Foto: Agência Brasil - Dines foi responsável pela consolidação do JORNAL DO BRASIL
como o mais importante veículo de comunicação da América Latina
Publicado originalmente no site do Jornal do Brasil, em 23 de maio de 2018
Dines, mestre do jornalismo, nossa maior referência
Jornal do Brasil
Jornalista inovador e obstinado, crítico da imprensa,
escritor, professor e rebelde, morreu ontem em São Paulo, aos 86 anos, Alberto
Dines, em decorrência de uma pneumonia. Ele estava internado no Hospital Albert
Einstein, no Morumbi, na Zona Sul da capital paulista. Deixa viúva, a
jornalista Norma Couri, e quatro filhos. O sepultamento de seu corpo está
marcado para as 13h30 de amanhã, no cemitério de Embu das Artes.
Dines foi responsável pela consolidação do JORNAL DO BRASIL,
onde trabalhou de 1962 a 1973, como o mais importante veículo de comunicação da
América Latina, valendo-se de criativas estratégias para driblar o regime
militar e denunciar a censura imposta à imprensa.
Também foi crítico e analista da imprensa por décadas,
lançando o “Observatório da Imprensa” e inspirando gerações de jornalistas e
cidadãos na defesa da liberdade de expressão e da democracia. Pensava que “o
leitor não é consumidor, mas cidadão. O jornalismo é serviço público, não
espetáculo.”
Como na promulgação do Ato Institucional Nº 5 (AI-5), em
1968, quando coordenou a edição da primeira página do JORNAL DO BRASIL,
valendo-se de termos da meteorologia para denunciar a mão forte da censura que
chegava: “Tempo negro. Temperatura sufocante. O ar está irrespirável. O país
está sendo varrido por fortes ventos...”.
Ou quando, mediante a proibição de noticiar no alto da capa
do jornal a morte do presidente chileno Salvador, em 11 de setembro de 1973,
decidiu eliminar a manchete e publicar o texto inteiro na capa.
Um jornalismo inovador e livre
Dines nasceu em 19 de fevereiro de 1932, no hospital da
Beneficência Portuguesa, no bairro da Glória, filho de imigrantes vindos da
Rússia. O pai chegou ao país como cidadão polonês e era ativista da comunidade
judaica, desde a Polônia, onde atuava com organizações de refugiados e de apoio
social.
Iniciou a carreira jornalística ainda na adolescência, no
Ginásio Hebreu Brasileiro, antiga escola judaica com professores de esquerda.
Motivados com a mobilização do Brasil contra o nazifascismo a partir de 1942,
Dines e colegas criaram uma pequena publicação. O veículo já apresentava marcas
características de sua carreira: a liberdade de pensamento e a contestação. “O
jornalzinho era muito livre, os professores não interferiam. Até gozávamos de
alguns deles”, recordou-se, em depoimento ao Centro de Cultura e Memória do
Jornalismo, em 2008.
A trajetória profissional começou em 1952, na revista “A
Cena Muda”, como crítico de cinema. Este passo foi dado um pouco por acaso, aos
18 anos. “Meu sonho era estudar cinema em Paris. Não consegui: naquela época,
para ter bolsa de estudo você tinha que ter pistolão, e eu não tinha. Mas me
dediquei ao negócio do cinema com muito afinco, estudava, ia a cineclubes. Aí
um dia me convidaram para ser crítico de cinema da ‘A cena muda’, um veículo
importante”.
O passo seguinte foi a recém-criada revista “Visão”,
cobrindo teatro e cinema. Pouco depois, passou a fazer reportagens políticas.
Em 1957, seguiu para a extinta revista “Manchete”, onde tem a oportunidade de
desenvolver textos maiores e mais autorais. Em razão de uma doença de chefe,
Nahum Sirotsky, assume um cargo de chefia e edição pela primeira vez, aos 26
anos. Também encontraria um problema recorrente de sua trajetória: tensões com
os superiores hierárquicos. Segundo Dines, Adolpho Bloch, proprietário da
revista, “não era um jornalista, ele queria era publicar foto bonita”. Embora entendesse
que a parte gráfica das matérias era indispensável – um conhecimento que
atribuía ao antigo interesse por cinema – Dines desejava priorizar os fatos
históricos da época. Um exemplo da conturbada relação entre os dois é uma briga
envolvendo a primeira ida do homem ao espaço, dos astronautas russos do
Sputnik. O jornalista queria noticiar o acontecimento com destaque, o que Bloch
não admitia, em razão da baixa qualidade da foto disponível. Da experiência na
revista, Dines lembraria que a “contribuição de Bloch [ao jornalismo] foi
puramente gráfica”
A convite de Samuel Wainer, seguiu em 1959 para “Última
Hora”, para editar o caderno cultural. Do autor de “Minha razão de viver”,
lembrava-se como de alguém “muito coerente, que nunca teve uma vacilação”. Isso
não impedia, entretanto, a existência de conflitos com a direção do jornal:
Dines representava um novo jornalismo, ágil e não ideológico, enquanto Wainer
alinhava-se ao getulismo, mesmo anos após a morte de Vargas. O resto da redação
fazia piadas relacionadas a sua ascendência judaica, que o incomodavam. Da “UH”
foi para o “Diário da Noite”, vespertino especializado na cobertura de polícia.
