Símbolo da ASI.
Seu Eugênio durante discurso na ASI.
Uma das capas do Jornal da ASI.
Posse de Alceu Monteiro em 1999.
Uma das capas do Jornal da ASI.
Imprensa
em SE, Monsenhor Silveira (Fotos: reprodução/ revista ASI 70 anos).
Aos 95 anos, seu Eugênio relembra a história da ASI.
Atual presidente da ASI, Cleiber Vieira (Fotos: Portal
Infonet).
Associação Sergipana de Imprensa: 80 anos de luta
ASI faz aniversário no dia 30 de agosto.
Por Verlane Estácio.
Criada durante a passagem do presidente Getúlio Vargas e sua
comitiva em Sergipe, a Associação Sergipana de Imprensa (ASI) completa este
ano, 80 anos de existência. Sua atual sede localizada na Rua Itabaianinha
abriga um acervo que conta parte da trajetória da comunicação em Sergipe. Para
saber dessas e outras histórias, o Portal Infonet foi até lá e conversou com o
presidente de honra da ASI, José Eugênio de Jesus, o “Mestre Eugênio”.
Professor da antiga Escola de Artífices (antiga ETFS),
jornalista e radialista, Eugênio dedicou pelo menos dois terços da sua vida à
criação de diversas entidades, a exemplo do Sindicato dos Gráficos de Sergipe,
Sindicato dos Jornalistas de Aracaju e Sindicato dos Radialistas de Sergipe.
Seu Eugênio conta que fundação da ASI em 1933 estava
diretamente relacionada ao momento político vivido pelo país à época: a
Revolução de 1930. Naquele período, a imprensa em Sergipe era limitada e
representada na capital pelo Sergipe Jornal e Estado de Sergipe, além de um
grupo forte formado por jornais de Estância, Laranjeiras, Propriá, Maruim e
Simão Dias, seguidos de jornais alternativos e sindicalistas.
“Tenho a impressão de que se esboçava um movimento para a
fundação da ASI. Mas até então, era uma luta muito grande dos jornalistas, pois
eles queriam um órgão de apoio e não encontravam. Era tudo muito desgarrado e
até havia um movimento e algumas reuniões cogitando a fundação da ASI. Mas foi
somente com a passagem comitiva do presidente que a ideia se desenvolveu. Era a
oportunidade propícia em virtude da presença de um número qualitativo de
jornalistas da capital e do interior do Estado”, relembra.
Apesar da intensa movimentação da época, segundo Seu
Eugênio, não existia uma entidade que reunisse jornalistas e que defendesse os
seus interesses e da sociedade em geral. “Criou-se então uma entidade para
encaminhar as reivindicações no intuito de alcançar os diversos objetivos da
categoria, dentre eles, a fixação de um salário, que era o principal”, comenta.
da Imprensa em SE, Monsenhor Silveira (Fotos: reprodução/
revista ASI 70 anos)
O presidente de Honra destaca que a imprensa em Sergipe
nasceu muitos anos antes, através do Monsenhor Antônio Fernandes da Silveira,
estanciano nascido em 1975, considerado o criador da imprensa em Sergipe por
ter editado o primeiro jornal conhecido, o Recopilador Sergipano, na cidade de
Estância. Os trabalhos ultrapassaram fronteiras e anos depois, Silveira fundou
a imprensa do Piauí, tendo instalado na antiga capital, Oieiras, a primeira
tipografia Piauiense. Monsenhor Silveira também foi político e defendeu Sergipe
na causa dos limites Bahia-Sergipe, além de ter promovido a criação de uma
companhia de colonização e cultura mineralógica em Sergipe.
Principais gestões
Ao traçar um breve panorama sobre algumas das gestões que
passaram pela ASI, Seu Eugênio destaca que primeira administração da ASI ficou
a cargo do desembargador Edson de Oliveira Ribeiro. De acordo com ele, neste
período, a ASI se filiou a Associação Brasileira de Imprensa, Mas foi somente na
gestão de Gonçalo Rollemberg Leite que a entidade foi reconhecida de utilidade
pública, através do decreto estadual n 280, de 18 de março de 1935.
