Publicado originalmente no blog EDUCAÇÃO, HISTÓRIA E POLÍTICA, em 12 de fevereiro de 2021
PARA ONDE VAI A COLUNA SOCIAL? - XLIV
Paulo Brandão
Por Jorge Carvalho do Nascimento *
Paulo Roberto Dantas Brandão é advogado, economista e
jornalista. Neto do jornalista Orlando Dantas, fundador do jornal Gazeta de
Sergipe, Paulo foi repórter, redator, editorialista e diretor do periódico do
seu avô e, após a morte deste último, em 1982, liderou o jornal até o
encerramento das atividades da Gazeta, em 2004.
A partir de 1975 Paulo Brandão, à época estudante do curso de Economia da Universidade Federal de Sergipe, trabalhou na Gazeta, recebendo treinamento como repórter iniciante. O editor do era o jornalista Ivan Valença e Orlando Dantas, diretor geral, entregou a responsabilidade pela preparação do jovem repórter ao jornalista Luiz Antônio Barreto.
De 1975 a 2004 Paulo Brandão esteve atuando no jornal, à exceção do ano de 2000, durante o qual permaneceu afastado em face de conflitos de gestão que viveu com o tio Augusto Dantas e a prima Valéria (filha de Augusto), como ele herdeiros do periódico. Os três divergiam quanto aos rumos da Gazeta desde 1982 quando Orlando Dantas morreu.
Augusto Dantas e Valéria tinham migrado do Rio para Aracaju pouco tempo antes do falecimento do fundador do jornal, em condições descritas pelo próprio Paulo Brandão. “Eles tinham a visão de que tudo aqui eram flores. Achavam que chegariam aqui e logo chamariam Roberto Marinho de colega. Tinham a impressão de que aqui todo mundo vivia nababescamente. Meu tio Augusto durante toda a vida trabalhou no serviço público, em empresas estatais. Ele era da Eletrobrás, depois foi da Companhia Nacional de Álcalis e sempre nesse ambiente de grandes empresas”.
Conforme a descrição de Paulo, o entendimento do tio era o de que vindo para Sergipe, chegando de outro Estado como economista experiente na gestão de grandes empresas estatais, com cursos na CEPAL, tomaria o lugar que sempre fora ocupado por Orlando Dantas. Isto gerou um certo conflito de visão entre os diferentes herdeiros, quanto ao melhor modelo de gestão para o negócio.
Paulo Brandão afirma que o tio nunca havia vivido a realidade da pequena empresa. “Eu lembro que uma vez ele propôs um sistema de controle de estoque. Eu fiz as contas para ele e disse o seguinte: se estiverem roubando de nós alguma coisa que seja até um determinado ponto que a gente possa suportar é mais barato que os custos de manutenção do seu sistema de controle. O sistema é muito bom, mas é para uma empresa de grande porte”.
Após a morte de Orlando Dantas, a cada ano os conflitos entre os gestores da Gazeta de Sergipe se acentuaram. Paulo era o diretor de redação, mas afirma que os outros dois diretores (o tio e a sobrinha) empoderaram o editor Diógenes Brayner que efetivamente comandava a redação, onde a autoridade de Paulo não era reconhecida. A situação ficou muito delicada e Paulo promoveu uma reunião entre todos os herdeiros do jornal e se afastou da gestão da empresa.
Durante o ano de 2000 a responsabilidade de Paulo Brandão na Gazeta de Sergipe era apenas a de escrever diariamente os editoriais. A tarefa era cumprida em casa e ele não necessitava frequentar a sede do jornal. A crise de gestão da Gazeta se aprofundou e em 2001, outra vez reunidos, os herdeiros da empresa familiar optaram pelo afastamento de Augusto e Valéria e entregaram o comando total da empresa a Paulo Brandão.
No seu retorno, Paulo convidou o irmão Ricardo e o jornalista Luiz Antônio Barreto (que também havia se afastado) e juntos compartilharam o comando da Gazeta de Sergipe. Paulo, que havia iniciado suas atividades no jornal como repórter, passou por quase todos os postos da redação e também na gestão administrativa.
Paulo revela que a Gazeta de Sergipe para ele nunca foi uma atividade econômica rentável. “Eu tirava muito pouco da Gazeta. Achava que não ficava bem ter um salário fixo alto se a empresa nem sempre tinha um fluxo de caixa que suportasse. A participação era variável, pequena e eu era sempre o último a receber”. A principal atividade econômica de Paulo Brandão era o seu emprego como economista do Instituto Euvaldo Lodi, da Confederação Nacional da Indústria.
No jornal, dentre outras atividades relevantes, durante alguns anos Paulo foi o jornalista responsável pelo Informe GS, o principal espaço de notas e comentários a respeito da política do periódico. Na última fase da empresa, Paulo Brandão dividiu com o jornalista Luiz Antônio Barreto a responsabilidade pelos editoriais e por uma coluna chamada Tribuna. A coluna fazia observações e analises sobre o cotidiano do Estado de Sergipe.
*Jornalista, professor, doutor em Educação, membro da Academia Sergipana de Letras e presidente da Academia Sergipana de Educação.
Texto e imagem reproduzidos do blog educacaohistoriaepolitica.blogspot.com
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