Foto reproduzida Facebook/Déborah Pimentel e postada no blog,
para ilustrar o presente artigo
Texto publicado originalmente no Blog Luiz Eduardo Costa, em 28/07/2018
A Curta história de um publicitário e jornalista.
Por Luiz Eduardo Costa
Era,
se não falha a memória, o ano de 1966. Por volta das oito horas, a redação do
Diário de Aracaju apenas começava a funcionar. O jornal era, em Sergipe, um
marco da modernização na forma de fazer o texto jornalístico e no aspecto
gráfico. Pertencia à portentosa cadeia dos Diários Associados, a Globo da
época.
Na
redação, ainda tranquila, entra um jovem com modos educados e vai perguntando:
“O que é aquilo?” Ele apontava para umas berinjelas que estavam sobre a
mesa. Respondida a pergunta, ele recebe
de volta: “E quem é o senhor?”. O curioso aproxima-se, alarga o sorriso e
apresenta-se: “Sou Nazário Ramos Pimentel”. E vai contando a sua vida.
Paraibano, era um pequeno industrial, tinha uma fábrica descaroçadora e
produtora de óleo de arroz em Pão de Açúcar. Faliu. Viera morar em Aracaju,
depois de pagar aos credores, e aqui residia com a mulher e suas duas filhinhas
pequenas. Helena, a esposa, enfermeira, trabalhava num setor federal que
cuidava, e bem, da saúde pública.
Em
pouco tempo estava empregado, após uma conversa com o diretor comercial
Raimundo Luiz da Silva. No outro dia, o paraibano curioso chega com uma pasta e
vai começar o trabalho de vendedor, de publicitário.
Aproximava-se o 31 de março, segundo aniversário da “Revolução
Democrática que Salvou o Brasil do Comunismo” e era preciso comemorá-la
condignamente, ou seja, faturando. Os Diários Associados, criação de Assis
Chateaubriand Bandeira de Melo, um genial sujeito, misto de escroque, de
visionário, de inovador e, também, um generoso filantropo e mecenas.
Pimentel foi ao comandante do 28º BC, mostrou-lhe os seus “propósitos
patrióticos” de exaltar a “revolução salvadora” e dele ganhou um infalível
bilhete de apresentação. Aí, ele começou a levar o bilhete a empresários,
prefeitos, chefes de repartições. Nunca se fez, nem se fará jamais em Sergipe,
um Suplemento Comemorativo tão volumoso. Enquanto Pimentel corria a praça, um
jornalista esgotava adjetivos para exaltar a “gloriosa”, embora isso lhe
causasse discretos engulhos. Sobreviver é preciso.
O
jornal teve de ser rodado em Salvador, a sede regional dos Diários
Associados. O jornalista Odorico
Tavares, o chefe, um intelectual afável, amigo e protetor de poetas e pintores
desvalidos, chamou o seu diretor comercial e lhe passou uma reprimenda, dizendo
que mirasse no exemplo dos sergipanos.
Garantiu-se a folha do Diário por alguns meses. Pimentel e o jornalista que redigiu as
arengas, com as comissões recebidas, compraram, cada, um carro quase novo.
Depois, a história de Pimentel é bem conhecida. Criador de jornais, em
Aracaju e Maceió, de uma emissora de rádio, também na capital alagoana. Montou,
em sociedade com dois outros, então jovens empresários e visionários, e já
ricos, Murilo Dantas e Lauro Menezes, a primeira agência de turismo em Sergipe
e, também, a PPP, uma das primeiras empresas de publicidade em Aracaju.
Pimentel se tornaria hoteleiro. Foi quando a EMSETUR, antevendo o futuro
em Canindé com o início das obras da hidrelétrica, projetou um hotel no ponto
mais aprazível da região. O projeto foi da arquiteta Lúcia Leão, o Estado
entraria com algo em torno de 40 por cento do investimento.
Um
alagoano, Omena, hoteleiro em Aracaju e Maceió, topou a empreitada, iniciou o
hotel e desistiu, pois já havia dúvidas sobre a continuação das obras da
hidrelétrica. Foi aí que Pimentel, numa noite no Parque dos Coqueiros, tomando
o bom uísque do empresário Frederico Meinberg e com o jornalista, dono das
berinjelas do seu primeiro dia na redação do Diário de Aracaju, então na
EMSETUR, topou assumir o hotel. No dia seguinte teve de ser relembrado do
compromisso, mas foi levado ao governador Valadares e logo viajou a Canindé.
Está lá até hoje, no moderno Xingó Parque Hotel, um pioneirismo que deu certo.
Nesse
dia 28 de julho, data em que morreu Lampião, nascia em Campina Grande o menino
Nazário Ramos Pimentel, que, em consequência disso, hoje completa oitenta anos.
Texto reproduzido do site: blogluizeduardocosta.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário