“Não há apenas um feminismo, mas diversas causas femininas” (Crédito: Arthur Nobre)
Publicado originalmente no site Meio & Mensagem, em 5 de setembro de 2017
O que levou Ana Paula Padrão a assumir a Claudia
Oficialmente como diretora de redação, a jornalista, que
estreia nova temporada do MasterChef Profissionais, fala de sua identificação
com a revista da Editora Abril
Por Luiz Gustavo Pacete
Na manhã da última quarta-feira, 30 de agosto, a jornalista
e apresentadora Ana Paula Padrão reuniu, em São Paulo, dezenas de executivas e
profissionais de marcas e agências. Na ocasião, Ana Paula oficializou sua
chegada à Claudia como diretora de redação. Entre várias novidades apresentadas
por Ana estava o novo posicionamento da revista: #eutenhodireito que, segundo a
própria diretora, busca dar voz e visibilidade aos direitos já conquistados
pelas mulheres.
“Não há apenas um feminismo, mas diversas causas femininas.
Cada mulher pode escolher a sua”, disse Ana Paula durante a apresentação. Em
entrevista ao Meio & Mensagem, ela explica por que aceitou o convite de
Claudia e comenta o desafio de falar a linguagem da mulher moderna que,
atualmente, se vê representada por vários movimentos. Ela também comenta o que
aprendeu conduzindo o MasterChef, cuja nova temporada com cozinheiros
profissionais estreia nesta terça-feira, 5.
Meio & Mensagem – Para qual mulher a Claudia pretende
falar?
Ana Paula Padrão – A mulher brasileira passou por algumas
fases até chegar aqui. No fim dos anos 1990, foi a fase de pressão, onde a
mulher vivia a dupla jornada. Vivia exausta atendendo a agenda do outro. No
começo dos anos 2000, foi uma fase de revisão dos valores que combinavam com
ela, uma conexão com ela mesma. Entender que ela estava exausta de rever tantos
papeis diferentes em sua jornada. Em seguida, vem a fase que eu acho linda, a
das escolhas. Ela passou a optar pela felicidade sem ter que abrir mão de
alguma coisa. Ela não precisava desistir de algo para ter algo. Ela podia se
olhar no espelho e escolher o que a deixava mais feliz. E hoje vivemos o que eu
chamo de fase 4: de afirmação. Ela já fez suas escolhas, Nada a impede de ser
mãe e profissional ao mesmo tempo, nada a impede de assumir sua orientação
sexual, a afirmação racial, casar ou não casar. Ela não vive mais em função da
expectativa do mundo em relação a ela. Você não precisa dizer para a mulher “faça
o que você quiser”. Ela já faz o que ela quer. E, neste contexto, queremos ter
debaixo da hashtag #eutenhodireito um guarda-chuva que represente toda essa
evolução e que seja capaz de reverberar isso em várias plataformas.
“Quando você tem um grau de pulverização de movimentos
femininos que existe no Brasil, hoje, as marcas se perguntam: para qual mulher
eu falo?”
M&M – O que te fez aceitar o convite da revista?
Ana Paula Padrão – Sempre foi um veículo que antecipou ou
corroborou determinados movimentos muito importantes para a história da mulher.
O que precisamos atualmente, é reposicionar Claudia como marca. O conteúdo é
muito bom e muito adequado, mas ela precisa ter a linguagem que as mulheres
falam hoje. Quando falo em reposicionar é dar uma guinadinha neste ponto. E
quando digo linguagem, me refiro, principalmente à questão de plataformas. Para
dar a força de marca à Claudia. Quando eu fui anunciada na Claudia, disse que
para mim era como estar em um lugar seguro. Estudo a história dos movimentos
femininos no Brasil há mais de quinze anos. Esse assunto me apaixona. E, no
contexto dessas discussões, eu enxergo Claudia como uma marca poderosa. Nunca vivemos um movimento de tamanha
pulverização de movimentos femininos e Claudia tem que dar voz a todos eles.
Não é mais questão de plataforma. Ela não é mais uma revista de nicho para
determinado tipo de mulher com tal idade. A gente fala com todas as mulheres,
independentemente da idade ou momento na pirâmide social.
“Não há mais cluster, existem filhas, mães, negras, brancas,
heterossexuais, homossexuais”
M&M – Neste contexto, qual o desafio das marcas?
Ana Paula Padrão – Quando você tem um grau de pulverização
de movimentos femininos que existe no Brasil, hoje, as marcas se perguntam:
para qual mulher eu falo? Para qual mulher eu dirijo meu discurso? Qual mulher
eu quero atingir? Essas perguntas, no entanto, talvez não sejam as mais
importantes e nem tão simples de ser respondidas porque já não existe um canal
único de comunicação para falar com essa mulher. Não é uma questão de cluster,
de idade, cultura, renda, é uma questão de respeitar todas as mulheres.
Vivenciamos uma transformação forte na questão do consumo. O direito de usar o
cabelo, a maquiagem e ser respeitada. Quando eu falo dessa questão do guarda
chuva #eutenhodireito é pensando nisso, de abranger todos os movimentos e
entender a mulher que fez escolhas. Não é um diálogo de Claudia para elas, mas
é o inverso. O anunciante tem o desafio hoje de saber representar os anseios
dessa mulher que sabe que tem direito. E isso precisa ser feito no digital, no
presencial, na revista. Não há mais cluster, existem filhas, mães, negras,
brancas, heterossexuais, homossexuais. E Claudia não é nicho, Claudia é
maioria. Isso, naturalmente, implica vários cuidados.
“O MasterChef é uma experiência que vai além do conteúdo.
Isso me ensinou muita coisa”
M&M – O que o MasterChef agregou a sua carreira?
Ana Paula Padrão – O Masterchef é uma experiência que vai
além do conteúdo. E isso me ensinou muita coisa do ponto de vista pessoal.
Outro aprendizado foi de entender como as plataformas podem trabalhar juntas
para que um produto seja bem-sucedido. Já na primeira temporada entendemos que
as redes sociais seriam uma alavanca muito importante para o programa. Demos as
mãos e desenvolvemos maneiras de conversar com quem estava interessado. Seja a
pessoa sentada na frente da TV, quem quisesse assistir no dia seguinte. Quem
quisesse acompanhar tuitando. A Band foi feliz e muito rápida ao entender esse
papel e sem nenhum tabu. Isso me ensinou muita coisa, hoje eu não consigo
assistir ao programa sem estar na rede social. E isso eu trago para minha
experiência com Claudia. Aprendi a entender o protagonismo do consumidor de
conteúdo seja na TV, na internet, na revista, no digital.
Texto e imagem reproduzidos do site: meioemensagem.com.br
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