No final da vida, diferenciou os crimes passionais e acidentes de trânsito que
costumava cobrir na década de 1950 dos padrões contemporâneos de violência. “A
favela virou ao que é hoje nos anos 80. Não estou romantizando o passado, mas o
que havia então era a violência normal de uma grande cidade”. Passou ainda por
“A Tribuna da Imprensa”, antes de assumir como editor-chefe no JORNAL DO BRASIL
em janeiro de 1962.
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WILSON FIGUEIREDO
TRABALHOU COM DINES NO JB DE 1963 A 1973
Um organizador
Wilson Figueiredo, que completa 96 anos, em 29 de junho,
acompanhou, como repórter, colunista político, editorialista e Diretor de
Redação todas as fases da modernização do JORNAL DO BRASIL do final dos anos
1950 até a saída das bancas em 2010. Para ele, “Alberto Dines não inventou
nada. Mas revolucionou o JB e a imprensa que estava exaurida no ?m dos anos
50”. O jornalismo estava no fim de uma era. “Os jornais eram empreendimentos
familiares, como foi o caso de Nélson Rodrigues e família, e os jornalistas
eram recrutados por prestígio político ou para complementar o salário de uma
repartição pública, da qual funcionavam como contínuos de luxo”, recorda
Figueiredo.
Na sua avaliação, “Alberto Dines deu sequência à reforma
gráfica do JB imprimindo organização à imprensa brasileira. E, mais do que
isso, deu forma à reforma gráfica ao limpar as páginas do jornal e valorizar os
tipos impressos no fundo branco das páginas, além das fotos, que passou a
valorizar; e teve grande importância no JORNAL DO BRASIL nos movimentos contra
a censura e a repressão no regime militar”.
Figueiredo recorda que, antes de Alberto Dines impor sua
marca nas páginas do JB, o jornalismo era “meio ingênuo”, “sem
profissionalismo”. Ele lembra que Dines fez escola no próprio jornal ao criar ,
em 1967, o Curso de Jornalismo do JORNAL DO BRASIL, aberto a estudantes de
Comunicação, que se submetiam ao teste de seleção. As turmas de 30 alunos foram
conduzidas por Fernando Gabeira até 1970, quando caiu na clandestinidade ao
participar do sequestro do embaixador dos Estados Unidos, Charles Elbrick.
Gabeira foi substituído na Editoria de Pesquisa e no Curso por Roberto
Quintaes.
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JANIO DE FREITAS
ANTECEDEU DINES NO JB, DE 1959 A 1962
Outra dimensão
Antecessor de Alberto Dines, Janio de Freitas, 85 anos,
colunista da Folha de S. Paulo, não chegou a trabalhar com Alberto Dines, mas
considera que o jornalista teve uma “importância enorme para o JORNAL DO
BRASIL”. Janio, que tinha formação de gráfico e de diagramador, foi editor do
JB de 1959 a 1962. Lembra que enquanto Amílcar de Castro fazia uma revolução
estética no então Suplemento Feminino, que em 1960 Janio batiza de Caderno B,
ele já havia retirado a profusão de fios na primeira página do JB, então,
basicamente um jornal de classificados. Janio deixou o jornal em 1962,
indicando para seu lugar José Ramos Tinhorão, que “se desentendeu com o
vice-presidente executivo M. F. do Nascimento Brito, genro da Condessa Pereira
Carneiro, e deu Lugar a Omer Monte Alegre. Omer ficou pouco tempo e foi
substítuído pelo Alberto Dines”.
“Com a experiência da revista ‘Visão’; ‘Última Hora’, de
Samuel Wainer; ‘Manchete’; ‘O Jornal’ e o ‘Diário da Noite’, dos Associados,
Dines ampliou a redação, organizou as editorias e deu outra dimensão política
ao JORNAL DO BRASIL”, disse, por telefone ao JB.
Janio de Freitas destaca o sentido cosmopolita e moderno de
Alberto Dines. Ao acompanhar as novidades dos jornais americanos e ingleses,
inclusive tabloides, com a liberdade gráfica e o texto organizado, a partir do
lead e sublead, deu aspecto organizado à primeira página e às diversas
editorias e colunas com assuntos temáticos. Ele transformou o JB numa escola de
jornalismo muito avançado e elegante para a época.
