domingo, 10 de abril de 2022

Só Sergipe ENTREVISTA a jornalista Thaïs Bezerra

Legenda da foto: "Para este ano pretendo iniciar um projeto audacioso"

Na piscina da TB House: “Sigo cuidando de minha saúde, com fé, coragem e esperança sempre!”

Legenda da foto: Thaïs com as amigas/irmãs Beth Figueiredo, médica e professora da Unit, 
e a jornalista Mel Almeida na festa de seus 50 anos

Thaïs e a irmã caçula e companheira  Tanit Bezerra numa festa de 15 anos
 de colunismo que ela apresentou.

Legenda da foto: Thaïs com o seu pai, Álvaro

Publicado originalmente no site SÓ SERGIPE, em 3 de abril de 2022

Entrevista»Thaïs Bezerra: “Renasci por um milagre de Deus e competência de um grande neurologista sergipano”

Por Antônio Carlos Garcia

Osonho dela era ser arquiteta, mas como por encanto o jornalismo entrou na sua vida. E para que continuasse trabalhando num jornal, a exigência paterna era que ela continuasse fazendo o curso de Química na Universidade Federal de Sergipe (UFS), que ela cumpriu durante três anos de estudo, abandonando-o para seguir a sua paixão. Essa pessoa com uma química contagiante e que há 44 anos arquiteta bem as palavras é a jornalista Thaïs Bezerra, 62 anos,  e como ela mesma faz questão de dizer “com a graça de Deus, sem nenhum problema com idade, com todas as ‘peças’ originais”.

Cuidando de um câncer desde 2015, portanto há sete anos, Thaïs deu um susto em todos. No dia 25 novembro de 2020, ela entrou em coma e foi internada na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital São Lucas. No dia 7 de dezembro foi transferida para um apartamento e no dia 11 do mesmo mês recebeu alta e voltou para casa. “Renasci por um milagre de Deus, e competência de um grande neurologista sergipano da equipe São Lucas / Rede D’Or. Em quase sete anos lutando contra o câncer, posso dizer que sou abençoada. E sigo cuidando de minha saúde, com fé, coragem e esperança sempre.  Sou voluntária do Instituto Salto Quântico há 20 anos, onde fortaleço a minha fé na espiritualidade cristã, através do amado orientador espiritual Benjamim Teixeira de Aguiar”.

Com estes três focos na vida – fé, coragem e esperança -, Thaïs segue trabalhando , agora em um “projeto audacioso”, mas que é “segredo guardado a sete chaves!”. Pilotando o Caderno Thaïs Bezerra no Jornal da Cidade (JC), desde 1981, a convite do empresário Antônio Carlos Franco (ACF), a jornalista recebeu algumas propostas para atuar na mídia digital,  e deverá fazer isso em breve, mas diz que “o momento certo chegará”. Com carinho, ela lembra que ACF “tinha um cuidado fraterno comigo, uma amizade leal e respeito ao meu trabalho”.

A trajetória de Thaïs Bezerra, ou simplesmente TB, foi tema da dissertação de Mestrado em Comunicação da jornalista Nayara Arêdes com o título “Colunista e colunáveis: mulheres em representação no Caderno Thaïs Bezerra”.  “Já estou na história do jornalismo em Sergipe”, reconhece. E avisa: “Eu pretendo continuar a fazer jornalismo, colunismo social e quero, também, voltar para a televisão”.

Esta semana quando conversou com Só Sergipe, TB, que completará 63 anos no dia 9 de maio, contou que recebeu um presente antecipado. “Meu oncologista já me liberou hoje para ir a Paris”, disse. Essa jornada, de comemorar o aniversário em Paris, começou em 2001, seguindo até 2019 e foi interrompido por causa da pandemia da Covid-19. Essa viagem, segundo ela, está “nas mãos de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa”.

A entrevista com TB está imperdível. Vale a pena a leitura, de preferência, degustando Möet Chandon.

SÓ SERGIPE – Mesmo com o advento do jornalismo digital, a senhora continua firme com seu caderno no Jornal da Cidade. Este ano, a senhora completa 44 anos de jornalismo. Qual a receita para esse trabalho duradouro?

THAÏS BEZERRA – Isso, vou comemorar 44 anos de jornalismo em agosto, se Deus permitir. A receita é amar o que faço. Não é trabalho, é prazer! Acompanhar gerações e todos os segmentos da vida em sociedade, como arte, política, cultura, os eventos sociais, a exemplo de solenidades, festas, casamentos, debut, os babados que causam e um pouco de tudo que tem relevância.

