Nirlando Beirão (Foto: Reprodução Instagram)
Publicado originalmente no site da revista CARTACAPITAL, em 01 de maio de 2020
“Nirlando era um sujeito extraordinário e um texto
impecável”, diz Mino Carta
Por Rodrigo Martins
O diretor de redação de CartaCapital e outros amigos
lamentam a morte de Nirlando Beirão
O jornalista e escritor Nirlando Beirão morreu nesta
quinta-feira 30, aos 71 anos, em decorrência de um infarto. Desde 2016, ele
lutava contra uma esclerose lateral amiotrófica, mas continuou escrevendo para
CartaCapital, onde era editor especial, no comando da seção QI.
Ao longo da carreira, Beirão passou por alguns dos
principais veículos jornalísticos do País, como O Estado de S. Paulo, Veja e
IstoÉ. Iniciou a carreira no Última Hora de Samuel Wainer e chegou a dirigir a
revista Playboy. Foi comentarista de tevê, correspondente internacional e
escreveu vários livros de sucesso, entre eles Corinthians: É Preto no Branco,
escrito em parceria com Washington Olivetto, e Meus Começos e Meu Fim, no qual
narra a batalha contra a doença degenerativa e conta a história do amor secreto
entre seus avós paternos.
“Estou muito abalado e entristecido. Nirlando era muito mais
do que um amigo e um companheiro de trabalho. Além de ser um sujeito
extraordinário, sob todos os pontos de vista, tinha um texto impecável.
Esperava por esse desfecho, mas quando as coisas acontecem você se dá conta do
real significado delas”, afirma Mino Carta, diretor de redação de CartaCapital.
“Conheci Nirlando em 1968. Costumava visitar o Jornal da Tarde para matar a
saudade de uma equipe com a qual tinha me dado muito bem. Ele não tinha
trabalhado comigo lá, era um recém-chegado, que tinha então 19 anos. E eu
fiquei muito impressionado com ele, pela sua verve, pela graça, pela simpatia
natural. Ali nasceu essa amizade que perdurou por 52 anos. Ainda ontem ele
escreveu o seu texto para CartaCapital, a sua despedida, de certa forma.”
O economista Luiz Gonzaga Belluzzo, consultor editorial de
CartaCapital, lamenta não poder comparecer ao velório do amigo em decorrência
da pandemia de coronavírus. “Nirlando
era uma dessas figuras extraordinárias que Minas Gerais produz de tempos em
tempos. Tinha uma inteligência aguçada, um senso de humor raro, um texto
maravilhoso. Não por acaso, na CartaCapital, ele brilhava muito com as suas
páginas de crítica literária”, afirma Belluzzo, ex-presidente do Palmeiras.
“Nos divertíamos muito falando sobre futebol. Ele era torcedor do Atlético
Mineiro, também tinha certas inclinações alvinegras paulistanas, e costumava
brincar muito comigo. O mais triste é não poder se despedir dele.”
Para Hélio Campos Mello, amigo e parceiro de trabalho de
longa data, a morte de Nirlando representa uma “perda brutal” para o
Brasil. “Em um momento marcado por
tantas grosserias, ele era um cara de uma elegância, uma educação a toda prova.
Ele era extremamente inteligente, tinha um texto brilhante e um caráter
exemplar. Fará muita falta hoje, onde essas qualidades são raras”.
O jornalista Juca Kfouri também lamentou o falecimento, em
texto publicado em seu blog. “Gostaria de escrever que alguém como ele não tem
fim, mas a tristeza, ao perdê-lo, aos 71 anos, impede. E sou capaz de ouvi-lo
dizer com delicadeza: ‘Pare por aqui’, está ficando piegas. Uma desgraça.”
Texto e imagem reproduzidos do site: cartacapital.com.br
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