Cleomar Brandi, jornalista há 32 anos
Publicado originalmente no site do Portal INFONET, em 15 de agosto de 2008
Jornalismo: olhar crítico da realidade
Ser curioso e teimoso. Essas duas qualidades parecem ser
características de uma criança, mas na realidade, são alguns dos principais
pré-requisitos para quem quer seguir a carreira Jornalística. É o que conta o
diretor de Jornalismo da TV pública Aperipê e atuante há 32 anos na área,
Cleomar Brandi. A oferta para esse curso pode ser encontrada na Universidade
Federal de Sergipe ou Universidade Tiradentes.
Para entender a importância do Jornalismo nos tempos de
hoje, basta ver as conseqüências de uma notícia divulgada de maneira
equivocada. Por exemplo, como você reagiria ao recebimento de uma intimação na
sua casa por um nome trocado? Ou no caso de uma acusação de estupro ou
estelionato de qualquer espécie sua família fosse “apedrejada”?
Responsabilidade Social
Jornalismo é muito mais que a habilidade para levar
informação para um determinado público. Na verdade, é o resultado de uma
preparação técnica, e principalmente, ética para conduzir a notícia diante dos
fatos. Para Cleomar, tem elementos fundamentais que compõem o profissional da
área. “É preciso ser crítico, entender o mundo, gostar de ler e tentar trazer
algo diferente que o clichê encontrado nas redações. Tem que ser teimoso para
conseguir uma boa matéria e saber conduzir o impacto social”, diz.
Quanto a não obrigatoriedade do diploma, que é especulada
pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e que afeta negativamente jornalistas,
Cleomar destaca que o principal prejudicado é a sociedade. “Jornalistas e a
sociedade têm que se mobilizar para não deixar isso acontecer. Quem vai ganhar
é o empresariado que vai colocar quem e por quanto quiser. Quem perde, a
população”, ressalta.
A essência para a atividade jornalística
Redação de um jornal impresso Local
Entre as principais categorias para divulgação das notícias
estão: impresso, radiofônico, televisivo e on-line. Em todos eles, há uma mesma
regra quanto aos direitos e deveres do profissional, o que muda é o suporte de
mídia. O jornalista Cleomar Brandi, dá a dica. “Quem não lê, não escreve”,
frisa.
A prática do Jornalismo passa por essa dinâmica de leitura
sempre. Cleomar diz que “é preciso ter acesso a livros para armazenar palavras
e ter um arsenal de pensamentos capazes de expressar uma informação. Ser
crítico diante da realidade”. Para estudantes, matérias teóricas são as mais
indicadas. “Estudar as disciplinas História e Geografia, quando no ingresso
para as faculdades, são as que agregam valor ao conhecimento e dá suporte para
a atividade jornalística”, diz.
A mídia e suas interfaces
Aparelhagem para edição de imagens
Brandi destaca que para cada meio de comunicação há pontos
específicos que caracterizam a prática jornalística. Ele aponta que “no rádio,
o imediatismo das informações e o destaque mágico para as coisas acontecerem
diferente de todos os outros meios de comunicação”.
Quanto ao impresso, “trabalhar mais detalhadamente a matéria
e ver no impresso a raiz da coisa tem seu diferencial”. Já o on line, “a
divulgação das informações de maneira rápida e curta tem que ser destacado nos
tempos modernos”, salienta. Para fechar o rol das atividades, a televisão. “A
TV aponta como um arsenal tecnológico que fascina jovens estudantes de
Jornalismo e passa a ser um dos principais canais de busca de informação pela
sociedade”
A TV não é tudo – O Mercado está a todo vapor
Studio para apresentação no Jornalismo
A televisão, visada por boa parte dos estudantes de
Jornalismo, tem sido cultivada pela sociedade que preza constantemente o valor
pela imagem. O editor de imagens, jornalista Adolfo Sá diz que “uma possível
explicação é a ilusão de aparecer. E a própria sociedade cultiva isso na
função. É uma massagem no ego”. Esse frisson tem refletido na preferência desse
veículo em relação a todos os outros. Brandi diz que “o mercado está carente de
funções específicas de bastidores, como a de produtor, editor e afins”.
O editor Adolfo, que atua no mercado há 3 anos, diz que
repórteres e apresentadores são na verdade o resultado final de uma equipe que
trabalha intensivamente nos bastidores. “Quase 90% dos profissionais, no caso
da Televisão, trabalham sem aparecer na linha de frente. Além disso, não basta
ter uma boa estampa, tem que ter um bom texto e uma postura como
profissional”.
Adolfo: tem que gostar do que faz
Mas tem que ser bom …
Para se manter no mercado, Brandi dá uma dica que é comum a
todas as outras profissões: “você tem que ser bom no que faz”, diz o diretor.
Hoje em dia, no mercado do Jornalismo a pessoa tem que gostar. Em Sergipe, o
piso base pago ao jornalista é de R$ 880,00. O jornalista Adolfo Sá conclui
concordando. “Hoje se faz [Jornalismo] porque é gratificante e prazeroso. Não é
uma atividade atrativa quanto a salários”, finaliza.
Por Karinéia Cruz e Raquel Almeida
Texto e imagens reproduzidos do site: infonet.com.br
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