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Vanguardista incansável
No JORNAL DO BRASIL, Dines encontrou um ambiente receptivo a
suas ideias vanguardistas de jornalismo. Em 1956, sob o comando de Amílcar de
Castro, o jornal introduzira uma reforma gráfica que o próprio Dines definiu
como “revolucionária”, eliminando os fios entre as matérias e valorizando os
espaços brancos. O então proprietário do jornal, Nascimento Brito, pensava em
desfazer a reforma e voltar ao modelo anterior, mas Dines o convenceu do
contrário.
“A não ser na parte política, eu tinha liberdade pra tudo.
Nós demos passos importantíssimos que ficaram até hoje na imprensa”,
recordava-se em 2008. Entre as novidades estavam a introdução de reuniões de
pauta, a mudança do horário do expediente para mais cedo (que permitia um maior
planejamento) e a consolidação de editorias, com as criações inéditas no Brasil
de uma editoria de fotografia e de um departamento de pesquisa.
Dines ficou exatos 11 anos e 11 meses no JB. À frente de uma
equipe que incluía, entre outros, Fernando Gabeira, Armando Nogueira, José Ramos
Tinhorão e Wilson Figueiredo, suas inovações tornaram o jornal um modelo para o
país inteiro. “O próprio nome JORNAL DO BRASIL ajudou muito nesse sentido. E o
Rio de Janeiro, como capital que havia sido, era uma cidade com vocação
nacional. O caráter do carioca transbordava para o Brasil”, afirmou.
O jornalista diferenciava a repressão à liberdade de
imprensa antes e depois de 1968. Segundo dizia, “o golpe militar de 64 não
provocou grandes alterações no fazer jornal. Cobria-se e publicava-se tudo. Em certo
momento, o jornal até se opôs à candidatura do general Costa e Silva”.
Foto: CPDoc JB - Alberto Dines ao lado do amigo Carlos Lemos,
na redação do
JORNAL DO BRASIL, nos anos de 1960
Isso mudou com o AI-5, o que motivou a histórica edição
anunciando nuvens carregadas no país. “Assim que escutei o anúncio do AI-5
liguei pro Brito, subi pro gabinete dele e falei: ‘Vai começar a censura, e nós
temos que avisar o leitor. Porque, a partir de agora, ele não pode acreditar
inteiramente no que vamos dizer’. Ele falou: ‘Dines, você pode comandar isso,
mas não quero bagunça nem indisciplina na redação’. E assim foi feito. Eu desci
e avisei: ‘Gente, nós vamos fazer uma edição rebelde’. Depois, o Carlos Lemos,
que era o meu segundo, grande amigo e companheiro, falou: ‘Olha, acho que
fizemos uma edição histórica. Porque o JB tomou uma posição, fez uma coisa que
vai entrar para a história’. E efetivamente entrou.”
Sobre a edição sem manchete, anunciando o golpe de Pinochet,
igualmente histórica, a decisão ocorreu tarde da noite, quando chegou uma
proibição da polícia de que o assunto fosse dado com destaque. Dines resolveu
“seguir estritamente” a ordem, imprimindo o texto sem cabeça na maior fonte
possível, o que chamou muito mais a atenção do que se tivesse seguido os
padrões.
Embora inesquecível, a capa não o impediria de ser demitido
três meses depois por indisciplina. Dines atribuiria a demissão à
insubordinação: “Estava me insurgindo. A capa do Allende foi uma rebeldia
minha. Ele [Brito] estava preocupado que se fizesse alguma maluquice, como de
fato fiz. Mas não era uma indisciplina, era bom jornalismo”.
Dines também foi professor de jornalismo desde 1963, na
PUC-Rio. Convidado para ser paraninfo de uma turma, logo após a edição do AI-5,
discursou criticando a censura. Em consequência, foi preso e submetido a
inquérito. Segundo dizia, sua prisão não foi noticiada por nenhum jornal
brasileiro. O “New York Times”, todavia, fez editorial sobre o episódio, o que
causou grande repercussão.
Em 1974, depois do JB, viajou para os EUA, onde foi
professor visitante na Universidade Columbia. Retornou em julho de 1975 e
assumiu a chefia da sucursal carioca da “Folha de S.Paulo”, a convite do
diretor Cláudio Abramo. Em 1980, deixou o jornal, demitido por Boris Casoy,
após escrever artigo denunciando a repressão do então governador de São Paulo
Paulo Maluf à greve do ABC.
Em 1994, criou o “Observatório da Imprensa”, jornal de
crítica e debate sobre o jornalismo contemporâneo, que ganhou versão digital em
1996 e um programa de TV em 1998 (mantido no ar até março de 2016, quando se
afastou por razões de saúde).
Em um de seus últimos textos no “Observatório”, de 2017, fez
uma lista de desejos: “Que a imprensa de papel sobreviva junto com a virtual,
assim como o papel e a caneta Bic. Que o essencial seja o conteúdo e não o
suporte. Que o pensamento mágico não se destrua por falta de alimento da
mídia”.