Acredito, também, que a junção do trabalho que realizo alicerçado no amor, na minha total dedicação, no meu leal compromisso com o leitor, na visão dos meus parceiros comerciais e a credibilidade da empresa Jornal da Cidade, responsável pela publicação do caderno TB, são os ingredientes necessários para chegar aonde cheguei nestes 44 anos e deste “case” de sucesso que é o caderno TB. Essa é a receita!

SÓ SERGIPE – Como a senhora ingressou no mundo do jornalismo? Ainda adolescente a senhora já havia despertado para essa carreira ou tinha outros planos?

THAÏS BEZERRA – Meu sonho era ser arquiteta. Mas, meus planos foram mudados por causa de um convite. Meu caminho no jornalismo foi traçado quando o querido amigo Ivan Valença, que era o diretor da Gazeta de Sergipe, em 1978, me convidou para escrever no jornal. Ele designou Jorge Lins para falar comigo. Uma verdadeira tentação porque eu sempre gostei de escrever. Conversei com meus pais e eles me apoiaram. Mas a condição era que eu continuasse a fazer o curso de licenciatura em Química na UFS. Estudei quase três anos e depois abandonei para me dedicar exclusivamente ao Jornalismo, o que faço até os dias de hoje. Quando penso nesta decisão… só tenho uma certeza; que eu faria tudo de novo.

“Fui pioneira em várias formas de noticiar fatos sociais e me especializei em notas curtas que falam mais que mil palavras.”

SÓ SERGIPE – A senhora começou no jornalismo, no dia 28 de agosto de 1978, assinando a coluna “Gente Jovem”, na extinta Gazeta de Sergipe, a convite de Ivan Valença. Quem, entre os colunistas daquela época, a inspirava?

THAÏS BEZERRA – Na verdade fui convidada a escrever sobre “Gente Jovem”. Eu frequentava o Iate Clube, fazia esporte à vela com meu pai e conhecia muita gente. Sou muito comunicativa e cheia de energia, e fui conquistando meu espaço. O que facilitava buscar informações. Era mais trabalho duro, dedicação, coragem, do que inspiração em outros colegas. Mas à medida que fui conhecendo a vida social aprendi com nomes nacionais que nortearam meu caminho a exemplo de Ibrahim Sued, Zózimo Barroso do Amaral, Joyce Pascowitch, Amaury Jr., entre outros. O maior ensinamento foi entender que é imprescindível ter estilo próprio e criar sua própria maneira de apresentar a sociedade. Fui pioneira em várias formas de noticiar fatos sociais e me especializei em notas curtas que falam mais que mil palavras.

SÓ SERGIPE – Como ocorreu a mudança para o Jornal da Cidade, em 1981, onde a senhora publica o caderno aos domingos até hoje?

THAÏS BEZERRA – Com quase dois anos de trabalho, tive um upgrade na carreira de colunista. A Gazetinha foi criada e eu fazia as capas e as duas páginas centrais. Sem falsa modéstia, foi um sucesso na cidade. Com a visão grande angular, o saudoso empresário Antônio Carlos Franco, que dirigia o Jornal da Cidade, me fez um convite irrecusável e eu fui para o JC, com o Caderno TB. ACF foi o divisor de águas na minha carreira. Era exigente, íntegro e adorava o JC. Era uma inspiração! Gratidão eterna. Aprendi a valorizar a informação, o leitor, os colaboradores, a publicidade. A maturidade me trouxe a responsabilidade e um maior compromisso. Os horizontes ampliaram. Aprendi a observar mais e encontrar a notícia por todos os lugares por onde andava e sobretudo a valorizar os parceiros comerciais e a confidencialidade das fontes jornalísticas. Um grande e bom momento em minha carreira.

“Ele [ACF] me dizia aborrecido que um determinado político/empresário, já falecido, falava que “comprava” os colunistas com um prato de comida.”

SÓ SERGIPE – Por falar no Jornal da Cidade, a senhora tem uma gratidão muito grande pelo empresário Antônio Carlos Franco, já falecido, que era o dono do jornal. E conta que ele lhe deu vários conselhos. Um deles foi não comparecer a um evento político em que todos os demais colunistas iam, que depois as notícias lhe chegariam. A senhora lembra deste episódio?