Um dos boletins publicados pela ASI
“Nos primeiros anos viveu dias de glória, notadamente nas
administrações dos pioneiros Edson de Oliveira Ribeiro, Gonçalo Rollemberg
Leite e Godofredo Diniz, com um espírito alegre, propenso a festas e eventos. A
Asi também viveu uma fase desalentadora, provocada por divergências político-
administrativas, mas ganhou novo fôlego na gestão de Eliézer Leopoldino de
Santana, homem citado como pacifista e empreendedor”, detalha.
Em 1950, quando completou 17 anos, a ASI, através de doação,
ganhou sua própria sede, que posteriormente recebeu o nome de “Casa do
jornalista”. “Abriram-se novos caminhos e novas condições, harmonizava-se a
vida da ASI. Veio a seguir, a administração de José Rosa de Oliveira Neto foi
marcada pela criação do prêmio de reportagem “Pascoal Maynard” (1984), visando
estimular o jornalista na categoria repórter”, relembra.
Seu Eugênio conta ainda que na administração de Bemvindo
Sales de campos, foram reativados os núcleos de jornalistas de Tobias Barreto e
Lagarto. E que na gestão do jornalista José Elito de Vasconcelos, predominaram
as festas de caráter cultural, competições esportivas, além da criação do
troféu Destaque Imprensa.
As festas de Caráter Cultural também fizeram parte da gestão
do radialista Alceu Monteiro. Foi um momento, segundo a visão de Seu Eugênio,
onde a ASI abriu as portas para a comunidade. “Cursos, seminários e excursões
marcaram esta administração. Pela primeira vez, a ASI comemorou seu aniversário
na data exata de sua fundação- 31 de agosto- evento máximo de sua existência,
quando congrega o corpo social, as entidades congêneres à comunidade sergipana
para se associarem ao evento máximo da associação”, revela.
Trajetória
Aos 15 anos, Seu Eugênio já tomava seu primeira contato com
a imprensa através do seu trabalho como gráfico no jornal Diário da Manhã, de
propriedade do deputado Graccho Cardoso. Com todo o movimento revolucionário da
época, o jornal foi praticamente destruído, e Seu Eugênio passou a trabalhar no
Sergipe Jornal.
“Esse início foi brilhante sobre todos os aspectos. Como
gráfico, eu queria saber de tudo um pouquinho. No Sergipe jornal, passei a
conviver com grandes intelectuais sergipanos, como advogados, bacharéis em
direito, médicos, poetas, entre tantos outros. Apesar de não ter formação
acadêmica, seria impossível não conseguir um bom aproveitamento”, destaca.
Seu Eugênio também trabalhou no jornal “A cruzada”,
colaborou para a Gazeta de Sergipe, foi criador e diretor da Gazeta dos
Esportes e presidente da Associação dos Cronistas de Sergipe. Além da atuação
como jornalista e também radialista, eu seu currículo pesa a fundação do Sindicato
dos Gráficos de Sergipe, Sindicato dos Jornalistas de Aracaju e Sindicato dos
Radialistas de Sergipe.
“Não era fácil criar um sindicato. Com muito esforço e boa
vontade, a gente fundava. Era um processo penoso e trabalhoso, com dificuldades
para ser reconhecido. Tudo era muito vazio e com a criação dos sindicatos, a
coisa personalizou-se mais. Viemos a ter uma bússola orientativa das nossas
atividades”, detalha.
Atuação
A ASI, que durante muitos anos, atuou na defesa dos
profissionais da imprensa e dos seus direitos, hoje tem um papel ligado à área
cultural. A mudança ocorreu por conta do surgimento dos sindicatos que tomaram
para si a tarefa de tratar de todas as questões referentes ao exercício da
profissão.