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"A imprensa está a reboque dos eventos, sem fôlego para
produzir balanços; e assim ficará enquanto os paradigmas forem ditados pelas
redes sociais"
"Que as redes sociais não confundam, chutem ou enrolem
tanto. Que a imprensa brasileira seja bem escrita e ilustrada e dê prazer em
ler e ver"
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ALBERTO DINES
PUBLICADO NO RELANÇAMENTO EM 2018
Sempre JB
Café, jornal, cigarro. Cigarro, não mais, mas jornal sempre
foi fundamental. O Jornal do Brasil ia além, era vício. Bibliotecas eram
paraísos para Jorge Luís Borges; o JB era alimento para os cariocas e leitores
de outros estados que corriam de banca em banca atrás de um exemplar.
Correio da Manhã, revistas Senhor e Realidade, O Pasquim e
tantos tabloides de literatura atormentaram os nostálgicos, mas não voltaram.
O JB voltou. Para fazer barulho bom e peso na leveza das
redes. Pedra firme em água fluida. Um adversário temido volta às bancas.
Caixa de ressonância, guia seguro, imprensa séria,
comprometida, consistente, inovadora, tudo combina com o JB. Repórter bom que
briga com a matéria e com o editor. O redator que acredita: a matéria mais
importante do jornal é a dele, ou a dela – como uma vez eu disse para a então
estreante colunista Clarice Lispector.
Os livros não interessavam aos tablets, e os apressados
preconizavam: vão acabar. Não acabaram. As vendas de livros até aumentaram 6%
no ano passado, no Brasil. E se as vendas dos jornais caem, há sempre um Warren
Buffett que acredita e compra, compra, compra jornais.
O jornalismo está impregnado do espírito sequencial, de
passagem, de prolongamento e continuidade. Nosso ofício, que começa e se esgota
a cada fluxo, a cada novo dia, é o exercício da permanência, da duração. Por
melhor ou pior que tenha sido a edição anterior, o que vale é a seguinte. E
depois dela, a outra. É um nunca acabar, ou eterno renascer.
Um grande jornal faz-se com a consciência do tempo e a
capacidade de atrair o leitor, todos os dias, para a maravilhosa aventura de
saber um pouco mais.
Há um caminho aí que é o de fazer pensar. Oferecer
alternativas de pensamento e marcar presença, fazer história. Pensar grande.
Mario Sergio Conti, em coluna recente, lembrou de “Memórias
de um Antissemita”, o romance de Gregor von Rezzori: “O sangue jorra como
antes. A única dignidade que se pode manter no nosso tempo é a dignidade de
estar entre as vítimas”.
No caso do JB, é brigar pelas vítimas.
Não é fácil, mas é possível. Agora mais do que nunca.
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GILBERTO M. CÔRTES
VICE-PRESIDENTE EDITORIAL DO JORNAL DO BRASIL
A benção, Mestre
Sem desejar ser jornalista (queria ser economista, não
ligado ao mercado financeiro), a convite de amigo fiz vestibular, não
unificado, em 1969. Reprovado em Economia, passei para a ECO em segundo lugar.
No 3º ano de Comunicação da UFRJ, em março de 1972, estava meio sem rumo,
quando li na ECO a pré-seleção para o Curso de Jornalismo do JORNAL DO BRASIL,
que lia sempre pela manhã (meu pai assinava também O Globo, então vespertino,
que lia à noite: que diferença!). Um com jornalismo aberto, outro com a versão
oficial da Ditadura. Me inscrevi. Trabalhei três meses no Boletim Cambial,
desisti e, quando ia arriscar o marketing, amigo de meu pai me indica para o
Noenio Spinola, editor de Economia, na gestão Alberto Dines. Mal batia a
máquina, mas organizar tabelas diárias de fundos 157 e de investimento e a
página de bolsa no sábado era um bom começo. Em setembro, com dois meses de JB
sai a chamada do Curso. Noenio disse que devia fazer a prova. Passei em 2º (o
primeiro colocado era o RP do JB), o que prova que ler jornal sempre faz
diferença. No Curso, pelo qual já passaram jornalistas consagrados como Silio
Boccanera, Romildo Guerrante e Teresa Otoni, fui colega de Norma Couri. Fiz
estágio no B, com Ruy Castro. Segui pela Economia e a cobertura do mercado
financeiro, Dines deixou o JB em dezembro de 1973. Me convidou para o Observatório
da Imprensa na TV em 2005. O reencontrava e a Norma nas celebrações do ex-JB na
Fiorentina. Em 2014 recebi dedicatória no lançamento do livro sobre o Sweig.
