segunda-feira, 6 de maio de 2019

Mino Carta: De Veja à CartaCapital...

Foto reproduzida do blogdealtaneira.com.br e postada pelo blog Meio Impresso, 
para ilustrar a presente entrevista

Publicado no site Vermelho, em 13/05/2013
  
Mino Carta: De Veja à CartaCapital, um olhar sobre comunicação

Aos 80 anos, o homem que comandou a criação da Veja e hoje dirige a CartaCapital não baixa a guarda. Ataca as novas gerações de jornalistas e diz que a grande mídia perdeu o poder de influenciar a opinião pública nacional. Leia a seguir a íntegra da entrevista do jornalista concedida ao jornal O Povo e publicada nesta segunda-feira (13).

O jornalista Mino Carta esconde, involuntariamente, as oito décadas de vida com um entusiasmo quase juvenil na defesa de suas ideias. O mesmo tom agitado que o move nos ataques ao que considera “imbecilização” brasileira contemporânea acompanha sua análise sobre a desperdiçada vocação natural do País para ser um “paraíso terrestre”. Efeito, avalia, da herança da longa escravidão que até hoje mantém vivo entre nós o clima de Casa Grande e Senzala.

O olhar dele sobre o momento nacional é duro, especialmente quando visto sob a ótica do jornalismo e da política. A justiça vai na mesma linha. A conversa é permeada por termos como “imbecil”, “idiota”, “calhorda” acompanhando suas apreciações sobre personagens, públicos ou de sua convivência pessoal, uma ênfase que muitas vezes parece desnecessária diante de um diálogo que o tempo todo flui sob a artilharia verbal de um genovês que vive no Brasil desde 1946.

Confira os trechos principais da conversa com Mino, que aconteceu na manhã do dia 17 de abril deste ano, quando de sua passagem por Fortaleza para lançar o mais novo livro “O Brasil”.

Depois de tudo que o senhor viveu, das experiências boas e ruins que vivenciou, seria jornalista se lhe fosse dada uma segunda chance?
(risos) Não sei, sinceramente, não sei. Vou lhe dizer, com toda sinceridade, que eu não queria ser jornalista, embora sendo neto e filho de jornalista.

O senhor resistiu inicialmente à ideia, então?
É que não era meu objetivo. Eu teria gostado de ser escritor ou pintor.

O senhor diz que não queria, mas acabou sendo jornalista, com sucesso, inclusive. O exemplo mostra que a profissão prescinde da vocação ou é o contrário?
Não, não prescinde, absolutamente. A vocação é absolutamente necessária e começa pelo fato de você ter de lidar com desembaraço com a escrita. Fazendo referência à minha geração de jornalista, quando tínhamos que ter, independente da formação acadêmica, um ótimo conhecimento da língua e precisávamos ter, portanto, leituras frequentes e profundas, texto impecável. Agora, só para completar aquela ideia inicial, não queria ser jornalista, mas acabei sendo jornalista, acabei até, num primeiro movimento, dirigindo uma revista especializada em carros mesmo sem entender nada de carro...

O senhor não dirige, inclusive...
não, não dirijo. No entanto, acabei comandando a revista e foi um sucesso. Era, então, um jornalista a serviço de uma ideia que não era necessariamente a minha. Quando fui trabalhar no Estadão, e fui muito bem tratado, até pelo fato de o meu pai já ter trabalhado lá e ser uma pessoa muito querida. Ele, que morreu apenas dois meses depois que comecei a trabalhar no jornal, era uma pessoa muito querida e eu terminei herdando um pouco essa condição que havia deixado lá após 17 anos. Bom, fui muito bem tratado e tal, mas, evidentemente, as ideias dos senhores Mesquita não batem com as minhas, algo que não me impedia de ser leal no desempenho da minha função. O que realmente mudou a minha visão do jornalismo foi a ditadura, com a chegada da censura. Isso corresponde à minha ida para a revista Veja, que foi submetida a uma censura feroz. Foi quando me dei conta da importância do jornalismo, me dei conta da serventia dele.

Ainda é?
Sem dúvida, claro. O jornalismo é de uma enorme utilidade, no Brasil, então, nem se fala. No Brasil ainda estão de pé as casas grandes e as senzalas, então, contribuir de alguma forma para a demolição delas, algo que não enxergo como uma coisa próxima, me parece ser uma tarefa brilhante, que a mídia brasileira não cumpre.

O senhor entende, então, que o papel da mídia seria fundamental dentro do contexto. Na sua avaliação, os interesses, a carga opinativa, tudo isso está contaminando o noticiário atualmente?
Ah, sem dúvida. Primeiro, inventa-se. O caso do tomate é um exemplo clássico, já que foi uma invenção, uma coisa sem base alguma. O que é grave, pois o jornalista não tem que inventar. Pior ainda é quando você mente, ou, omite. Olha, eu fundei tudo que de mais importante aconteceu nesse Brasil em termos de imprensa nos últimos 40 anos, escrevo um livro e, em qual país do mundo um livro deste seria ignorado pela mídia? Não existe, só aqui! É o único lugar do mundo onde os jornalistas chamam o patrão de colega. Patrão é patrão, jornalista é jornalista. Quando fui trabalhar na Itália, com meus 22 anos, existia uma lei, que até hoje perdura, pela qual o dono não pode ser diretor de Redação. Diretor de Redação pelo direito divino não existe! Só no Brasil!

O que seria diferente, então, na Carta Capital, onde o senhor é dono e diretor de Redação?
(risos) É que a Carta Capital é uma tentativa literal de sobrevida, de sobrevivência. Digo-lhe mais: não tenho interferência alguma na administração da empresa, nenhuma. Faço o meu trabalho, dirijo a Redação. E, claro, ganho meu salário que, comparado ao dos rapazes que dirigem redações por ai, sequer falo do pessoal das televisões, chega a ser ridículo. Trata-se da única coisa que ganho, dividendos nunca vi.

Voltando à questão do livro que está sendo lançado, o senhor diz que há uma deliberada opção da grande mídia por ignorá-lo.

É a realidade dos fatos. Mesmo assim, o livro já chegou à terceira edição, tiragem de dez mil exemplares, passados apenas 45 dias desde o lançamento em São Paulo.

O público não percebe isso? Qual, na avaliação do senhor, é a percepção das pessoas, dos leitores sobre o papel da mídia hoje?
Quanto à chamada classe média, que não é média coisa nenhuma, claro que há influência sobre ela. Quanto ao povo, não! O povo, apesar de tudo isso (em relação ao governo), se a eleição fosse hoje a Dilma (Rousseff) ganharia. Apesar do tomate, apesar dos juros, apesar de tudo, assim como o Lula ganha, e ganhou. Essa mídia não chega ao povo brasileiro, à senzala. A senzala, eventualmente, vê o Faustão, uma coisa do tipo, mas ao “Jornal Nacional” não. Ela não lê o editorial do Estadão, não lê a revista Veja, diferente da classe A, B, que acredita naquilo, repete as mesmas frases. Além de tudo, a ofensa diária contra a língua portuguesa é inominável, as pessoas não sabem falar, orgulham-se de usar 100 palavras, os próprios jornais. É a regra dentro da Folha de S. Paulo, por exemplo: diga tudo com cem palavras. Esta é a situação!

Parece que no Brasil não há espaço para uma mídia que manifeste de maneira mais clara e aberta suas posições. Até pelo fato de, na prática, inexistir direita e esquerda na própria política...
O problema é exatamente este. Temos uma mídia que funciona de um lado só e que se destina, em última análise, a um público muito restrito. Pensemos na imprensa dos países mais democráticos, onde há jornal de direita, de esquerda, de meia-direita, de meia-esquerda, de todas as tendências possíveis representadas na mídia. Isso cria um debate natural. Aqui é tudo de um lado só. Moro num prédio em que sou olhado como um perigosíssimo subversivo!

