Publicação compartilhada do site da SEGRASE, de 18 de fevereiro
de 2021
Jovens Intelectuais na Imprensa Estudantil é tema de livro
A obra conta a trajetória da imprensa estudantil de Sergipe
através da seleção de jornais criados nas décadas de 1930 a 1950
A Editora Diário Oficial de Sergipe - Edise, órgão
suplementar da Empresa de Serviços Gráficos de Sergipe – Segrase, publica
‘Agremiações Culturais de Jovens Intelectuais na Imprensa Estudantil’, do
pesquisador e jornalista Gilfrancisco Santos.
A obra conta a trajetória da imprensa estudantil de Sergipe
através da seleção de jornais criados nas décadas de 1930 a 1950, período em
que marcou um movimento intelectual estudantil, cultural e político.
O pesquisador ressalta a importância em retratar a história
dos jornais estudantis. “Esse tema faz parte da historiografia cultural de
Sergipe, no livro as pessoas conhecerão como pensavam e atuavam esses
estudantes, a confecção dos jornais, quem financiava, se existia independência
ou eram atrelados a direção de cada escola”.
Gilfrancisco revela ainda que alguns estudantes tinham total
liberdade para escrever, outros eram dirigidos e coordenados por diretores,
vice-diretores ou professores. Como circularam no período do Estado Novo
(1937-1946), há citações da importância que Getúlio Vargas deu a esses
periódicos, “o Governo Federal financiava os jornais estudantes, inclusive
tinham liberdade para escrever o que quisessem, expor o que pensavam, com a
condição de que em cada edição houvesse material publicitário do Estado Novo,
que eram textos enviados pelo Departamento de Imprensa e Propaganda”, conta o
pesquisador.
A motivação para pesquisar o tema, segundo Gilfrancisco, foi
a inexistência de escritos sobre a história da imprensa estudantil em
Sergipe. “Esse tema está fragmentado em
alguns trabalhos e na imprensa, mas ninguém tinha se debruçado sobre a
temática, que é riquíssima. Também fiquei preocupado porque identifiquei que em
alguns anos não teríamos essas informações, pois os jornais estão sendo
perdidos, há a falta de digitalização, fato lamentável, pois são jornais
valiosos do ponto de vista de informações”, explica o autor.
Para Gilfrancisco Santos, foi no período do jornalismo
estudantil que ele observou que houve o desenvolvimento da imprensa sergipana,
porque muitos desses estudantes secundaristas e ginasianos que iniciaram sua
carreira na imprensa estudantil se tornaram grandes jornalistas não só de
Sergipe, mas com atuação no Brasil. Exemplos não faltam, Joel Silveira; Aloisio
Mendonça Sampaio; Walter Mendonça Sampaio; Armindo Pereira; Silval Palmeira,
líder do Partido Comunista; José Calazans Brandão da Silva; Márcio Rolemberg
Leite; Raimundo Souza Dantas que foi nomeado pelo presidente Jânio Quadros para
atuar na África como embaixador e adido cultural; José Bonifácio; Fragmon
Carlos Borges que assume a direção de dois jornais do Partido Comunista no Sul
do país e Célio Nunes que ficou uma grande parte de sua vida em Sergipe, mas
atuou no jornalismo da Bahia.
Apesar dos quase 50 anos de atividade jornalística e de
pesquisa, Gilfrancisco Santos diz que ainda encontra surpresas em suas
pesquisas. “Iniciei no jornalismo na minha fase ginasial, com 16 anos eu já
fazia trabalho para jornais estudantis. Entrei aos 17 anos na Universidade
Federal da Bahia e fui trabalhar com pessoas que já estavam envolvidas com
pesquisa, dois deles sergipanos, nos tornamos amigos, o Nelson de Araujo,
capelense, teatrólogo, que publicou mais de 20 livros e foi membro do Partido
Comunista e o professor José Calazans Brandão da Silva, visto como conservador,
integralista fascista, estudioso da Guerra de Canudos. Faz poucos dias que eu
descobri um fato que me surpreendeu, na imprensa sergipana ele sempre foi
chamado de reacionário, mas quando o Partido Comunista foi colocado pelo
Governo Federal na ilegalidade, Calazans dá um depoimento se posicionando
contra a ilegalidade. Seu posicionamento era perigoso para ele na época, pois
ele era o presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe”, detalha
Gilfrancisco.
Sobre a obra ser publicada por uma editora sergipana,
Gilfrancisco Santos diz que está satisfeito, pois a mesma tem importância
vital. “Se não existisse a Edise, jamais poderíamos ter tantos livros editados
sobre Sergipe, além dela também revelar novos talentos e divulgar nossas obras
dentro e fora do Estado”. Para o presidente da Segrase, Francisco de Assis
Dantas, essa é mais uma obra que honra o trabalho da Edise. “Nosso papel é
divulgar nossas histórias, dar visibilidade a nossa cultura e aos nossos
escritores. O livro é uma das maiores invenções, pois por meio deles são
transmitidos conhecimentos, culturas e a história do homem que não é só
preservada, mas transmitida de geração para geração. Graças a pesquisa de
Gilfrancisco Santos vamos conhecer uma nova história sergipana”.
Texto e imagens reproduzidos do site: segrase.se.gov.br
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