Aos 45 anos de profissão, Omar Resende Peres me convida para
ser diretor de Redação do JORNAL DO BRASIL que iria voltar às bancas. Uma
missão e tanto, adiada por um ano. Desde o começo busquei o depoimento de
Alberto Dines, o maior editor com quem trabalhei sobre a importância da volta
do JB. Liguei para a Norma e soube da gravidade da doença de Dines. Generoso,
ele veio ao telefone no hospital e disse que seria difícil. Mas ainda mandou
algumas palavras encorajadoras em mensagem. Disse-lhe que mais três palavras
dele seriam manchete. Com enorme emoção, dia 1º de fevereiro de manhã, vi sua
mensagem (ao lado), enviada às 22hs do dia 31. Comemorava meus 68 anos e não
vi. O maior presente após o do Catito. Chorei muito, e volto a chorar. A
bênção, Mestre.
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"A sociedade que aceita qualquer jornalismo não merece
jornalismo melhor"
"Todo jornalismo é investigativo, ou não é
jornalismo"
Foto: Divulgação - Dines é condecorado, em 2009, pelo governo da Áustria
por
seu trabalho à frente da Casa Stefan Zweig, em Petrópolis
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DEPOIMENTOS
Ziraldo, caricaturista
“A gente trabalhou junto por muito tempo. Ele era editor do
JORNAL DO BRASIL e eu era o chargista. Meu convívio com ele foi muito intenso e
agora, ele partindo dessa maneira, a gente começa a ver que está na hora de a
turma se mandar, entendeu? É uma perda pessoal muito grande, uma perda para o
jornalismo brasileiro imensa. Eu vou sentir muita saudade dele. Tenho a
felicidade de ter participado deste momento do jornalismo brasileiro. Antes do
JB, o jornalismo brasileiro não era tão formidável e tão intenso como foi na
época do Dines. E vou repetir: foi o momento fantástico da nossa vida, na minha
geração e dos amigos do Dines, que estão ficando por aí”
Evandro Teixeira, fotógrafo
“Estou no lançamento de um livro sobre 1968. Falei muito de
Alberto Dines, de sua coragem por enfrentar o regime militar à frente da
redação do JB. Dines foi um marco do JORNAL DO BRASIL, do jornalismo
brasileiro, pela coragem ao publicar capas históricas durante o período
militar. Devemos isso ao Dines. Fez escola no JB e no jornalismo de todo o
país.”
Jaques Wagner, ex-governador da Bahia
“Em qualquer circunstância, a morte de um mestre do
jornalismo como Alberto Dines já seria suficientemente dolorida. Mas sua
partida se torna ainda mais irreparável neste momento de graves ameaças à
democracia, em que o obscurantismo e as fake news emergem com tanta força.
Referência de jornalismo crítico e de qualidade, Dines deixa como legado a
busca incansável pela verdade, o compromisso inquebrantável com a ética, a
coragem para desafiar a censura, e a ousadia de ter sido um dos primeiros
críticos da imprensa no país.”
Mário Magalhães, jornalista e escritor
“Alberto Dines foi um gigante do jornalismo. De sua vasta
contribuição ao nosso ofício, a mais notável foi o estímulo à crítica do próprio
jornalismo. Em um ambiente vocacionado para criticar os outros, porém avesso ao
seu próprio escrutínio, Dines pagou caro por sua coragem.”
Jean Wyllys, professor e deputado federal
“É com muita tristeza que lamento a morte do grande e
renomado jornalista Alberto Dines, fundador do Instituto Stephan Zweig e do
Observatório da Imprensa. Dines, cuja trajetória profissional contribuiu
bastante para a construção de um jornalismo ético no Brasil, tinha uma atuação
que caminhava na contramão da defesa do status quo que é feito pela grande
imprensa tradicional”
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KRISTINA MICHAHELLES
JORNALISTA, TRADUTORA E DIRETORA-EXECUTIVA DA CASA STEFAN
ZWEIG
Paixão pela beleza
Irreverente e irrequieto, Alberto Dines foi multitarefa
quando a palavra sequer era moda. Enquanto construía sua brilhante trajetória
jornalística, empregou a escrita afiada também para críticas de cinema, livros,
biografias. Dines iniciou a carreira de escritor solo em 1972 com um volume de
contos, Posso? (ed. Sabiá). Um ano depois, dá os primeiros passos como biógrafo
com Érico Veríssimo, publicado pela Editora Jornal do Brasil. Em 1974, sai o
livro que deveria ser leitura obrigatória para todo estudante de jornalismo, O
papel de jornal (Ed. Artenova), sucessivas vezes reeditado com acréscimos. Mas
sua obra mais importante é o minucioso Morte no paraíso, a tragédia de Stefan
Zweig, de 1981, cuja quarta edição saiu pela Rocco em 2012. Traduzida para o
alemão por Marlen Eckl, é referência no mundo inteiro de estudiosos do escritor
austríaco que se suicidou no Brasil em 1942. Entender Stefan Zweig, sua obra,
seu tempo e seu gesto final foi uma obsessão tão grande na vida de Dines que
ele só recebeu alta da psicanálise quando o livro saiu do prelo.