Por que não existem órgãos com tais características, com posições claras e definidas. É o mercado publicitário que rejeita? É o leitor?
Se a The Economist escolheu a CartaCapital para ser sua parceira no Brasil, escolheu, não em nome de uma identidade, de uma afinidade ideológica, porque temos posições diferentes. A escolha foi em função da seriedade e da qualidade. Eles acham a imprensa brasileira uma tragédia e têm razão. Eles nos escolheram, mesmo que eu não tenha as mesmas posições da The Economist, nem a CartaCapital tenha essas posições. A Economist, por exemplo, pede a demissão de (Guido) Mantega porque mexe com os interesses deles, de quem cujas causas advoga. Se a The Economist fosse brasileira estaria perdida, coitada, porque na Inglaterra distribui 200 mil exemplares, menos do que distribui no Brasil a revista Isto É. Muito menos do que distribui a Época e infinitamente menos do que a Veja. Os publicitários brasileiros aplicam febrilmente, e safadamente, critérios que chamam de técnicos. Nós temos uma revista que tira 70 mil exemplares por edição e, acho, se conseguirmos aplicar um pouco em autopromoção, poderemos sim multiplicar essa tiragem. Mas, qual é o limite extremo? Dobrar a tiragem? Seria sucesso total porque praticamos um vernáculo decente, porque não é fácil ler a CartaCapital. É uma revista séria, embora às vezes se permita lances de ironia. Razão pela qual será lida sempre por um público reduzido, como na Inglaterra, que é um país onde os índices de leitura são superiores aos nossos e você vê que a The Economist distribui 200 mil exemplares.

O mensalão do PT, para o senhor, está recebendo um tratamento diferenciado, da Justiça e da imprensa?
Sejamos honestos, a Justiça foi pressionada violentamente. Não houve isenção alguma e muitas condenações foram injustas.

Quando o senhor fala que a Justiça agiu pressionada pelo noticiário expõe, de qualquer maneira, uma fragilidade que ela não deveria ter, não é?
Claro. Basta olhar para o ministro Luiz Fux para logo concluir que se trata de um imbecil. Há pessoas que trazem no rosto a consistência moral e intelectual, a mostram de uma maneira desabrida. Pensa no caso (Cesare) Battisti e como se portou esse Supremo Tribunal Federal... Coisa grotesca, mostrando uma ignorância das coisas do mundo total.

Um erro, então, que começou dentro do próprio governo Lula.

Total, começa no Tarso Genro e chega ao Lula, que cometeu um erro gravíssimo. Não tem nada a ver comparar Battisti com aqueles nossos poucos, mas certamente corajosos, guerrilheiros. Battisti queria derrubar um Estado de Direito, enquanto os nossos queriam devolver o Brasil a um Estado de Direito. Exatamente o caminho oposto.

O questionamento, me parece, foi à forma como se deu o julgamento dele na Itália.
Imagine, ele teve os melhores juristas italianos. É que os franceses tiveram um idiota que se chamava François Miterrand, inventor de uma lei pela qual quem fosse terrorista encontraria guarida na França. Uma besteira! Além de tudo, ele, Miterrand, era outro hipócrita, um socialista de fancaria, de mentira.

Voltando à questão de sua trajetória como criador de alguns dos principais veículos impressos do País, um marco, sem dúvida, foi a criação da revista Veja..
Sim, mas a minha Veja...

Hoje, o senhor lê a Veja?
Não. Às vezes me divirto olhando a capa e sempre tem quem me informa sobre um editorial, algo assim.

Mudou, em relação à época do senhor, inclusive quanto ao estilo?
É um delírio, um delírio absoluto. Havia um contrato com os Civita, na minha época, no qual constava que eles definiam o tipo de revista que queriam, mas depois seriam leitores da revista. A discussão seria sempre a posteriori, nunca a priori, ou seja, não poderiam influenciar a pauta e coisa e tal. O Victor Civita cumpriu essa cláusula durante todo o tempo, ele tinha sua falta de escrúpulo, eventualmente, mas, ao mesmo tempo, era um fazedor, era um homem de realizações, um empresário dedicado. Quanto aos filhos, um era bastante claro em relação às suas pretensões, mas não se metia, enquanto o outro, o Roberto, era metidíssimo e calhorda.

Com relação à Isto É, outra revista que o senhor criou, qual o sentimento que há ainda hoje?
A Isto É tenta sobreviver, mas a editora Três está carregada de dívidas, uma coisa monstruosa.

