre 1972 e 1988, sempre ligado a assuntos políticos. Na
televisão, o jornalista foi chefe da "TV Manchete" em Brasília e
passou por outros três canais. A última participação como comentarista político
foi em dezembro do ano passado.
Durante a ditadura, em 1969, foi nomeado secretário de
imprensa de Costa e Silva e escreveu 20 reportagens sobre os acontecimentos
políticos da época, todas publicadas no Globo e em "O Estado de
S.Paulo".
A série ganhou um Prêmio Esso de Jornalismo e deu origem ao
livro “113 dias de angústia” – ambos foram censuradas pelo regime militar. Em
1995, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras.
Chagas também publicou “Resistir é preciso”, uma coletânea
de artigos escritos entre 1972 e 1974; “A guerra das estrelas”, de 1985, que
aborda as sucessões presidenciais militares; e “Revolução no Planalto”, de
1988, sobre a redemocratização.
Na carreira acadêmica, Chagas foi professor do Departamento
de Comunicação da Universidade de Brasília (UnB) durante 25 anos. Ele ingressou
em 1978 e foi titular das disciplinas “Ética e legislação nos meios de
comunicação” e “Problemas sociais e econômicos contemporâneos” na graduação e
de “Tópicos especiais” na pós-graduação.
Chagas casou-se com Enila Leite de Freire
Chagas, com quem teve duas filhas.
Texto e imagem reproduzidos do site: g1.globo.com
Texto e imagem reproduzidos do site: g1.globo.com
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