"Antigamente, a ASI fazia o papel que atualmente
pertence aos sindicatos. Hoje, há uma diferença. Se ela fizer isso, ela vai
interferir no papel que é do sindicato. Então, quando o profissional, seja da
imprensa falada, escrita ou televisionada, se envolve em alguma questão, o
sindicato vai à frente e procurar intermediar os questionamentos entre o
público, o jornalista e o veículo. Quando a o questionamento chega até nós,
atuamos junto ao sindicato", explica o atual presidente da ASI, Cleiber
Vieira.
Os cursos de xilogravura para crianças e o resgate das obras
da artista plástica sergipana Rosa Maria Faria são alguns dos trabalhos
desenvolvidos pela ASI, que tem procurado valorizar os aspecto culturais da
sociedade sergipana. "Mandamos higienizar os quadros de Rosa Maria uma
artista de Capela que criou um museu que funcionava no Parque Teófilo Dantas e
contava a história de Sergipe através dos seus quadros. Temos tentado resgatar
a cultura ministrando cursos de xilogravura para alunos de 8 a 10 anos do
educandário Criarte. A gente tem tratado com maior carinho essa questão de
arte", afirma.
Para aproximar a ASI dos comunicadores mais jovens, Cleiber
destaca que já existem planos de visitas aos cursos de jornalismo de Aracaju.
"A diretoria da ASI já se reuniu e discutiu a proposta de ir até os cursos
da Universidade Tiradentes e Universidade Federal de Sergipe. A ideia é levar
palestras, com o próprio Eugênio, um homem de 95 anos com uma grande vivência e
com muitas histórias para contar", explica.
Programação de aniversário
A solenidade de aniversário dos 80 anos da ASI será
realizada no dia 30 de agosto, a partir das 20h, na Sociedade Semear. O evento
contará com palestra do presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI),
Maurício Azevedo, entrega de certificados de sócio benemérito, outorga de
medalha do mérito jornalístico "Monsenhor Silveira", lançamento do
carimbo e selo comemorativos aos 80 anos da ASI, lançamento do Catálogo de Arte
Rosa Faria, seguido de coquetel e exposição dos quadros da artista.
Homenagem
A presidente do Sindicato dos Jornalistas do Estado de
Sergipe (Sindijor), Caroline Santos, destaca o apoio dado pela ASI aos
sindicatos da categoria e enfatiza a importância de uma aproximação maior dos
profissionais da comunicação com a entidade. “Se faz necessário estarmos mais
presentes para que junto com os colegas que estão lá, que são mais experientes,
possamos fazer uma reflexão sobre nossa profissão, usando um olhar do passado e
do presente na busca de uma comunicação melhor no futuro”, opina.
Caroline explica que embora não tenha tido oportunidade
trabalhar com Seu Eugênio, ambos lutam pela valorização dos profissionais da
comunicação. “Zé Eugênio sempre tem uma palavra de sabedoria para compartilhar.
Os comunicadores precisam conhecer a história de Zé Eugênio que, junto com
tantos outros, faz parte da história da comunicação sergipana”, destaca.
O jornalista Cláudio Nunes relembra o tempo em que seu pai,
o jornalista Célio Nunes, foi presidente da ASI. “Lembro que ele foi o
responsável por abrir a entidade para os mais novos. Para se ter uma ideia, a
média de idade antes da chegada dele era de 70 anos. Com a experiência do
Sindijor, Célio conseguiu levar gente nova e aproximar mais o sindicato da
ASI”, conta.
Cláudio destaca também os benefícios da atuação dos
ex-presidentes José Rosa de Oliveira Neto e Alceu Monteiro. “José, um dos mais
éticos e sábios advogados que Sergipe já teve, chegou a criar uma comissão
permanente de redemocratização da imprensa. Sei porque conversava com ele
sempre. Mais recentemente, no final da década de 1990, destaque para Alceu
Monteiro que também fez campanhas para renovação dos quadros, inclusive com
convênio com os cursos de comunicação da universidade para ingresso do
sócio-estágio. Alceu também conseguiu manter por um tempo a edição mensal do
jornal da ASI” detalha.
Fotos e texto reproduzidos do site: infonet.com.br/cultura
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