Com efeitos sobre a qualidade editorial?
Sem dúvida, sem dúvida, afeta muito. A Isto É tem uma posição ambígua, digamos, não é o delírio da Veja, não é a mesma coisa. Mais próxima da Veja tem a Época, como postura ideológica.

O senhor avalia que o Brasil vive um processo de imbecilização. No que é que consiste isso e, por outro lado, o fenômeno é nosso, nacional, ou tem âmbito mundial?
É um fenômeno mundial, acho, embora aqui seja mais acentuado porque a senzala continua de pé e os moradores da senzala apresentam uma certa diferença, em termos culturais. Nosso povo é especialmente ignorante. Não existem povos melhores ou piores e, lhe digo mais, a tragédia é que o Brasil poderia ser o paraíso terrestre. Acho, sinceramente, porque não existe no mundo um País tão favorecido pela natureza. A nossa elite é culpada, sim, muito culpada, pelo atraso que começa nesse ponto, exatamente, na permanência da Casa Grande e da Senzala, que é a herança de três séculos e meio de escravidão. Uma herança terrível, visível, tangível, você toca nisso diariamente. É doloroso porque o Brasil poderia ser o paraíso terrestre. As nossas circunstâncias históricas sempre foram ruins por causa de uma elite calhorda, prepotente, feroz, vulgar, ignorante, primária. É isso.

Produção literária

"O que realmente mudou minha visão do jornalismo foi a ditadura, com a censura"

No total, já são cinco livros de autoria do escritor Mino Carta. O primeiro deles, “Histórias da Mooca, Com as Bênçãos de San Gennaro”, é de 1982. Depois, na sequência, vieram “O Restaurante Fasano e a Cozinha de Luciano Boseggia”, de 1996,”O Castelo de Âmbar”, de 2000, “A Sombra do Silêncio “, de 2003, e, agora em 2013, “O Brasil”. Como estilo, nos romances, mistura ficção e realidade sem grande esforço para esconder a possível inspiração de muitos dos seus personagens.

Perfil

Demetrio Giuliano Gianni Carta nasceu na cidade italiana de Gênova, em 6 de setembro de 1933, filho de Gianino Carta, jornalista e professor de História da Arte, e de Clara Carta, escritora. Vestia calças curtas quando, em 1946, chegou a São Paulo com os pais. Chegou a cursar Direito da Universidade de São Paulo (USP), mas não concluiu o curso. Dirigiu as equipes de criação da Quatro Rodas (1960), Jornal da Tarde (1966), Veja (1968) e CartaCapital (1994). Foi, ainda, diretor de redação das revistas Senhor (1982), IstoÉ/Senhor (1988) e IstoÉ (1989). O único jornal que ajudou a fundar e não prosperou foi o Jornal da República (1979). É autor dos livros “O Castelo de Âmbar” (2000), “A Sombra do Silêncio” (2003), “Histórias da Mooca, Com as Bênçãos de San Gennaro” (1982), “O Restaurante Fasano e a Cozinha de Luciano Boseggia”, em parceria com Rogério Fasano (1996) e “O Brasil” (2013). Ganhou dois Prêmios Esso de Jornalismo, em 1964 e 1968. Dedica-se também à pintura, desde 1954.

Cerca de 150 pessoas foram ao lançamento do novo livro de Mino Carta em Fortaleza, em abril, no auditório do Centro Cultural Dragão do Mar.

Uma demonstração, para ele, de que o boicote da grande mídia à obra não tem sido suficiente para evitar seu sucesso. A apresentação de “O Brasil” foi feita pelo ex-governador e ex-ministro Ciro Gomes.

O livro “O Brasil” é definido como uma autoficção (mistura de autobiografia com ficção). Nele, o personagem Abukir, alterego de Mino, repassa três décadas da história nacional, da morte de Getúlio Vargas ao fim da ditadura militar. Faz-se uma crítica ao País e ao jornalismo brasileiro, especialmente a partir de sua relação com o poder político.