Durante seu tempo de correspondente em Lisboa, a inquietação
intelectual de Dines o fez mergulhar na vida de outro personagem, Antônio José
da Silva, o Judeu. Vínculos do fogo (Cia. Das Letras, 1992) mereceu o Jabuti de
Estudos Literários em 1993. Por último, um livro menos lembrado, que traça os
rumos de uma família de tesoureiros de reis desde o século XII: O baú de
Abravanel: uma crônica de sete séculos até Silvio Santos. As obras coordenadas
e organizadas por Dines são tão numerosas que o historiador Fábio Koifman teve
dificuldade em listá-las no livro Ensaios em homenagem a Alberto Dines, que as
Edições de Janeiro lançaram em 2017 por ocasião de seus 85 anos.
Sua última obra não é de papel, e sim de pedra: a Casa
Stefan Zweig, pequeno museu encravado na Rua Gonçalves Dias 34, em Petrópolis,
na última morada do escritor austríaco e de sua segunda mulher, Lotte,
inaugurado em 2012. Convivemos ao longo dos últimos 12 anos em torno do seu
alter ego. Cético com os rumos do mundo, como Stefan Zweig, Dines nos legou o
mesmo humanismo, o entusiasmo pela verdade e a paixão pela beleza.
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SYLVIO BACK
DIRETOR DE “LOST ZWEIG”
Apaixonados pelo cinema
Ainda que tenha sido jornalista quando jovem (fui o primeiro
copydesk da imprensa paranaense), conheci Alberto Dines antes pelo seu talento,
texto e expertise como autor da histórica revolução gráfico-textual do “Jornal
do Brasil”. Pessoalmente, foi às vésperas da publicação da sua bela biografia,
“Morte no Paraíso”, cujos originais tive o prazer de ler em 1981 nas provas da
editora. Por coincidência, estávamos apaixonados pelo mesmo personagem, Stefan
Zweig (1881-1942). Não demorou e descobrimos que ambos éramos também
apaixonados pelo cinema, ele que fora roteirista da produtora paulista
Multifilmes, nos anos 1950. Comprados os direitos autorais para adaptar seu
“Morte no Paraíso” ao cinema, parti para a escritura do roteiro, pois ali se
encontrava a chave de uma originalidade inexistente nas biografias europeias e
americanas sobre Zweig: a “vida brasileira” do grande escritor austríaco. Foi a
partir desse mar investigativo singrado por Dines que passei a formatar o
roteiro do meu longa-metragem, “Lost Zweig” que, tão logo concluído,
concorrendo no Festival de Brasil, foi premiado, justamente, pelo roteiro, cuja
autoria compartilho com o cineasta irlandês, Nicholas O´Neill. Como literatura
é invisibilidade e cinema, visibilidade, todo o autor fica extasiado quando vê
o que imaginou tornado “realidade” na telona. Assim, jamais vou esquecer que, à
saída da projeção do cine Brasília, Alberto Dines, com lágrimas nos olhos, me
abraçou fraternalmente, dizendo: “Muito obrigado, Back, você não traiu nosso
Stefan Zweig”. Melhor memorial que este impossível.
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"Talentos não faltam, consciência e decência, idem. O
que falta em nossas redações é independência"
"O jornal é um
canto de sossego. O leitor sabe onde vai encontrar as coisas, ele se sente à
vontade para buscar aquilo que lhe interessa"
Foto: Fotos Laerte Gomes - Dines, Diana Aragão e Carlos Lemos, em encontro de ex-JB
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NILSON LAGE
PROFESSOR DE COMUNICAÇÃO
Meu colega Alberto Dines
Quando ouvi falar de Dines pela primeira vez, anos 1950, ele
dirigia uma revista, Fatos&Fotos, da Bloch Editores, contrapartida
dinâmica, menos colorida e mais jornalística de Manchete, carro-chefe da mesma
empresa, então ascendendo como concorrente de O Cruzeiro, dos Diários
Associados.
Encontrei-o em 1962 – conhecemo-nos então – quando assumiu a
função de editor-chefe do JORNAL DO BRASIL, com o comando da redação e do
projeto gráfico que se inovara nos anos anteriores a partir do disciplinamento
original construtivista de Amílcar de Castro. Dividia o controle do jornal com
outro profissional, Wilson Figueiredo, indicado por Odylo Costa, filho, da
Assessoria da Light. Estava em curso o processo de cooptação da grande mídia
brasileira para o golpe de Estado de 1964 e a missão de Wilson era justamente
conter a suposta ameaça subversiva dos “idiotas da objetividade” do copy-desk
que eu chefiava.
