sábado, 6 de abril de 2024

'Obrigada, Thaïs!', por Nayara Arêdes

Crédito da foto: Imagem reproduzida do Facebook/Thaís Bezerra e postada pelo blog

Artigo compartilhado do site JLPOLÍTICA, de 3 de abril de 2024 

Obrigada, Thaïs!
Por Nayara Arêdes*

De início, peço desculpas. Há gente muito mais próxima e gabaritada para render-lhe homenagem. Se escrevo, portanto, é por reverência. E gratidão. Esse mesmo sentimento que percebi como sendo um de seus principais traços.

Marinheiro só, eu não sou daqui. Mas desde quando cheguei - e antes, e além  -seu nome é unanimidade. Thaïs Bezerra, persona e marca unidas e fortes. Foi esse status, talvez, que tenha movido minha curiosidade.

Thaïs, objeto de pesquisa instigante. Como, sendo mulher e ao longo de mais de quatro décadas, se manteve como ícone em um ofício dominado por homens do quilate de Ibrahim Sued e Zózimo Barroso do Amaral? Como permaneceu relevante em meio às investidas da internet e das redes sociais, que tornaram o papel jornal quase obsoleto? Como transformou sua sigla em selo e chancela? Como, semana a semana, não só levou milhares de mulheres às capas de sua coluna, mas também moldou sua forma de ser e fazer?

Para tentar lançar alguma luz sobre essas perguntas, fui até a própria Thaïs. Que se mostrou, além de estimulante foco acadêmico, uma pessoa generosa. E extremamente grata, sobretudo. Mesmo se afirmando como self made, não deixou de prestar tributo a quem pavimentou seu caminho. A Ivan Valença, que lhe abriu portas. A Antônio Carlos Leite Franco e família, que lhe garantiram plataforma. Aos pais, Álvaro e Juju, seu norte moral e saudade perene. Às fontes e parceiros comerciais, que nunca lhe faltaram. A Deus, via Salto Quântico. Aos amigos, à família, aos admiradores. À vida, que lhe trouxe tantas oportunidades que fez questão de agarrar.

Thaïs se fez de todo dia, de contato em contato, nota em nota, vínculo em vínculo. No carisma, no tato. Inteligente, atenta, sagaz, habilidosa. Sabia o poder do dito, e mais ainda, do não dito. Visionária, ambiciosa. Queria chegar longe - e chegou! -, mas não construiu seu legado com o intuito de fazer escola. Ainda assim, fez. Fui aluna, inclusive. Daquelas que conhecem e reconhecem a obra do mestre pra buscar fazer diferente, do próprio jeito.

Para Thaïs, foi o jornalismo e o colunismo social que a escolheram. Que lhe tiraram das altas rodas do Iate Clube de Aracaju direto para a redação, e a projetaram por uma carreira de sucesso. Não deixa de ser verdade, mas a escolha foi dela também. O caderno que assinava (e tudo o que dele decorreu, como os programas de TV e a Agenda Empresarial) foi seu grande feito. O espaço onde depositou suas energias e aspirações. O lugar onde desenhou, expressou e materializou sua personalidade. Thaïs Bezerra era a mulher e era a coluna. Era o sujeito e o produto, que cresceram juntos. Era a entrega completa.

Essa, dentre tantas, é provavelmente a maior contribuição de Thaïs Bezerra: não só o fazer, mas o querer fazer. A referência de vontade. Thaïs fez muito, e seguirá fazendo. Porque sempre haverá suas páginas para contar e recontar histórias, revelando uma visão única de Sergipe e suas pessoas.

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* A articulista é jornalista, mestre em Comunicação pela Universidade Federal de Sergipe, tendo produzido a dissertação "Colunista e colunáveis: mulheres em representação no caderno Thaïs Bezerra".

Texto compartilhado do site: jlpolitica com br

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