História de um rompimento

A editora Abril tinha contraído dívidas no exterior e queria consolidá-las no Brasil através de um empréstimo de 50 milhões de dólares (junto à Caixa Econômica Federal). Eu estava muito por dentro da situação porque não somente era diretor de Redação da revista Veja, mas, também, integrava o Conselho Diretor da editora, composto pelo presidente, Victor Civita, pelos dois filhos dele, pelo sócio-minoritário, que se chamava Gordiano Rossi, e pelo genro deste, que funcionava como editor-responsável da editora. O Carlos Rischbieter (presidente da CEF na época) aprovou o pedido, mesmo porque a Abril oferecia garantias que ele considerava tecnicamente perfeitas.

O negócio marchou por várias mesas até chegar à do Armando Falcão, então ministro da Justiça. O partisse desta crise se deu em julho de 1975, quando o Falcão comunicou que o empréstimo não sairia porque a editora Abril produzia uma revista que era inimiga do regime. Tudo isso era discutido abertamente no Conselho e eu fiz a seguinte proposta: seu Victor, eu saio da direção da revista, fico nos bastidores por uns três meses para garantir uma transferência interna de poderes e, por exemplo, a editora me nomeia diretor das sucursais europeias e vou morar em Roma, que tal? Ele, ficou de pensar, conversar com os filhos etc e, uma semana depois, disse que ‘não’. Disse que tudo bem, mas enquanto estivesse lá faria a coisa funcionar da mesma maneira.

Depois, veio o imbecil do filho dele, uma das mais refinadas bestas que conheci na minha vida, o Roberto Civita, e perguntou: ‘por que você não tira férias?’ Ele sugeriu meio ano, mas recusei, lembrando que tinha férias vencidas, três meses etc e tal. Mas, perguntei: saio três meses e vocês vão fazer o quê enquanto eu estiver fora? Vão se esbaldar em porcarias? ‘Não’, disseram eles, ‘vamos assinar um procolo’. O tal protocolo estabelecia, basicamente, que os redatores-chefes, que eram dois, me substituiriam em gênero, número e grau. Outro ponto do protocolo, previa que ninguém seria demitido por razões políticas. Ninguém, nem colaboradores, nem, claro, funcionários. Muito bem, sai no dia 27 de dezembro para um período de três meses de férias, o protocolo foi assinado com validade até 1º de abril. Fui à Europa e, de volta no finzinho de janeiro, o Victor Civita me acha e pede que vá visitá-lo. Fui e ele me disse que o Roberto tinha estado no dia anterior com o Falcão e eu tinha que mandar embora o Plínio Marcos. Disse que não iria mandar embora ninguém, porque existia o protocolo. Ele disse que até o Tratado de Versailles tinha sido jogado no lixo e tal. Respondi que da minha parte não rasgaria nem o Tratado de Versailles e nem o protocolo. Ele insistiu mais e eu peguei um cinzeiro e atirei no peito dele. E fui embora.

Houve antes um encontro com o Roberto Civita que me disse que o Falcão havia pedido minha cabeça. Eu disse: pois é, eu sei, mas, e daí? O que é que você diz? Ele disse ‘não sei, o que é que eu posso dizer?’ Falei, então, estávamos conversando na minha casa, que iria contar até três e se você estiver ainda diante de mim te quebro os dentes. Ele levantou e saiu correndo para dentro do elevador.

Fui ao Falcão, que me disse: ‘Mino, você está nervoso, o que é isso? Tenho uma fazenda em Quixeramobim, com redes entre as árvores frondosas, bate uma brisa ótima, água de coco, vai lá!’ Fiquei até de ir em outra oportunidade, mas perguntei como é que tinha sido a história da Veja. Ele falou que era muito simples: Vem aqui o Roberto Civita, o Victor Civita, o diretor responsável, um tal de Edgar, e dizem que você é o culpado. O próprio diretor da Redação em Brasília, o Pompeu de Souza, diz que você é o culpado, então, o que é que me cabe fazer? Pedir sua cabeça, não é não? Então, disse que tinha entendido tudo, passar bem, maravilha, até logo... Sai dali e pedi aos redatores-chefes que entregassem minha carta de demissão.

Fonte: O Povo

Texto reproduzido do site: vermelho.org.br

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