Coube a Dines apartar uma briga física entre mim e Wilson,
na antiga redação da Avenida Rio Branco.
Quando Dines, afinal, assumiu o controle efetivo da linha
editorial, nos anos difíceis que se seguiram a 1964 – outros grandes jornais, o
Correio da Manhã e o Diário de Notícias, estavam submetidos a garrote econômico
e sofriam perseguição policial – manteve linha cautelosa mas independente, com
episódios antológicos de resistência: a previsão do tempo catastrófica na
edição que noticiou a assinatura do AI-5 e a primeira página só com o texto,
sem título, quando a censura proibiu registrar “em manchete” o golpe e assassinato
de Salvador Allende, presidente do Chile.
Foi a demissão de Alberto Dines do JB, pouco depois, que me
convenceu a investir na vida acadêmica, convencido de que a imprensa
inevitavelmente se tornaria o que é hoje, um sistema publicitário uníssono, sujeito
a meritocracia invertida, com espaço mínimo para o testemunho da realidade.
Tivemos, daí em diante, carreiras paralelas. Ele esteve
Portugal, ajudando a reformular a mídia após os anos de chumbo do salazarismo –
e se houve tão bem que os jornais de lá são bem mais jornalísticos do que os de
cá.
Desenvolveu trabalho importante no magistério, na crítica da
mídia e escreveu dois livros que permanecerão: as biografias de Antônio José da
Silva, o Judeu, dramaturgo nascido em São João de Meriti que modelou o teatro
português pós Gil Vicente, tornou-se conhecido como precursor da modinha e
morreu estrangulado e queimado por ordem da Inquisição, em 1739 (“Vínculos de
Fogo”); e de Stefan Zweig, o incompreendido autor de “Brasil, pais do futuro”
(“Morte do Paraíso”). Deve-se a ele a informação mais pungente sobra a saga dos
judeus portugueses e brasileiros submetidos à impiedade cristã na Era Moderna.
Dines entendia a imparcialidade jornalística como a
contraposição de fatos positivos e negativos. Se escrevesse hoje sobe a
Venezuela, por exemplo, relataria a eleição de Maduro e, no mesmo texto,
mostraria a difícil situação do povo sob o governo bolivariano. Penso, pelo
contrário, que a verdade não depende do equilíbrio dos opostos, mas está no
eixo da oposição que se impõe aos fatos. Em breve, espero, voltarei a discutir
isso com ele.
Foto: Divulgação - Em Buenos Aires,com a equipe do
Observatório da Imprensa, diante da Casa Rosada
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DEPOIMENTOS
Florestan Fernandes Junior, jornalista
“Tive a honra de ser amigo e parceiro de Dines no
Observatório da Imprensa e também no projeto Histórias do Poder, uma série para
a TV que virou livro e ganhou o prêmio Jabuti como melhor projeto gráfico.
Perdi hoje não apenas um amigo querido, mas um mestre que muito me ensinou.
Suas pautas eram verdadeiros tratados de economia, política e cultura.”
Chico Alencar, deputado federal
”Parem as máquinas – por um minuto de silêncio. Perdemos hoje
o jornalista, professor e escritor Alberto Dines. Fundamental para a história
do jornalismo brasileiro, Dines soube unir o estudo, a prática e a crítica
jornalísticas, e foi o 1º grande ombudsman do Brasil. Fará falta.”
Ivana Bentes, professora e pesquisadora
“Adeus, Alberto Dines! Das últimas gerações dos “velhos
homens de imprensa” com uma cabeça jovem, desengessada e aberta ao novo. É
assim que gira a roda: Alguns são anunciadores e realizadores, inventores e
outros se agarram e defendem mundos que já não fazem mais sentido. Se o
jornalismo não defender a vida contra sua financeirização e monetização, se não
estiver aberto ao novo, serve para quê? Manter desigualdades e privilégios.”
Alessandro Molon, deputado federal
“Hoje o Brasil perdeu um exemplo de criatividade,
profissionalismo e luta contra a censura. Um grande jornalista! Que a caminhada
de Alberto Dines continue a nos inspirar na busca por um país melhor.”
José Trajano, jornalista
“Tive o privilégio de, ainda menino, aos 16 anos, tê-lo como
editor-chefe no velho e inesquecível Jornal do Brasil. Educado, sempre
preocupado com a ética jornalística. Bem lembrado. Era tijucano e torcedor do
América.”
Eliomar Coelho, deputado estadual
“Não dá pra falar no jornalismo brasileiro sem falar no
Dines, que passou por diversos veículos, lecionou para estudantes e é autor de
15 livros. Foi um defensor da regulação da mídia brasileira, o que o tornou
referência no debate sobre o tema, motivando a criação do Observatório — canal
de resistência na luta contra o oligopólio midiático que a ausência de
regulação permite que exista no Brasil, onde poucas famílias controlam todos os
veículos e determinam o que devemos saber e como devemos saber.
