Crédito:Jonathan Lins/G1
Publicado originalmente no site da revista Imprensa, em 30/05/2018
Jornalista Audálio Dantas morre aos 88 anos
Redação Portal IMPRENSA
O jornalista e escritor Audálio Dantas, 88 anos, morreu
nesta quarta-feira (30), no Hospital Premiê, em São Paulo, após uma dura
batalha de quase três anos contra o câncer. As informações são dos principais
sites de notícias do país.
Dantas estava internado desde abril para tratar um câncer
que começara no intestino e acabara por atingir o fígado e os pulmões.
Presidente do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São
Paulo entre 1975 e 1978, ele foi um dos responsáveis por denunciar que o
jornalista Vladimir Herzog foi torturado e morto no DOI-CODI --o que
contrariava a versão oficial do governo, de suicídio.
Natural de Tanque D’Arca (AL), Audálio iniciou no jornalismo
em 1954, como repórter do jornal “Folha da Manhã” (atual “Folha de S.Paulo”).
Cinco anos depois, mudou-se para a revista “O Cruzeiro”, onde foi redator e
chefe de reportagem.
Ao longo de sua carreira, Dantas trabalhou em diversas
publicações da Editora Abril, entre elas “Quatro Rodas”, “Veja” e a prestigiada
“Realidade”. Foi chefe de redação da revista “Manchete” e editor da “Nova”.
Filiado ao antigo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), foi eleito deputado
federal pelo partido, em 1978.
Em 1981 recebeu o Prêmio de Defesa dos Direitos Humanos da
ONU por sua atuação em prol da defesa dos direitos humanos. Em 1983, foi
presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj).
Entre outras atividades, ele também foi diretor-executivo da
revista Negócios da Comunicação, da Editora Segmento MC, de junho de 2008 a
dezembro de 2014, quando passou a dedicar-se à produção de eventos culturais.
Lançou diversos livros, entre eles "As duas guerras de
Vlado Herzog", em que conta como o jornalista foi vítima dos nazistas na
Iugoslávia, nos anos 1940, e das forças de repressão da ditadura militar
brasileira.
Em seu blog Balaio do Kotscho, o jornalista Ricardo Kotscho
lamentou a morte do amigo:
30 de Maio de 2018
Morreu o grande jornalista Audálio Dantas, um digno cidadão brasileiro.
Por Ricardo Kotscho
Fiquei sabendo agora pela Thaís, neta dele, que trabalha com
minha filha Mariana, uma notícia muito triste para todos os jornalistas e
cidadãos brasileiros: morreu meu amigo Audálio Dantas, um cara que batalhou
pela vida até o seu último suspiro.
Estive com ele poucos dias atrás num almoço com velhos
amigos no Hospital Premier, onde ele viveu seus últimos dias, com a mesma
dignidade de toda uma longa jornada de lutas, nem sei de quantos anos, porque
até hoje há controvérsias, mas foram muitos, alguma coisa entre 80 e 90.
Trabalhou até onde deu, vivia com muito aperto apenas dos
seus escritos, que lhe garantiam a sua sobrevivência e a da brava e unida
família Dantas, comandada pela guerreira Vanira.
Audálio há tempos sofria de muitos achaques da saúde, um
após outro, mas tenho certeza de que morreu foi mesmo de tristeza, ao ver o que
fizeram do seu país, pelo qual sempre foi muito apaixonado.
Nas nossas últimas conversas, ele já estava desesperançado
de que a nossa geração ainda conseguisse ver o Brasil com que sonhamos a vida
toda, mais justo, mais humano, mais decente.
Sertanejo valente das Alagoas, este brasileiro de muito
talento e firmeza foi um dos protagonistas da passagem da ditadura para a
democracia, quando falar a verdade sobre o assassinato do jornalista Vlado
Herzog nos porões da ditadura era correr risco de vida.
Para quem quiser saber mais sobre a sua história, é só
entrar no Google, porque agora vou ao velório para ver se é verdade que ele
morreu mesmo.
Homens como Audálio Dantas nunca deveriam morrer.
Continuarão vivos na nossa lembrança como exemplo dos brasileiros que não se
vergaram nunca.
Vida que segue para quem fica.
Texto e imagem reproduzidos do site: portalimprensa.com.br
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