Legenda da foto: Para quem nasceu na Era da Informação [Era Digital] (Crédito da foto:
Pixabay)
Publicação compartilhada do site do Portal INFONET, em 26 de
julho de 2021
24 horas de
felicidade
Por Raquel Almeida (do blog infonet)
Para quem nasceu na Era da Informação (Era Digital) com esta
abundância de portais de notícias,- ou para quem nunca gostou de se informar
por jornais impressos e preferia outros meios de comunicação como rádio e TV-,
fica difícil entender a dimensão da alegria de um jornalista quando conseguia
convencer ao editor que sua matéria deveria ser a manchete do jornal.
O mais curioso é que esta manchete tão desejada entre os
colegas de todas as editorias seria veiculada somente no dia seguinte ao fato.
E, sendo um jornal diário, a alegria do repórter durava 24 horas. Por um dia, o
jornalista era o “dono” da melhor matéria daquela edição.
E sim, a notícia acontecia num dia e o jornal saia com as
informações na manhã seguinte. Por muitos anos, as pessoas se informavam do
fato de forma mais resumida pelos programas jornalísticos de rádio e TV, mas
somente no dia seguinte saberiam a informação por completo nos jornais
impressos.
Vocês podem me perguntar: como uma manchete de jornal
conseguia ser um furo já que além do repórter que estava fazendo a matéria,
tinham ciência do tema também o fotógrafo, motorista, editor de área, revisor,
diagramador e editor geral do jornal? E te respondo que não era tão fácil
conseguir a informação, a fonte e nem passá-la adiante.
Muitas vezes a construção de uma matéria dura vários dias,
na busca de fontes confiáveis, das melhores fotos e do gancho perfeito. Mas
nesta época não existia celular e muito menos WhatsApp, que facilita encontrar
os entrevistados e a informação, mas também dificulta o trabalho com a
viralização do fato antes que este vire matéria. Achar as pessoas pelo telefone
fixo, encontra-la presencialmente em seu local de trabalho ou residência era o
comum. Você já pensou nisso ou como era fazer uma pesquisa antes do Google?
Talvez por estas dificuldades, por construir e pensar
pedacinho por pedacinho de uma matéria e também cada página do jornal, a
alegria e satisfação destas 24 horas eram indescritíveis. Uma sensação
totalmente diferente dos dias de hoje, onde a cada minuto ficamos sabendo de
uma nova informação e um “furo jornalístico” é raro.
Em geral, estas manchetes eram escolhidas “sozinhas”, pois
todos sabiam implicitamente que o fato mais importante do dia seria a matéria
em letras garrafais na primeira página. Mas o excitante era mesmo quando,
existiam duas matérias com temas inéditos ou com furo jornalísticos e, os
repórteres precisavam “brigar” para conseguir a atenção do editor-chefe. A
emoção de argumentar e “lutar” com o colega, muitas vezes em plena redação e na
frente de todos, era uma emoção a parte. Muitas vezes tínhamos “torcidas”, que
eram formadas pelos colegas que escolhiam determinado tema, e ajudavam nas
alegações.
Você poderia ser o vencedor deste embate ou sair perdedor e
conseguir uma submanchete, mas no dia seguinte estava lá você de novo buscando
alguma notícia importante, e de preferência inédita, para seu leitor. E, se
tivesse sorte, também conseguiria a manchete do dia e as suas 24 horas de
felicidade!
Curiosidade 1
Você já pensou que não existiam celulares/câmeras na época e
o personagem principal acabava sendo o repórter fotográfico. Não é à-toa que
eles e os cinegrafistas costumam ir à frente com os motoristas. Eles saem
primeiro do carro com mais agilidade para pegar o fato. Sem a facilidade dos
dias de hoje, quando um fotógrafo perdia o fato, levava uma bronca do editor,
pois a matéria teria que sair sem imagem.
Curiosidade 2
Os meios de comunicação percorreram um longo caminho até se
tornarem o que as conhecemos hoje. Se formos analisar cronologicamente, elas
surgiram nesta ordem:
1609: Primeiro jornal impresso, na Alemanha.
1894: Primeira transmissão de rádio, na Inglaterra.
1925: Primeira exibição pública da televisão, na Inglaterra.
1980: Primeiros grandes portais de notícias on-line, nos
Estados Unidos.
Texto e imagem reproduzidos do site: infonet.com.br
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