Morre no Rio, aos 91 anos, o escritor e jornalista Murilo
Melo Filho
Publicado originalmente no site do Portal G1 GLOBO, em 27 de
maio de 2020
Murilo Melo Filho, membro da ABL, morre no Rio aos 91 anos
Escritor foi vítima de falência múltipla de órgãos.
Por G1 Rio
Morreu nesta quarta-feira (27), aos 91 anos, o escritor e jornalista
Murilo Melo Filho, membro da Academia Brasileira de Letras.
Segundo a ABL, Murilo Melo Filho morreu de manhã no Hospital
Pró-Cardíaco, vítima de falência múltipla de órgãos. O sepultamento será no
mausoléu da Academia Brasileira de Letras. Diante da recomendação de se evitar
reuniões e aglomerações por conta do coronavírus, não haverá velório.
“Murilo Melo Filho foi um dos grandes jornalistas
brasileiros da segunda metade do século XX. Acompanhou de perto a política
nacional, a construção de Brasília e a guerra do Vietnã. Conheceu inúmeros
chefes de Estado, a quem dedicou páginas antológicas, dos mais variados
espectros políticos. Foi também um acadêmico exemplar, assíduo, com a
disposição de emprestar seu talento aos mais diversos cargos e serviços na
Academia. Guardo a imagem de um homem bom, de uma alta sensibilidade humana,
voltada sobretudo para os mais vulneráveis e desprovidos. Um momento de
tristeza.”, afirmou o Presidente da ABL, Acadêmico Marco Lucchesi.
Trajetória
Murilo Melo Filho nasceu em Natal no dia 13 de outubro de
1928 e foi o mais velho de sete irmãos. Já aos 12 anos de idade começou a
trabalhar no Diário de Natal, com Djalma Maranhão, escrevendo um comentário
esportivo. Posteriormente passou por outras publicações da região.
Aos 18 anos, veio para o Rio, onde estudou no Colégio Melo e
Souza e foi aprovado em concursos públicos para datilógrafo do IBGE e do
Ministério da Marinha, ingressando a seguir no Correio da Noite, como repórter
de polícia.
Trabalhou também na Tribuna da Imprensa, com Carlos Lacerda;
no Jornal do Commercio, com Elmano Cardim, San Thiago Dantas e Assis
Chateaubriand; no Estado de S. Paulo, com Júlio de Mesquita Filho e Prudente de
Moraes Neto; e na Manchete, com Adolpho Bloch.
Estudou na Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro e na Universidade do Rio de Janeiro, pela qual se formou em Direito.
Chegou a advogar durante sete anos.
Como repórter free-lancer, entrou para a Manchete, criando a
seção "Posto de Escuta", que escreveu durante 40 anos. Nessa mesma
época, dirigiu e apresentou na TV-Rio, com Bony, Walter Clark e Péricles do
Amaral, o programa político Congresso em Revista, que ficou no ar
ininterruptamente durante sete anos, sendo a princípio produzido e apresentado
no Rio e, depois, em Brasília.
Viveu em Brasília de 1960 a 1965, que testemunhou em
centenas de reportagens. Construiu ali a sede de Bloch Editores e da Manchete e
foi, a convite de Darcy Ribeiro e de Pompeu de Souza, professor de Técnica de
Jornalismo na Universidade de Brasília.
Em trabalhos jornalísticos, acompanhou os ex-presidentes
Juscelino Kubitschek a Portugal; Jânio Quadros a Cuba; João Goulart aos Estados
Unidos, ao México e Chile; Ernesto Geisel à Inglaterra e à França; e José
Sarney a Portugal e aos Estados Unidos.
Cobriu a Guerra do Vietnã, com o fotógrafo Gervásio
Baptista, em 1967, e foi o primeiro jornalista brasileiro a cobrir a Guerra do
Camboja, com o fotógrafo Antônio Rudge, em 1973, tendo chegado a Saigon e
Phnom-Penh, via Tóquio.
Sexto ocupante da Cadeira nº 20 da ABL, foi eleito em 25 de
março de 1999, na sucessão de Aurélio de Lyra Tavares e recebido em 7 de junho
de 1999 pelo Acadêmico Arnaldo Niskier.
Texto reproduzido do site: g1.globo.com
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