Artigo compartilhado do site PORTAL DOS JORNALISTAS, de 2 de setembro de 2025
Morre Mino Carta, referência na fundação e direção de grandes marcas do Jornalismo
Por Fernando Soares
Mino Carta, fundador e diretor de Redação da CartaCapital, morreu na madrugada desta terça-feira (2/9), aos 91 anos, em São Paulo. Segundo a publicação, ele lutava há um ano contra problemas de saúde e entre idas e vindas estava internado há duas semanas na UTI do Sírio Libanês.
Nascido no ano de 1933 em Gênova, na Itália, Demetrio Carta, como era seu nome de batismo, fazia parte da terceira geração de jornalistas da família, tradição iniciada pelo avô materno Luigi Becherucci, diretor do jornal genovês Caffaro até perder o cargo em meio à perseguição fascista.
Seu pai, Giannino Carta, foi preso em abril de 1944 devido à ferrenha oposição ao regime de Benito Mussolini, mas conseguiu fugir dois meses depois, aproveitando-se de uma revolta entre os carcereiros. Logo após o término da Segunda Guerra, aceitou um convite para trabalhar no Brasil.
Mino iniciou sua carreira no jornalismo com apenas 16 anos, quando o pai recebeu de dois jornais italianos a encomenda de artigos sobre a Copa do Mundo no Brasil. Ele aceitou, mas, como odiava futebol, perguntou ao filho se toparia escrever os textos em seu lugar.
Mas apesar da vocação familiar, e do início precoce na profissão, no ano seguinte Mino ingressou na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Após cursar os primeiros anos, ele abandonou o curso e retornou à Itália com sua família onde passou a trabalhar na Gazetta del Popolo, de Turim, e como correspondente dos brasileiros Diário de Notícias e Mundo Ilustrado.
Pouco depois, seu pai regressaria ao Brasil para assumir a editoria internacional de O Estado de S. Paulo. Na sequência, seu irmão, Luigi, aceitaria um convite de Victor Civita para trabalhar na Abril, abrindo caminho para que em 1960 Mino fosse convidado para lançar a versão brasileira da revista Quattroruote, estrondoso sucesso na Itália.
Mesmo sem saber dirigir nem diferenciar um Volkswagen de uma Mercedes, como se orgulhava em dizer, descobriria ali o talento para criar e comandar algumas das publicações mais icônicas e influentes do Brasil. Nos anos seguintes, esteve à frente da equipe fundadora do Jornal da Tarde, em 1966, e das Veja, em 1968, IstoÉ, em 1976 e de sua CartaCapital, em 1994.
Por seu trabalho de destaque, recebeu diversos prêmios relevantes ao longo de sua carreira no Jornalismo, entre eles quatro prêmios Esso, incluindo os de Jornalismo e de Contribuição à Imprensa, um Vladimir Herzog, e o Prêmio Personalidade da Comunicação 2003. O mais recente de todos, porém, veio em junho, quando ao lado de Caco Barcellos foi condecorado com o Troféu Audálio Dantas – Indignação, Coragem e Esperança. Por estes feitos, ele figura entre os 100 jornalistas mais premiados da história, de acordo com a última edição do Ranking +Premiados da Imprensa Brasileira.
Em 2003, Mino Carta foi um dos entrevistados da série Protagonistas da Imprensa Brasileira, produzida por este Jornalistas&Cia e que em 2018 ganhou uma versão em e-book.
“Em meio ao autoritarismo do regime militar, as publicações que dirigia denunciavam o abuso dos poderosos e traziam a voz daqueles que clamavam pela liberdade”, declarou o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que decretou luto oficial de três dias em todo o país.
* Com informações da CartaCapital.
Texto e imagem reproduzidos do site: www portaldosjornalistas com br
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