THAÏS BEZERRA – Claro que lembro. ACF tinha um cuidado fraterno comigo, uma amizade leal e respeito ao meu trabalho. Ele me dizia aborrecido que um determinado político/empresário, já falecido, falava que “comprava” os colunistas com um prato de comida. E me orientava a não ir a determinadas reuniões sociais. E depois as notícias chegavam sempre, isso é verdade.

SÓ SERGIPE – Qual a diferença do jornalismo que a senhora praticou no início da carreira para o que temos hoje, principalmente, com as novas tecnologias?

THAÏS BEZERRA – No início era só a nova geração mesmo. E o burburinho era grande… depois que fui para o JC, com o Caderno dominical de oito páginas, em conversa com ACF, incluímos a página política e outras matérias especiais. Mais trabalho, responsabilidade e credibilidade que fui conquistando. Antes, fazia o jornal em uma máquina Olivetti, e diagramava a “boneca” sozinha, recortando e colando as matérias no papel, literalmente papel e cola. Depois um encontro com uma redação animada, cortes e acertos junto ao editor, saudades de Marcos Cardoso, do diretor Evando Ferreira (Castelo) e toda a equipe.

Hoje, faço o caderno TB pelo celular, mando e recebo a “boneca” colorida, o PDF pronto para minha correção, leio, mudo, dou palpites na diagramação da capa e fotos e em minutos tudo pode ser alterado. Com o apoio do querido colega, top no seu ofício, Lucílio Freitas. Tempo que se ganha, mas sem a emoção da redação, sem os carinhos, sem o editor, sem as risadas de Lucy Simões, e o silêncio de Luiz Melo na sala ao lado.

SÓ SERGIPE – A senhora planeja, um dia, associar seu caderno impresso, a um blog ou site? Já houve proposta para isso?

THAÏS BEZERRA – Já recebi algumas propostas. Deverei sim, em breve, fazer essa associação do impresso a um blog. O momento certo chegará! Estou estudando a melhor plataforma.

SÓ SERGIPE – Ao destacar a sociedade sergipana, a senhora já teve algum dissabor? Algum ou alguma “socialite” ficou chateado por aparecer em seu caderno?

THAÏS BEZERRA – Em quase 44 anos de jornalismo tive nove processos judiciais, entre política e sociedade. E no meu ofício não posso agradar a todos. E um dissabor que não esqueço foi o primeiro processo ainda com 19 anos, arbitrário, sob pressão e por causa de uma nota cifrada.

“Eu coloquei uma nota que a filha desta senhora estava numa festa no Iate Clube paquerando um casadinho (homem casado). E eu vi… foi um bafafá acalmado pela leveza de minha saudosa mãe Juju, com a postura séria de meu pai Álvaro.”

Fui ameaçada e torturada psicologicamente por uma autoridade da época. E uma juíza do Estado teve a cara de pau de dizer a minha mãe que ela não poderia condenar uma colega. Mas, mantive minha serenidade e passei no teste. Não me dobrei pelas ameaças e não revelei a fonte. Jamais revelarei!

SÓ SERGIPE – Há algum fato pitoresco que quando a senhora lembra provoca risos?

THAÏS BEZERRA – Tem um que eu lembro e dou risada… mas quando aconteceu meus pais ficaram furiosos com a invasão da nossa casa por uma autoridade… e eu fiquei com medo, lógico! Eu coloquei uma nota que a filha desta senhora estava numa festa no Iate Clube paquerando um casadinho (homem casado). E eu vi… foi um bafafá acalmado pela leveza de minha saudosa mãe Juju, com a postura séria de meu pai Álvaro.

SÓ SERGIPE – Algum furo de reportagem que teve uma repercussão no Estado, “ardido como a pimenta Maratá”?

THAÏS BEZERRA – A essa altura, passadas mais de quatro décadas, é difícil recordar a mais ardida… mas as famosas listas que eu fazia no Caderno TB Especial de final de ano com mais de 50 páginas, eram um frisson… melhor não comentar… a pimenta Maratá nunca falta!

SÓ SERGIPE – A senhora já recebeu convites para ingressar na carreira política?

THAÏS BEZERRA – Uma vez, há mais de 30 anos. Tomei coragem e fui candidata a vereadora. Mas para ingressar na carreira política tem que ter “estômago”… e eu não tenho.

SÓ SERGIPE – Hoje, com a credibilidade que conquistou, as notícias para o caderno de domingo chegam aos borbotões, ou a senhora vai para o telefone garimpar as informações?

