Foto reproduzida do site youtube.com e postada pelo blog "Meio Impresso",
para ilustrar o presente artigo
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Texto publicado originalmente no site do Jornal do Brasil, em 22/05/2018
Morre o jornalista Alberto Dines, aos 86 anos
Jornal do Brasil
Faleceu nesta terça-feira (22) Alberto Dines, jornalista,
professor universitário, biógrafo e escritor. A informação foi publicada pela
página do Repórter Brasil, telejornal da TV Brasil, em rede social. Dines
ingressou em 1962 no JORNAL DO BRASIL, onde foi responsável por uma profunda
reformulação que levou o jornal a se consolidar na vanguarda da imprensa
nacional.
O jornalista, diretor do programa Observatório da Imprensa
da TV Brasil, faleceu às 6h no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde
estava internado devido a uma pneumonia. A causa da morte do ex- editor do
JORNAL DO BRASIL foi insuficiência respiratória. A viúva, jornalista Norma
Couri, ainda resolve se o enterro será na capital paulista ou no Rio de
Janeiro.
"É com profunda tristeza que a equipe do Observatório
da Imprensa comunica o falecimento de seu fundador, Alberto Dines (1932-2018),
na manhã de hoje no hospital Albert Einstein, em São Paulo. Estamos preparando
uma edição especial sobre o legado do Mestre Dines a ser publicada em
breve", diz nota do instituto.
Jornalista, professor, biógrafo e escritor ingressou em
janeiro de 1962 no JORNAL DO BRASIL
Alberto Dines nasceu no Rio de Janeiro, então Distrito
Federal, em 19 de fevereiro de 1932, filho de Israel Dines e de Raquel Dines,
ambos de origem judaica. Fez os cursos primário e ginasial em colégios
israelitas do Rio.
Em 1943 teve sua primeira experiência jornalística como um
dos organizadores do boletim estudantil Horta da Vitória, do Ginásio Hebreu
Brasileiro. Cursou o científico no Colégio Andrews.
Iniciou sua carreira em 1952 como crítico de cinema da
revista A Cena Muda. No ano seguinte foi convidado por Nahum Sirotsky para
trabalhar como repórter na recém-fundada revista Visão, cobrindo assuntos
ligados à vida artística, ao teatro e ao cinema. Passou a fazer reportagens políticas,
cobrindo as campanhas de Jânio Quadros para a prefeitura de São Paulo em 1953
e, um ano mais tarde, para o governo do Estado.
Permaneceu na Visão até 1957, quando foi levado por Nahum
Sirotsky para a revista Manchete. Tornou-se assistente de direção e secretário
de redação. Após desentendimentos com Adolpho Bloch, demitiu-se da empresa e
tentou criar, com recursos próprios, uma revista que não chegou a ser editada.
Em 1959 assumiu a direção do segundo caderno do jornal
Última Hora, depois foi diretor da edição matutina e, mais tarde, das duas
edições diárias (matutina e vespertina).
No ano seguinte foi nomeado editor-chefe da recém-criada
revista Fatos e Fotos, tendo colaborado, nessa ocasião, no jornal Tribuna da
Imprensa, então pertencente ao Jornal do Brasil. Em 1960, convidado por João
Calmon, dirigiu o Diário da Noite, dos Diários Associados de Assis
Chateaubriand, convertendo-o em tabloide vespertino. Deixou o jornal, demitido
por Chateaubriand, por não obedecer a ordem de ignorar o sequestro do navio
Santa Maria, em Recife, feito em protesto contra a ditadura de Antônio Salazar
em Portugal.
JORNAL DO BRASIL
Ingressou em janeiro de 1962 no JORNAL DO BRASIL como
editor-chefe, aos 30 anos e dez de profissão. Segundo o diretor Manual
Francisco do Nascimento Brito, com a entrada de Dines, a reformulação do jornal
foi afinal consolidada, pois ele sistematizou as modificações que levaram o JB
a ocupar outra posição na imprensa brasileira.
Em 1963 Dines criou e ocupou a cadeira de jornalismo
comparado na Faculdade de Jornalismo da PUC.
No período fundou, dirigiu e colaborou regularmente com os Cadernos de
Jornalismo e Comunicação do JORNAL DO BRASIL. Em 1965, instituiu a cadeira de
Teoria da Imprensa na PUC, onde lecionou até 1966.
“Tempo negro. Temperatura sufocante" e a capa de
Allende
Foto: Reprodução - Histórica capa do JB, quando o governo baixou o AI5
Quando da promulgação do Ato Institucional Nº 5 (AI-5), em
13 de dezembro de 1968, coordenou a edição da célebre primeira página que se
valeu de recursos como a previsão do tempo – “Tempo negro. Temperatura
sufocante. O ar está irrespirável. O país está sendo varrido por fortes
ventos...” – e de um anúncio no alto da página: “Ontem foi o dia dos
cegos”, como parte de uma estratégia
para denunciar a censura imposta à redação a partir de então, em consequência
da nova ordem política autoritária instalada.
