Jornalista foi vítima de infarto Carlos Macedo/Agencia RBS
Publicado originlamente no site gauchazh.clicrbs, em 10/07/2019
Aos 77 anos, morre o jornalista Paulo Henrique Amorim
Apresentador passou pelas principais emissoras de TV do país
GaúchaZH
O jornalista Paulo Henrique Amorim morreu na madrugada desta
quarta-feira (10), aos 77 anos, no Rio de Janeiro. Ele foi vítima de um infarto
fulminante. O anúncio da morte foi feito pelo programa SP no Ar, da TV Record,
emissora onde o jornalista atuava desde 2003.
Amorim estreou aos 19 anos no jornal A Noite, do Rio de
Janeiro, em 1961. Foi correspondente internacional em Nova York da revista
Realidade e também da Veja. Ainda nos Estados Unidos, trabalhou para a extinta
TV Manchete e, posteriormente, para a Globo.
A experiência na TV fez com que circulasse pelas emissoras
mais importantes do país.
Na Band, apresentou o Jornal da Band e o programa Fogo Cruzado, entre 1996 e 1998.
Na Band, apresentou o Jornal da Band e o programa Fogo Cruzado, entre 1996 e 1998.
Em seguida, foi para a TV Cultura, onde comandou o talk show
Conversa Afiada, que posteriormente também viraria o nome do blog que manteve
até o último dia de vida.
De temperamento forte e opiniões contundentes, Amorim chegou
a ser condenando por injúria e difamação por algumas figuras públicas, como os
jornalistas Merval Pereira e Ali Kamel e o ministro Gilmar Mendes. Nos livros O
Quarto Poder - Uma Outra História (2015) e Manual Inútil da Televisão e Outros
Bichos Curiosos (2016) conta histórias dos bastidores das principais redações
do Brasil e a influência desses veículos nos processos políticos, além das
próprias experiências como jornalista.
Seu último trabalho formal na televisão foi apresentando o
Domingo Espetacular, na Record, onde esteve por 16 anos ininterruptos — até ser
afastado da emissora em junho. De acordo com a coluna do jornalista Daniel
Castro no Uol, o afastamento de Amorim teria ocorrido em razão de suas críticas
ao governo de Jair Bolsonaro no Conversa Afiada. Os últimos textos, publicados
nos dias 9 e 10 de julho, são sobre a liberação de emendas parlamentares de
cerca de R$ 2,6 bilhões por parte do governo federal e o primeiro áudio
divulgado pelo site The Intercept em que aparece a voz do procurador da
Lava-Jato Deltan Dallagnol. A Record negou que o afastamento do jornalista
tivesse motivos políticos. Seu contrato com a emissora se encerraria apenas em
2021.
Colunista do jornal O Globo, Bernardo Mello Franco fez uma
homenagem a Amorim no Twitter lembrado de um momento do jornalista à frente da
TV. "Brasil, 1990. Na cobertura ao vivo do Plano Collor, Joelmir Beting
pergunta se o salário de quem ganhava mais de 50 mil cruzados novos estava bloqueado. Paulo Henrique
Amorim confirma, pega na mão do comentarista e brinca: 'Acho que te dei uma má
notícia'", recordou Franco, publicando o trecho do vídeo citado.
Brasil, 1990. Na cobertura ao vivo do Plano Collor, Joelmir
Beting pergunta se o salário de quem ganhava mais de 50 mil cruzados novos
estava bloqueado. Paulo Henrique Amorim confirma, pega na mão do comentarista e
brinca: “Acho que te dei uma má notícia”
Autor da biografia Marighella - O Guerrilheiro que Incendiou
o Mundo (2012), o jornalista Mário Magalhães, que passou pelas redações de
jornais como O Globo e Folha de S.Paulo, destacou o comportamento audacioso de
Amorim na profissão. "Foi, sobretudo, um jornalista corajoso. Na hora em
que ele parte, num momento tão dramático para o Brasil e o jornalismo
brasileiro, reverencio sua memória com um vídeo dele, de dezembro de 2017, em
defesa da liberdade de expressão", escreveu Magalhães.
— Num país de tantos corruptos, posso explicar cada centavo
da minha renda. Nas redes sociais, num blog, no YouTube, comecei uma renovada
etapa da minha carreira profissional. É como eu se estivesse no início, de
novo. E por causa dela, sou vítima de dezenas de processos judiciais por
supostos delitos de opinião. A Constituição Brasileira não protege jornalistas
independentes como eu e dezenas de outros. Na teoria, a Constituição Brasileira
protege a liberdade de expressão, mas na prática, há uma falha sistêmica —
disse.
Paulo Henrique Amorim foi, sobretudo, um jornalista
corajoso. Na hora em que ele parte, num momento tão dramático para o Brasil e o
jornalismo brasileiro, reverencio sua memória com um vídeo dele, de dezembro de
2017, em defesa da liberdade de expressão.
Paulo Henrique Amorim deixa filha e mulher, a jornalista
Geórgia Pinheiro. Ainda não há informações sobre o velório.
Texto e imagem reproduzidos do site: gauchazh.clicrbs.com.br
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