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"Nos Estados Unidos, o jornalismo investigativo faz
parte do cotidiano. Aqui, é excepcional"
"A reforma de 1956 do JB foi uma das mais importantes
revoluções, não apenas gráficas, mas jornalísticas brasileiras"
Foto: Fotos Laerte Gomes - Reencontro com Sérgio Noronha, ex-secretário de Redação
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JOSÉ ROBERTO ARRUDA
JORNALISTA DE ECONOMIA, ATUOU NO JB DE 1964 A 1970
Rigor na apuração
José Roberto Arruda, 79 anos, lembra no livro “Eterna
Colônia, a Política da Dominação”, que acaba de lançar pela Editora Personal,
uma lição marcante que reflete o rigor e a preocupação com o jornalismo ético
impostos por Alberto Dines no JORNAL DO BRASIL. Ele trabalhou na editoria de
Economia de 1964 a 1970 e recorda que, “jovem repórter do jornal, estava
apurando investigações feitas pelo Ministério da Fazenda sobre remessa ilegal
de dólares ao exterior. Nos dias seguintes à tomada do poder pelos militares a
operação foi montada como forma de repatriar os dólares enviados por
brasileiros que tinham alguma poupança. Socialites, celebridades, empresários,
todos iam depor perante uma Comissão Ministerial que era secreta”. Arruda tinha
bons informantes e garantia furos e primeira página no jornal.
Aí vem o problema. “Um determinado dia, noticiei que o
Embaixador Walter Moreira Salles iria depor na Comissão de Repatriamento de
Capitais. Dines, com a minha matéria em mãos, perguntou se tinha confirmado com
o diplomata e banqueiro a informação”. Disse que não e que minha fonte era
segura, origem de todos os furos de reportagens anteriores e nunca tinha
falhado. Dines voltou a afirmar que não publicaria a matéria porque não achava
possível um Embaixador e dono de banco usando esse expediente”.
Arruda ficou frustrado e foi confirmar com a fonte. Esta disse
que Dines não queria publicar porque o irmão dele estava na lista. Teimoso, foi
falar com o ministro da Fazenda, Octávio Gouveia de Bulhões, que lhe deu a
lista. Lá não estava o Embaixador, mas sim o irmão de Dines. O Editor do JB
publicou a lista na primeiro página. Com seu irmão irmão nela.
Foto: Fotos Laerte Gomes - Com o fotógrafo Prêmio Esso Alberto Jacob
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DEPOIMENTOS
Álvaro Caldas, jornalista
Conheci Alberto Dines no Jornal do Brasil, ainda na primeira
sede da Rio Branco. Entrei como “foca” em 1964, no ano do golpe, e ele era o
então editor-chefe da redação. Saí em 1969 como repórter especial. Dines era um
dos melhores da redação. Exercia o jornalismo com convicção. Para ele, a
atividade jornalística era fundamental. Sempre transmitia a experiência dele.
Deixou sua marca no melhor jornal brasileiro. Trabalhar com ele era o sonho de
todo foca.”
Emília Ferraz, editora-executiva do ‘Sem Censura’
“Trabalhar e conviver com Dines durante 15 anos no
“Observatório da Imprensa” foi o melhor presente que já recebi como
profissional. Alberto Dines era uma referência em jornalismo, qualquer conversa
eu recebia uma aula de história, ética e pacifismo. Tinha uma memória
extraordinária que aprendi a não duvidar depois de perder algumas apostas com
ele. Lembrava de todos que participavam do programa e até do que falavam!”
Manuela D´Ávila, jornalista e deputada
“O jornalismo , que vive uma fase tão difícil, perdeu uma de
suas vozes mais cultas, talentosas e críticas. Como jornalista, me dói
especialmente porque ele foi uma referência importante da minha formação.” João
Barone, músico “Uma perda e tanto, Alberto Dines, um grande lutador da imprensa
livre de nosso país, o grande homem foi, mas a grande obra, fica.”
Juca Kfouri, jornalista
“Sempre o chamei de Albertinho e fiz questão de não tratá-lo
com a reverência que merecia dos mais jovens. Ficam a dor da perda de tão
longe, o carinho e a saudade, para sempre.”
Michel Temer, presidente da República
“O jornalismo brasileiro perde um dos pilares da ética e do
profissionalismo. Alberto Dines passou pelos mais importantes veículos do país
e criou uma geração de jornalistas comprometidos com a correção da informação.
Meus cumprimentos à família.”
Foto: Romildo Guerrante - Numa das pilastras da La Fiorentina,
Alberto Dines confere
sua assinatura para a posteridade
Texto e imagens reproduzidos do site: jb.com.br/cultura
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