Foto: Reprodução - A 'previsão do tempo'
Convidado para ser paraninfo de uma turma da PUC logo após a
edição do AI-5, fez um discurso criticando a censura e, em consequência, foi
preso em dezembro de 1968 e em janeiro de 1969 e submetido a inquérito. Em 1971,
recebeu o prêmio Maria Moors Cabot da Universidade de Columbia, nos Estados
Unidos.
Foi demitido em 1973 do JB, depois de 12 anos como editor.
No JB, criou o Departamento de Pesquisa, a Editoria de Fotografia, a Agência JB
e os Cadernos de Jornalismo. Um dos episódios que marcaram sua passagem pelo
jornal foi a cobertura da deposição por golpe militar do presidente chileno
Salvador Allende, em 11 de setembro de 1973. Como a censura havia proibido a
publicação de qualquer manchete sobre o assunto, Dines coordenou com o
diagramador Ezio Esperanza a edição de uma primeira página sem manchete.
Foto: Reprodução - Capa do 'JB' sem manchete,
na morte de Salvador Allende
Jornalista, professor, biógrafo e crítico
Em 1974 deixou, depois de 12 anos, a Fatos e Fotos, viajando
para os Estados Unidos, onde foi professor visitante, durante um ano, na
Universidade de Columbia. Retornou em julho de 1975 e assumiu a chefia da
sucursal carioca da Folha de São Paulo, convidado por Cláudio Abramo, diretor
de redação. Em 1980, Dines deixou a Folha de São Paulo, demitido por Boris
Casoy, após escrever um artigo denunciando a repressão do governador Paulo
Maluf à greve do ABC. Colaborou, durante todo esse ano, no semanário O Pasquim,
onde reeditou a coluna Jornal dos jornais. Nesse período, escreveu a biografia
do escritor Stefan Zweig.
Em seguida assumiu o cargo de secretário editorial da
editora Abril, em São Paulo. Como diretor-editorial-adjunto, participou da
criação de revistas com a Exame de Portugal e instituiu os cursos de extensão e
aperfeiçoamento.
Em Lisboa, entre 1988 e 1995, como diretor do grupo Abril em
Portugal e consultor editorial da Sojornal ¾ que edita o maior semanário
português, o Expresso, e o único vespertino do país, A Capital. Foi também
diretor da empresa Jornalistas Associados, que prestava serviços de consultoria
no Brasil e em Portugal. Em 1994 criou em Portugal o Observatório da Imprensa.
Concluiu e editou a biografia de Antônio José da Silva, o Judeu, e o primeiro
volume do livro Vínculos de Fogo.
De volta ao Brasil, em 1994 foi o responsável pela criação
do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo da Unicamp. Passou também a
escrever, entre agosto de 1994 e setembro de 1995, uma coluna de crítica ao
jornalismo na revista Imprensa.
Em abril de 1996, lançou a versão eletrônica do Observatório
da Imprensa, jornal de crítica e debate sobre o jornalismo contemporâneo, que
passou a ter uma edição na TV Educativa do Rio de Janeiro em maio de 1998, e
meses depois passou também a integrar ao vivo a programação da Rádio e
Televisão Cultura de São Paulo.
Voltou ao JORNAL DO BRASIL em outubro de 1998, onde passou a
manter coluna semanal de crítica jornalística. Foi ainda consultor da Grande
Enciclopédia Larousse e colaborador de O Estado de São Paulo e do Observador
Econômico, de São Paulo. Fez estágios em
jornais estrangeiros, como o Daily News e o New York Times, em Nova Iorque; o
Daily Mirror, em Londres; o Paris Match e o Paris Jour, na França. Recebeu o
título de notório saber em História e Jornalismo da Universidade de São Paulo
(USP).
Casou-se pela primeira vez com Ester Rosali Dines, sobrinha
de Adolfo Bloch, com quem teve quatro filhos. E, pela segunda, com a jornalista
Norma Couri.
Publicou Vinte histórias curtas (contos, em co-autoria,
1960), Os idos de março e a queda de abril (co-autoria e organização, 1964), O
mundo depois de Kennedy (1965), Jornalismo sensacionalista (em co-autoria,
1969), Comunicação e jornalismo (1972),Posso? (contos, 1972), O papel do jornal
(1974), E por que não eu? (sátira política, 1979), A imprensa em debate (em co-autoria, 1981), Morte no paraíso - A tragédia de Stefan Zweig
(biografia, 1981), O baú de Abravanel: uma crônica de sete séculos até Silvio
Santos (biografia, 1990), Vínculos de fogo: Antônio José da Silva, o Judeu, e
outras histórias da Inquisição em Portugal e no Brasil(biografia, 1992, volume
1), 20 textos que fizeram história (1992), As transformações da revolução
global e o Brasil (1995), Diários completos do capitão Dreyfuss (organizador,
1995).
Veja o vídeo produzido pelo Observatório da Imprensa em 2012, em homenagem aos 80 anos de Alberto Dines
Texto, fotos e vídeo reproduzidos do site: jb.com.br e youtube.com
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