THAÏS BEZERRA – Há muitos anos que as notícias chegam. Tenho amigos, parceiros e informantes poderosos. Gente que eu confio. Pessoas de minha extrema confiança, que às vezes me passam algumas novidades de diversas áreas da sociedade sergipana, que antes de publicar, eu checo. Algumas bombas! Ninguém faz nada sozinho. De mãos dadas vamos mais longe! E como diz um amigo muito próximo “Juntos somos sempre mais fortes.”

“E minha história continua sendo escrita. Eu pretendo continuar a fazer jornalismo, colunismo social e quero também voltar para a televisão.”

SÓ SERGIPE – A credibilidade no jornalismo ajudou também a formar a Thaïs empresária no ramo da comunicação? Pergunto isso, porque a senhora tem clientes/anunciantes fiéis ao seu caderno há muito tempo.

THAÏS BEZERRA – A credibilidade me ajudou a ser uma jornalista vitoriosa. Mas uma empresária da comunicação só em outra vida. Vivo bem, tenho a minha casa que construí com bastante esforço, e continuo trabalhando muito para manter o meu sustento e minhas viagens pelo mundo. E só tenho a agradecer a todos os clientes/anunciantes/parceiros e leitores que acreditaram e acreditam no Caderno TB do JC.

SÓ SERGIPE – Em outubro de 2020, a jornalista Nayara Arêdes fez a dissertação do Mestrado em Comunicação sobre o seu trabalho, intitulado “Colunista e colunáveis: mulheres em representação no caderno Thaïs Bezerra”. Como a senhora se sentiu?

THAÏS BEZERRA – Em primeiro lugar agradecida a Nayara, pela honra. A gratidão habita meu coração. Em segundo lugar, foi um Mestrado em Comunicação sobre o meu trabalho, e já estou na história do jornalismo em Sergipe. E em terceiro lugar, eu digo sempre que recebi de Deus mais do que mereço. E minha história continua sendo escrita. Eu pretendo continuar a fazer jornalismo, colunismo social e quero também voltar para a televisão. Estreei na TV Atalaia em 1987, a convite do então superintendente Tácito Faro, empresário de visão, e o “Chá das 5”, foi um sucesso imediato. Abriu as portas do mundo televisivo para TB em Sergipe. O programa foi ao ar com dez patrocinadores. Um recorde! Depois trabalhei quase 20 anos na TV Cidade, canal fechado, dos irmãos Itamar Costa, Hugo Julião, Mel Almeida e Jeferson Andrade. Um dream team! Retornei para a TV Atalaia a convite do empresário Walter Franco e segui feliz alguns anos. Fui editora da Revista Aracaju Magazine com muita honra, do amigo/irmão Hugo Julião e Mel Almeida, por longos 19 anos. E também realizei um trabalho do qual tenho orgulho, a Agenda Empresarial e Social TB, lançada durante 25 anos. Que felicidade! Para este ano pretendo iniciar um projeto audacioso.

SÓ SERGIPE – A senhora pode adiantar qual esse projeto?

THAÏS BEZERRA – Ainda não, amigo. Segredo guardado a sete chaves!

SÓ SERGIPE – O empresário Albano Franco diz que em Sergipe todo mundo se conhece. Thaïs conhece de A a Z?

THAÏS BEZERRA –  Albano é meu dileto amigo. Um ser humano generoso e do bem, que admiro e tenho gratidão pela nossa amizade verdadeira. E essa frase dele eu levo comigo…  “Em Sergipe todo mundo se conhece e eu sei quem é quem”. Sobretudo na sociedade!

SÓ SERGIPE – No final novembro de 2020, a senhora teve problemas de saúde, foi internada e deixou toda a sociedade e colegas jornalistas preocupados. Thaïs já superou as dificuldades e deu a volta por cima?

THAÏS BEZERRA – Eu tive o primeiro câncer em 2015, quando fui submetida a uma cirurgia. Em novembro de 2020, eu entrei em coma devido a uma das drogas da quimioterapia que eu estava tomando. Renasci por um milagre de Deus, e pela competência de um grande neurologista sergipano da equipe São Lucas / Rede D’Or. Em quase sete anos lutando contra o câncer, posso dizer que sou abençoada. E sigo cuidando de minha saúde, com fé, coragem e esperança sempre!

E para finalizar, meu amigo Garcia, vou pedir licença e parafrasear TB…

“Para celebrar os 44 anos de colunismo social ininterruptos com sucesso…  só pedindo minha Möet Chandon”.

Texto e imagens reproduzidos do site: sosergipe.com.br

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